José Vieira do Nascimento
Editor Mato Grosso do Norte
Peixoto de Azevedo chegou a 11 casos confirmados de Coronavírus até no boletim da Secretaria Estadual de Saúde de sexta-feira, 8. A notícia do rápido avanço da doença está causando grande preocupação e desespero na população.
O prefeito Municipal, Maurício Ferreira (PSD) admite que poderá ter que adotar medidas restritivas austeras para tentar evitar a propagação do covid-19 na cidade.
Entre as pessoas notificadas no município, cerca de 126, mais de 35 casos ainda aguardam o resultado do exame. Entre os casos confirmados, um é de profissional da área de saúde do município. Os pacientes dos três primeiros casos infectados, já se recuperaram.
Em entrevista à Mato Grosso do Norte, neste domingo, 10, o prefeito disse que está muito preocupado, principalmente porque Peixoto é um dos municípios que está próximo a divisa com o Pará, Estado que já registra quase 500 mortes pelo convid-19.
“Neste início de semana vou ver a decisão que irei tomar. Estamos aqui na porta, praticamente misturados com o Pará. E lá, sabemos que a situação é crítica, com mais de 6 mil casos. E os primeiros casos surgidos aqui em Peixoto foram de pessoas que tiveram ligação com parentes do Pará, pacientes de Cachoeira da Serra e Castelos dos Sonhos, que vieram para cá. E estamos muitos preocupados com a questão do Pará. Temos medo do vírus chegar aqui com mais força destes casos que vem do Pará e daqui se expandir”, enfatiza Maurício.
O gestor afirmou que foi cogitado entre os prefeitos dos municípios de Peixoto, Matupá e Guarantã, para montar uma barreira sanitária para monitorar a entrada nestas cidades. No entanto, ele disse que não tiveram apoio do governo estadual. E somente os municípios, sem o apoio do governo, não conseguem fazer as barreiras, principalmente em função do grande tráfego de carretas que passam pelas três cidades e seguem para o porto de Miritituba.
“Por aqui passam mais de 800 carretas por dia, que seguem ou vem do Pará. E não temos como instalarmos uma barreira sem o suporte do governo estadual”, observa.
Caso seja preciso, o prefeito não descarta decretar medidas bem mais drásticas, como toque de recolher e até mais limitações no comércio local.
Maurício assegura que a prefeitura de Peixoto está fazendo o que pode para cuidar da população diante da pandemia. No entanto, afirma que o Hospital de Peixoto de Azevedo, que tem atendido pessoas de toda a região, recebe pouca atenção do governo estadual, e não tem estrutura suficiente para fazer o atendimento, caso haja paciente em situação grave do coronavírus.
Conforme ele, o município reservou 21 leitos no hospital para pacientes com covid-19, mas a estrutura não é suficiente para atender a casos graves da doença.
“Não temos UTI e só três respiradores, mas sem estrutura nenhuma para casos graves. O Estado trata o hospital de Peixoto como regional, quando se trata de problemas para a gente resolver. Inclusive, o Estado quer que cuidemos aqui de pacientes do Sul do Pará. Mas na hora do convênio, paga como consórcio. Hoje recebemos do Estado, R$ 618 mil por mês, enquanto se gasta num hospital regional como o de Colíder, que é um hospital do Estado, em torno de R$ 3, 5 milhões, Alta Floresta, mais de R$ 3 milhões. E Peixoto, que eles falam que é uma referência para atender até pacientes do Pará, o Estado quer que façamos isto, mas o convênio aqui é só R$ 600 mil”, lamenta Mauricio.
Segundo o prefeito, o que o município recebeu a mais por conta da pandemia, foram apenas R$ 210 mil, que não foram suficientes sequer para contratar o pessoal para atender os pacientes de covid-19. Portanto, a situação é bastante preocupante com relação a falta de apoio do Estado.