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Esporte Quinta-feira, 12 de Julho de 2018, 00:00 - A | A

12 de Julho de 2018, 00h:00 - A | A

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O futebol não voltará para casa, mas Copa deixa legado na autoestima da Inglaterra

Globo esporte - Amanda Kestelman, Martin Fernandez e Thiago Dias, Moscou, Rússia - foto GRIGORY DUKO



O chute cruzado de Mandzukic ainda ficará por muito tempo na memória dos ingleses. A taça material, a estrela na camisa, a glória, terão que esperar mais (já são 52 anos). Contrariando a música que voltou a ser hit, o futebol não voltará para casa. Porém, o lance que colocou fim ao sonho do título não enterra outra conquista considerável: o retorno da autoestima.

A seleção da Inglaterra deixa a Rússia grande de novo, renovada por uma equipe jovem, que chegará mais cascuda em pelo menos mais duas Copas do Mundo.

 

O nome de Gareth Southgate precisa ser valorizado. A bola parada foi sua arma fundamental para sua seleção chegar até a semifinal após 28 anos. Mas seria injusto citar apenas isso. O trabalho do ex-jogador expôs um time bem ensaiado e montado.

Em campo, conseguiu ter, em boa parte dos jogos, uma marcação consistente e conseguiu aprimorar ao longo da Copa suas jogadas ofensivas, trabalhando com lançamentos mais precisos. Mas talvez o fundamental não tenha sido a montagem ou a forma organizada que a equipe jogou.

Treinador ''corajoso'' caiu de paraquedas e renovou time

Apesar de ajudar a ter ajudado na lapidação de talentos nas categorias de base, Southgate não tinha um destaque em termos de resultados. Mesmo assim, a vaga de técnico do time principal ''caiu em seu colo'' quando Sam Allardyce foi afastado pelo envolvimento em um esquema que burlava regras de transferências no país. Apesar da pouca experiência, tomou decisões cruciais.

Matou no peito o desafio e promoveu, sem medo, uma renovação no futebol inglês. Não por acaso, o time na Rússia não tem medalhões e anota média de 25 anos. Apenas três jogadores do grupo nasceram antes de 1990. Após a eliminação, o treinador reconheceu que é preciso lapidação, mas que boa parte deste caminho foi percorrido na campanha surpreendente na Rússia.

- Eu não poderia estar mais orgulhoso deste time. Os jogadores terminaram esgotados. Mas isso também faz parte da experiência. Eles também vão evoluir fisicamente. Croácia tomou boas decisões, com jogadores acostumados a este tipo de situação. Nossos jogadores vão ter mais experiência, vão passar por isso e vão crescer. Os times que ganham não cruzam a linha de chegada na primeira tentativa. Vamos ter um time mais forte - analisou, tranquilo, o técnico inglês.

Um dos comentaristas mais respeitados na Inglaterra atualmente, o ex-jogador Gary Lineker fez questão de exaltar os feitos da geração jovem comandada por Southgate.

- Este time jovem deu absolutamente tudo. É um grande passo em frente, e eles vão apenas melhorar no futuro. Eles podem manter a cabeça erguida, deixaram o nosso país orgulhoso - escreveu.

Deboche para a autoestima retomada

É preciso citar. O próprio hit chiclete dos britânicos, ''Football is coming home'' (Futebol está voltando para casa), é famoso pela ironia e teve participação de comediantes em sua criação há 20 anos. A letra lembra os traumas e as dores do futebol inglês, que não vence a Copa desde 1966.

O país andava para lá de desacreditado. Os sempre euforicos torcedores britânicos não se empolgaram antes do Mundial - não por acaso, só apareceram em peso na Rússia durante a semifinal. Por mais que não tenha vencido um dos grandes favoritos da Copa, o time de Kane e cia resgatou a confiança da Inglaterra. E esse legado também é valorizado pelo técnico.

- Um time inexperiente como o nosso tem que passar por coisas assim para ficar melhor. Até virar um time vencedor, precisa passar por barreiras como as que enfrentamos nas últimas semanas. É preciso reconhecer que seria uma ótima oportunidade para nós. Mas queremos ser um time que vai chegar em semifinais, finais, quartas-de-final. Provamos que é possível. Provamos para nós mesmos e para o nosso país. Agora temos um novo nível de expectativa. Eles ainda vão ficar mais experientes no nível internacional. Eu não poderia estar mais orgulhoso do que eles fizeram.

 

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