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Nacional Domingo, 29 de Outubro de 2017, 00:00 - A | A

29 de Outubro de 2017, 00h:00 - A | A

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Críticas de Gilmar Mendes são 'cortina de fumaça', diz Janot



Rodrigo Janot, ex-procurador-geral da República, disse na noite deste sábado, 28, que as críticas dirigidas a ele pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes são uma “cortina de fumaça” para “esconder” algo que ele não consegue identificar. “Ninguém tem essa capacidade de odiar gratuitamente a várias pessoas a não ser que tenha algum problema, né, de saúde”, afirmou em palestra na Universidade Georgetown, em Washington.

 

Segundo Janot, os ataques de Gilmar não se limitam a ele, mas são dirigidos a “várias pessoas”. O procurador se recusou a falar com a imprensa depois de seu pronunciamento e não respondeu a perguntas sobre o que ministro do STF tentaria ocultar. Mas deixou claro em sua palestra que se sente liberado para responder às críticas. “Antes eu não podia falar. Agora eu posso, né?”

As declarações foram dadas em evento promovido por estudantes brasileiros nos Estados Unidos. A plateia aplaudiu de pé quando Janot refutou os ataques de Gilmar com a expressão “eu não sei qual é o problema desse senhor”.

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Também houve aplausos quando o ex-procurador-geral da República se referiu à ao acordo de delação premiada fechado com Joesley Batista, dono da JBS, e à decisão de rescindi-lo. Janot disse que o empresário o procurou e afirmou ter provas de que o presidente da República e um senador (Aécio Neves) eram responsáveis por crimes em curso –e não cometidos no passado. Para confirmar sua alegação, apresentou trecho das conversas que havia gravado. “Ou eu permitia que o crime continuasse ocorrendo ou tentava cessar esse crime. E o crime em curso não era bolinho, não”, declarou Janot.

A anulação do acordo foi provocada em parte pela “compulsão” dos Batista “em gravar tudo”, observou. “Eles fizeram em determinado momento uma autogravação, tentaram apagar esses áudios dos aparelhos que foram entregues à Polícia Federal e a Polícia conseguiu recuperar esses áudios. Com base neles, a gente viu que a confiança para a manutenção do acordo não perdurava, eles continuavam praticando crimes”, lembrou. “Fiz um pedido de rescisão do acordo e eles estão presos”, afirmou, sob aplausos. “A esperteza derrubou o esperto, e o esperto hoje responde pelos crimes que praticou.”

Janot disse que o grande desafio no Brasil hoje é não permitir que haja retrocesso nas investigações de irregularidades. “Temos que manter o combate à corrupção na luz. A luz é o melhor desinfetante.”

Os casos recentes de censura ou tentativas de censura de manifestações artísticas foram apresentados por ele como tentativas de “tirar o foco” do combate à corrupção. “Tivemos grandes exposições de arte no Brasil fechadas. Policiais tirando obras de galerias. Artistas sendo intimados a depor no Parlamento, juízes proibindo a realização de peças teatrais, sequestro de obras, prefeitos das duas maiores cidades do Brasil se posicionando publicamente contra exposições, proibindo-as de serem realizadas em seus museus públicos, proposta de edição de uma lei para proibir alguns conteúdos artísticos e tipificar como crime esse conteúdo”, observou. “Isso são formas insidiosas que hoje se colocam para tirar o foco no Brasil.” 

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