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Esporte Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2020, 00:00 - A | A

13 de Janeiro de 2020, 00h:00 - A | A

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Herói da Ponte na Copa SP recolhia sucata de madrugada



Heitor Esmeriz 
Globo Esporte

Quando Caio Monteiro defendeu três pênaltis para a Ponte Preta contra o Santos, pela segunda fase da Copa São Paulo de Futebol Júnior, no sábado, Dona Samia, mãe do goleiro, poderia muito bem ter dito a célebre frase: "Eu já sabia". 
Ela tinha todo o direito de ficar orgulhosa não apenas pelo sucesso do filho, mas também de uma escolha que fez lá atrás. A jovem promessa alvinegra, de 18 anos, só veste luvas devido a uma exigência da mãe quando Caio entrou para um projeto social, aos 13 anos.
- Comecei em um projeto chamado Bola do Futuro, em Barueri. Tinha de pagar R$ 60 por mês, e minha mãe disse que só pagaria para mim se eu fosse no gol. Eu não gostava de ir no gol, porque sempre ficava tomando bolada, não era legal. Mas mesmo assim eu aceitei por que via uma oportunidade de fazer o que amava, que era jogar futebol. Foi aí que comecei a treinar no gol. Aos poucos fui me interessando mais e hoje sou apaixonado pela posição - lembra o goleiro.
Mas encarar as boladas nos treinos era a menor das dificuldades que Caio passou no início da trajetória no futebol. De família simples, ele estudava à tarde, ia andando sozinho para os treinos, já quase de noite, voltava para casa por volta das 22 horas e ainda ajudava o pai Lourival durante a madrugada recolhendo sucata pelas ruas de São Paulo.
- Meus pais tinham um depósito de materiais usados, mas não estava vendendo muito bem. Eu, além de treinar e estudar, trabalhava com meu pai no depósito, instalando portões, fazendo telhados metálicos e carregando sucata. Vou dizer que foi uma das melhores experiências que eu tive com meu velho. Ele me ensinou a ser forte com o trabalho. A gente carregava sucata em todo o canto de São Paulo e voltava para casa três, quatro horas da manhã.

O depósito de materiais usados ainda tem uma importância extra na vida profissional de Caio. Foi a partir de um cliente do pai que as oportunidades começaram a surgir para ele:

- O Levy um dia foi comprar uns ferros no depósito do meu pai, e eles foram juntos entregar em Osasco. No caminho, passaram em frente onde eu treinava e meu pai disse que eu jogava lá, era goleiro, tinha 13 anos. O Levy não acreditou e foi assistir a um treino. Viu eu pulando sem medo e dando a vida no terrão. E resolveu me ajudar e fez eu treinar com um preparador de goleiros no centro de São Paulo. Eu via que ele acreditava muito em mim e com a ajuda dele e dos meus pais, que se sacrificaram muito, mesmo não tendo muitas condições, cheguei até aqui.
Caio está na Ponte desde o fim de 2017 (antes jogava pelo Audax Osasco) e tem contrato até 26 de fevereiro de 2021. 

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