Nome emblemático da música brega brasileira e considerado o "rei do bolero", Lindomar Castilho morreu aos 85 anos. A trajetória do artista ficou marcada por um crime brutal: ele assassinou a segunda esposa, a cantora Eliane de Grammont (1955-1981).
A morte foi anunciada por Lili De Grammont, filha do artista, em uma publicação no Instagram neste sábado (20).
"Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo", começou ela.
"E, ao tirar a vida da minha mãe, também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira", refletiu.
Se eu perdoei? Essa resposta não é simples como um sim ou não, ela envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução
"O que fica é: Somos finitos, nem melhores e nem piores do que o outro, não somos donos de nada e nem de ninguém, somos seres inacabados, que precisamos olhar pra dentro e buscar nosso melhor, estar perto de pessoas que nos ajudem a trazer a beleza pra fora e isso inclui aceitarmos nossa vulnerabilidade", continuou Lili.
"Diante de tudo isso, desejo que a alma dele se cure, que sua masculinidade tóxica tenha sido transformada. Pai, tudo é fugaz, não somos donos de nada e nem de ninguém. O que fica é a essência! O que fica é o religar, das almas que se conectam. O poder exige responsabilidade. Escolha sua melhor parte! Somos luz e sombra, tenha coragem de escolher sua luz", escreveu.
Crime
A carreira de Lindomar foi brutalmente interrompida na madrugada de 30 de março de 1981. Motivado por ciúmes excessivos e inconformado com a separação, o cantor invadiu o Café Belle Époque, na capital paulista, onde sua ex-esposa, a também cantora Eliane de Grammont, se apresentava.
Armado, Lindomar disparou contra o palco, atingindo Eliane no peito. A artista, que tinha apenas 26 anos, não resistiu. O cantor também feriu o violonista Carlos Randall, seu primo, que acompanhava Eliane no show.
O julgamento de Lindomar Castilho tornou-se um marco jurídico e social no Brasil. A defesa chegou a evocar a tese da “legítima defesa da honra” — argumento jurídico arcaico utilizado para justificar feminicídios, hoje inconstitucional. Condenado a 12 anos de prisão, o caso mobilizou movimentos feministas e levantou debates acalorados sobre a violência doméstica no país.
Lindomar cumpriu parte da pena em regime fechado e obteve a liberdade condicional no final da década de 1980, saindo definitivamente da prisão nos anos 90.
Durante o cárcere, chegou a gravar um disco intitulado “Muralhas da Solidão”.
Cantor que assassinou a esposa nos anos 1980, Lindomar Castilho morre aos 85 anos










