José Vieira do Nascimento
“Alta Floresta é a bola da vez em crescimento no atual cenário econômico de Mato Grosso”. Esta frase tem sido crocitada reiteradamente, proveniente, principalmente, da retórica política por parte de quem, na verdade, quer pegar carona no crescimento da cidade.
De fato, a cidade está em ritmo acelerado de crescimento. Mas a pergunta é: o que está sendo feito e qual a estratégia de marketing para transpor para além das fronteiras de Mato Grosso, essa fase de boom econômico e oportunidades, despertando interesses de investidores de todas regiões de país?
Porém, vemos por um lado a iniciativa privada fazendo sua parte, contribuindo com a prospecção deste cenário. De outro, em se tratando de poder público, não se denota nenhuma discussão com o fito de construir um planejamento, definindo diretrizes e planificação para dirimir os avanços de Alta Floresta no decorrer dos próximos anos.
A cidade está crescendo, mas tem potencial para crescer muito mais se houvesse um bom planejamento. Não basta apenas crescer. Crescer, sim! Mas com sustentabilidade e observância em todos os segmentos que formam as estruturas social e econômica. E, sobretudo, corresponder com as expectativas da sociedade.
O empresário quer condições adequadas para investir. Uma legislação não que lhe atrapalhe, incentivos fiscais. O jovem quer oportunidade no mercado de trabalho e as famílias, bem como o conjunto da sociedade, almeja uma cidade organizada no trânsito, nos serviços públicos, na Segurança, Educação e Saúde de qualidade, acessibilidade, espaços de lazer... Enfim, uma cidade sustentável.
A sociedade civil não deve se eximir. Todavia, nesta fase impar como a atual em Alta Floresta, o poder público tem a responsabilidade de ser o protagonista do processo. É necessário a concepção de um novo projeto urbanístico para planejar o crescimento, discutir com a sociedade organizada a construção de um Plano Diretor e até mesmo contratar instituições [e tem inúmeras como a Fundação Getúlio Vargas, arquitetos e urbanistas] que possam assessorar neste delineamento.
Muitas leis municipais de Alta Floresta estão obsoletas, carecendo de atualização, principalmente o Código de regramento para as novas construções. Uma cidade em que a construção Civil está dinâmica e aquecida, com grandes obras sendo executadas, os investidores não podem estar submissos a leis arcaicas, de 40 anos atrás, quando a realidade era outra e ainda não tinha virado o século 21. Estas leis antigas, fora do contexto atual, obstrui o processo de crescimento.
A sociedade civil não deve se eximir. Todavia, nesta fase impar como a atual em Alta Floresta, o poder público tem a responsabilidade de ser o protagonista do processo
Teria que se saber aproveitar este momento! Criar um programa de incentivos para atrair empresas para investirem em condições de competitividade. Quiçá, um distrito industrial... E uma estratégia de marketing que reproduza para o além das fronteiras de Mato Grosso, que Alta Floresta é a cidade que mais cresce em Mato Grosso...
Uma cidade sustentável se desenvolve obedecendo a um modelo com bases em estudos, planejamento, eficiência e com padrões estabelecidos, que asseguram a qualidade de vida de sua gente. E sobretudo respeita e cuida de seus recursos naturais, os transformando em áreas de lazer para o usufruto do cidadão.
No entanto, para construir um código de conduta, é necessária uma discussão coletiva, o engajamento da sociedade, não deixando somente à mercê da classe política.
A população de Alta Floresta ainda não se apercebeu da importância do engajamento e uma participação efetiva, de se organizar e meter, sim, o bedelho nas discussões políticas, nas decisões importantes que dizem respeito ao futuro do município, opinando e contribuindo, para a construção da cidade que queremos. Isto, porém, sem viés político. Apenas com foco em algo para o bem coletivo.
As metrópoles brasileiras com os melhores indicadores na qualidade de vida, seguem a um planejamento em sequência, independente das gestões que se sucedem.
O prefeito da vez não faz obras de acordo com suas decisões pessoais, por interesses eleitoreiros e sem um estudo prévio. Segue o establishment que norteia a gestão pública.
O município tem um histórico de gestores obtusos, que não demonstram muita eficiência a frente gestão. E um gestor medíocre, que faz uma obra sem planejamento, na maioria das vezes, apenas por interesses eleitorais, pode obstar um investimento importante para o embelezamento da cidade e de maior aproveitamento para a população no futuro.
Um exemplo é o que foi feito na avenida do aeroporto, na Lagoa das Capivaras. A área é um dos espaços mais nobre de Alta Floresta, que poderia ser ambiente de uma obra que realmente fosse o cartão postal da cidade. Mas o gestor fez uma gambiarra.
Há quem goste! Os que se conformam com paliativos.