por Alexander Konstantonis
Autocosmos.com/México
Exclusivo no Brasil para Auto Press
A tecnologia ePower é o próximo passo lógico da Nissan no campo elétrico. Embora não seja a mais recente tecnologia em desenvolvimento nem é a mais sofisticada criada pela engenharia da marca, é a mais viável. E por isso mesmo tem um cronograma de expansão em diversos mercados. A versão ePower acaba de chegar ao México a bordo do Kicks e já está definida a chegada da tecnologia no mercado brasileiro em 2023, muito provavelmente como uma configuração topo de gama do SUV compacto produzido no Brasil.
O que torna a motorização ePower tão viável é seu custo. Por exemplo: o Nissan Leaf, já vendido no Brasil, um veículo 100% elétrico que foi projetado do zero com uma aparência completamente diferente e diferenciando para que todos percebessem que era um veículo com uma nova proposta automotiva. Esta exclusividade forçou a Nissan a investir muitos recursos humanos e financeiros e custou ainda muito tempo de desenvolvimento. Já a adaptação de tecnologias menos sofisticadas a veículos já desenvolvidos e testados é bem menos custoso. Além disso, o item mais caro em um veículo eletrificado é justamente a bateria, que no Leaf vendido por aqui é mais de 20 vezes maior que no sistema ePower.
O Nissan Kicks dotado da tecnologia ePower tem exatamente as mesmas dimensões e aparência que o Kicks assumiu a partir de 2021, no face-lift meia-vida do modelo. São 4,30 metros de comprimento, 1,96 m de largura total, 1,62 de altura e entre-eixos de 2,62 m. O peso dessa versão eletrificada, porém, vai bem acima da configuração com motorização convencional, com motor endotérmico. São 1.366 kg contra 1.139 kg da top de linha Exclusive. Ou 225 kg a mais.
Isso ocorre porque a tecnologia ePower adiciona uma série de componentes ao modelo. O sistema oferece uma propulsão 100% elétrica, a partir de um motor síncrono fabricado pela própria Nissan, chamado de EM57, que rende 134 cv de potência e torque de 28,7 kgfm. Ele é acoplado a um câmbio que transfere a força para a rodas dianteira com uma única velocidade e com sistema de reversão para ré. Somente este motor tem acesso às rodas e ele é alimentado por uma bateria de íons de lítio fabricada pela Panasonic que tem 96 células e totaliza 2,13 kW.
Esta bateria é alimentada por um gerador que está a bordo do veículo. Ou seja, não é precisa conectá-la a um carregador externo ou à rede elétrica. Este gerador é, na verdade, um pequeno motor Nissan a combustão interna movido a gasolina, chamado HR12DE, que rende 80,5 cv e 10,5 kgfm. Trata-se de um propulsor 1.2 litro tricilíndrico cuja a única função é gerar energia para carregar a bateria – lógica semelhante à usada no Chevrolet Volt, em 2010. Ou seja: o motor térmico nunca interage com a mobilidade pois não está conectado por qualquer dispositivo mecânico. Na função de gerador, o motor térmico pode funcionar sempre de forma otimizada para poupar combustível. No caso, o Kicks ePower obtém uma média de 22 km/l, pode rodar até 900 km com um tanque e ele gera 60% menos emissões que um Kicks normal.
Impressões ao dirigir
Diferenças fundamentais
Atrás do volante do Kicks ePower, as coisas são basicamente as mesmas que em um Kicks com motor endotérmico. Muda o seletor de marchas, que em vez de uma alavanca, traz um pequeno joystick. Selecionada a posição D e com uma pequena pressão no acelerador, o movimento é imediato e vigoroso, mas sem emitir qualquer som – como é de se esperar em um veículo elétrico. A imediata reação à aceleração é explicada pelo fato do mais de 28 kgfm de torque ser disponível permanentemente.
Esta versão oferece vários modos de condução para torná-lo ainda mais pessoal e eficiente. Vai do modo Eco, que otimiza a eficiência, ao modo Sport, que priorizar o desempenho. Quando a bateria está totalmente carregada, é possível conduzir a até 80 km/h com o motor gerador completamente desligado.
Com costuma ocorrer em modelos elétricos, é possível frear sem toca no pedal de freio. Isso porque quando se alivia o acelerador, o movimento do carro passa a alimentar a bateria. Para intensificar essa regeneração de energia, o motor passa a impor uma certa resistência ao movimento, que reduz a velocidade. Quando mais intensa for essa redução, maior será a recarga da bateria. Assim, ao dirigir fazendo frenagem de forma antecipada, o uso do pedal de freio torna-se menos frequente. Basta tirar o pé do acelerador para reduzir drasticamente a velocidade – nessa situação, a luz de freio, inclusive, é acesa.
O Kicks é um dos primeiros veículos generalistas de produção em massa que aposta nesse tipo de tecnologia que vai além da hibridização e eletrificação. A oferta dessas novas tecnologias em segmentos mais baratos do mercado vai permitir à Nissan alcançar uma penetração mais rápida no mercado.