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Opinião Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2024, 10:04 - A | A

26 de Janeiro de 2024, 10h:04 - A | A

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Cidade que não tem plano sustentável de desenvolvimento

A gestão teria que ter a capacidade de entender o momento e elaborar um plano para nortear o crescimento da cidade



José Vieira do Nascimento

Ouvi em uma entrevista uma frase de um jovem prefeito da região, que coincide com a ideia que tenho para a gestão pública. Nas palavras dele, uma cidade que está em crescimento, recebendo aportes do setor privado, a gestão municipal tem que ter a capacidade de entender o momento econômico e elaborar um plano de metas para nortear seu crescimento. E assim, em ambos os setores, haverá um processo simultâneo da estruturação urbana e desenvolvimento sustentável.
Com minha curiosidade de repórter, entrei em contato com este gestor e pedi-lhe que detalhasse a mensagem de sua fala. Na resposta, disse-me que várias cidades do norte mato-grossense estão geograficamente situadas em uma região que está em ritmo acelerado de crescimento, com obras estruturantes do governo estadual, investimentos privados e instalação de novas empresas.
É previsível, portanto, que os próximos anos serão de grande crescimento. Diante disto, tem-se a necessidade da construção de uma agenda para as obras seguirem um planejamento contínuo, avançando sua infraestrutura, tornando-a uma cidade mais bonita a cada obra e ofertando qualidade de vida para a população.
Entretanto, se o prefeito for medíocre, ou sem compromisso coletivo e for fazendo obras aleatórias, promovendo crescimento desordenado, a princípio, se refletirão em resultados imediatos, mas que não se convergirão na construção de uma cidade sustentável e progressista.
Citando exemplos, disse-me que Matupá, Lucas, Sinop e Sorriso não são cidades bonitas, por mero acaso e apenas por ter um alto orçamento. Se tem projetos urbanísticos modernos, ruas e avenidas duplicadas, com pistas de caminhada, lagos, parques e qualidade de vida para a população, é porque os gestores trabalharam norteados por planejamentos, investindo os recursos públicos com uma visão futurista. E não apenas de forma atropelada e eleitoreira.
O progresso de uma cidade atrai gente [e isto já sou eu quem estou dizendo] que vêm em busca de oportunidades, ou trazidas pelas empresas que se instalam. A população cresce e o papel do gestor eficiente e empreendedor é suprir as demandas, aumentar as vagas nas escolas, criar habitação popular e um sistema de saúde que funcione.

lta Floresta é um exemplo de cidade que está em um bom ritmo de crescimento, atraindo a atenção de muitas empresas e investidores. Passa por um momento especial, favorecida pela expansão da logística, através dos investimentos do governo estadual nas rodovias que interligam as regiões extremas de Mato Grosso à BR-163.
No entanto, no que tange a gestão pública, a cidade segue engessada, não há planejamento, projeto urbanístico para desprovincializar o seu desenvolvimento e a tornar uma cidade moderna, bonita e sustentável para usufruto da população.

Infelizmente Alta Floresta perdeu o ‘timing’ ao longo de sua história. Há 10 anos os gestores municipais deveriam ter sido capazes de ter a percepção que este momento chegaria

[gestor público de perfil empreendedor, trabalha com dados, estudos e projeções]. Mas não o fizeram e a cidade segue sem um norte balístico. Se tem um Plano Diretor, suas diretrizes não estão sendo seguidas pela gestão pública municipal. Não é por acaso que não há sequer uma interseção na entrada da cidade.
Desde a gestão anterior, ouve-se os prefeitos alardearem o crescimento do município, falar do progresso. Querem apenas pegar carona na onda de crescimento. Mas não se atentam, mormente, para investimentos elementares nas áreas essenciais como saúde, habitação popular e Educação.
Em 2023, conforme o Conselho Municipal de Educação de Alta Floresta, mais de 300 crianças estavam na fila de espera, porque faltavam vagas nas creches. Educação geralmente é prioridade nas gestões. Em Alta Floresta, profissionais da Educação são perseguidos, como foi o caso de uma diretora de escola municipal que, injustamente, foi submetida a um processo disciplinar, tentando culpá-la pelo incêndio que aconteceu na instalação elétrica do prédio, que havia sido reformado.
Sem contar as obras de escolas municipais iniciadas há cerca de 3 anos e que estão paralisadas. E a reclamação de professores que afirmam que não estão recebendo o piso Nacional da Educação.
Na habitação, há um projeto de casas populares emperrado há cerca de 15 anos e que já serviu para eleger certos candidatos a vereadores em diversas eleições. E o um sistema de Saúde municipal precário.
O município tem enorme potencial de crescimento. A população de Alta Floresta irá dobrar nos próximos 20 anos, podendo chegar a 100 mil pessoas em 10 anos, impulsionada pela mudança no perfil da logística regional, que continuará atrativa para investimentos, e na matriz econômica com base na produção de grãos, além dos bons indicadores para o segmento de turismo.
Entretanto, o atraso de Alta Floresta em infraestrutura urbana, com relação a outras de cidades referenciais, é de 20 anos. Um cenário que resultada de gestões medíocres ou desprovidas de sentimentos republicanos.
Tempo perdido não se recupera! Mas tem-se que começar a pensar a cidade para daqui há 20 anos. Olhar o presente vislumbrando o futuro. E sociedade que se diz organizada, deve se atentar, agora, para a construção de uma agenda da cidade que queremos ter!
E não apenas isto. Mas para prevenção aos problemas sociais ocasionados pelo crescimento desordenado. Há orçamento público nos cofres da prefeitura. O que falta é compromisso, empreendedorismo, interesse e competência!
A sociedade de Alta Floresta é dada a bater palmas para gestores obtusos, de dimensões atrofiadas.
Se você acha que este cenário atual corresponde com suas expectativas, tudo bem. Respeito sua opinião. Mas se assim continuar, é bem provável que em 2030 os problemas crônicos da cidade continuarão os mesmos, com muitos agravantes, assim como a configuração urbana das principais ruas e avenidas.

José Vieira do Nascimento é Jornalista,  pós graduado em comunicação e editor de Mato Grosso do Norte.

Email: [email protected]

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VALTER FIGUEIRA 29/01/2024

Essa é a realidade de muitos municípios. Os gestores não estão sendo orientados para essa discussão ou não querem fazer isso. Desconhecimento ou má vontade.

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Clesio Portela dos Santos 28/01/2024

Se não estiver um planejamento estrutural em todos os segmentos, primeiro com políticos sérios e comprometidos com desenvolvimento da cidade, que é fundamental para o crescimento na infra estrutura, educação, saúde e etc em prol do melhor para Alta Floresta.

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Carlos Meurer 28/01/2024

É uma ótima matéria....????????????algo de ser observado pelos administradores e governantes do município ????????????????

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Agnaldo 28/01/2024

Acredito muito nessa nossa Cidade, lugar maravilhoso de se morar.com vários tipos de atividades agrícola. Esse é um fator importante, fugir da monocultura. E preciso indústria de manufaturamento de nossas matéria prima,para gerar mais empregos e renda.mas se não nos atentar em um desenvolvimento sustentável social e econômico teremos muitos problemas de desigualdade. Um município rico e que olha para todas as classes.a questões políticas tem que estar atento em ouvir a sociedade em ter diálogo para planejar o crescimento de forma organizado do município..empresa que só suga os moradores do município como a de água e energia e não investe, deve estar na pautas de prefeito e vereadores..uma taxa que tira o pouco recurso que o trabalhador ganha .e ninguém vê isso

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Jose P Serafini 28/01/2024

Contratar um estudo sócio, econômico, social, estruturante, estratégico é decisão mais que prioritária e colocar em prática.Os municipios, especialmente do nortão, precisam desse estudo prá não ficar atrelados a pensamentos isolados, retrógrados de alguns de seus \"líderes\". Projetar cidades com base em \"projetos sólidos tem de ser plano de governo, diretrizes e objetivos\" senão, retrocessos e retrógrados atrasam e dificultam formação de \"pólos\".

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Elias José Benvindo 28/01/2024

Sábias palavras cidade que só faz obras eleitorais não se dezenove parabéns pela matéria 100%o atual gestor não vai concordar mais excelente pontuação a matéria se um bom gestor copiava e colocaria no plano de governo.

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REGIS A MASSARELLI 28/01/2024

Lamento ter que concordar com grande parte dessa matéria, mesmo porque além de estar vendo, estamos sentindo o problema. Espero que alguém que tenha o comando das decisões ou influência junto aos gestores possam se interessar e acharem uma solução inteligente. O povo sempre faz ou tenta fazer a sua parte, através do voto, mas parece que não tem surtido efeito. Mas vamos tentar de novo... Eleições a vista...façam suas apostas...kkk...

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7 comentários

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