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Política Segunda-feira, 13 de Julho de 2020, 00:00 - A | A

13 de Julho de 2020, 00h:00 - A | A

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Escola Rural Produtiva | Hoje relegada ao abandono, escola foi uma referência na Educação em MT



José Vieira do Nascimento
Editor Mato Grosso do Norte

A Escola Rural Produtiva,  [ERPAF] criada em 1988 pelo então prefeito Edson Santos [através da lei nº 191/ 88]  exerceu um papel preponderante na Educação de Alta Floresta, formando excelentes profissionais. 
Construída em uma área de 21 hectares, na comunidade Outro Verde, a escola, que hoje está entregue ao mais completo abandono, é composta de vários pavilhões. Salas de aulas, laboratórios, cantinas, refeitório, dormitórios masculino e feminino, armazenamentos de grãos, marcenaria, almoxarifado, casas dos funcionários e áreas de avicultura, piscicultura e suinicultura. Na grade escolar, aulas práticas nos laboratórios, consolidavam o aprendizado dos alunos.   
Em 28 de julho de 1993, o então prefeito Robson Silva, assinou a lei municipal de nº 490/93, que elevou o nível da Escola Rural Produtiva, de 1º para o 2º grau, permitindo a formação técnica dos alunos no ensino Médio. 
Hoje o matagal, cupins e os morcegos tomaram conta da estrutura, que se deteriora devido ao abandono a que foi relegada pela administração municipal.
Entretanto, escola foi fechada no ano de 1999 na administração do ex-prefeito Vicente da Riva. Sua área continua sendo de propriedade do município de Alta Floresta, pois mesmo que tenha sido assinado algum termo de doação, nenhuma entidade, efetivamente, chegou a ocupá-la. 
O ex-aluno Lindoberguison Fernandes, que continua morando na comunidade Outro Verde, diz que foi uma enorme perda para a população de Alta Floresta, o fechamento da escola Rural produtiva. 
Para ele, o pior é ver a estrutura da escola se acabando, quando poderia, de alguma forma, ser utilizada para o benefício da comunidade. “É triste ver um investimento de dinheiro público, sendo comido pelos morcegos e cupins, completamente”, lamenta ele. 
Valmir Martins, também morador da comunidade Ouro Verde, compartilha da mesma opinião. “Ver tudo isto nesta situação é lamentável. Já que a escola foi fechada, poder público deveria pelo menos preservar esta construção e não deixar tudo abandonado”, reclama o morador.    
Lindoberguison diz que hoje, se os jovens das comunidades do núcleo Ouro Verde quiserem fazer um curso técnico tem que ir para Alta Floresta. “Quantas pessoas deixaram de se formar técnicos agrícolas com o fechamento da escola", pondera. “A formação era de excelente qualidade, com a teoria e a prática aliadas. Até inseminação em bovinos se aprendia aqui. Tinha um quadro de professores muito bom”, completa. 

“Eram cerca de 600 alunos de Alta Floresta e demais cidades da região. 500 alunos dormiam na escola e 100 voltavam para casa diariamente. Aqui tinha piscicultura, apicultura, suinocultura, avicultura, café, milho, arroz, feijão, abacaxi, além da bovinocultura. Os alunos produziam o leite que era consumido aqui na escola. A gente trabalhava meio período e estudava no outro. 300 alunos trabalhavam pela manhã e 300 à tarde”, recorda Lindoberguison.   

Primeiro diretor - O professor Gentil Rossi, que foi o primeiro diretor da Escola Rural Produtiva, exercendo o cargo de sua fundação até em 1992, enfatiza que foi um grande erro a prefeitura a ter fechado. 
Ele conta que a criação da escola foi com base nos anseios da população e em um levantamento feito quando a escolas estava sendo projetada, principalmente junto aos moradores do setor Sul do município de Alta Floresta. 
Porém, quando a escola iniciou suas atividades, recebeu alunos de vários municípios da região. “Conversamos com diretores de escolas de Nova Bandeirantes, Paranaíta, Nova Canaã, Nova Monte Verde, Peixoto de Azevedo, Guarantã do Norte e cada municípios mandava de um a dois alunos para a escola. E todos os alunos que se formaram na Escola Rural Produtiva estão muito bem. Muitos estão bem empregados no setor, alguns são agrônomos. Tem ex-alunos em outras áreas, mas todos estão bem porque tiveram boa formação”, enfatiza.
“Temos esperança que possamos ter em Alta Floresta novamente, uma escola com o intuito de formar alunos para trabalhar o Agronegócio, neste momento que a Agricultura está se fortalecendo na região”, diz Gentil.
O ex-diretor relembra que a escola funcionou muito bem de 1988 até 1996, mas por falta de interesse político começou a ser preterida pela gestão municipal até ser fechada definitivamente. 
“Era uma escola conveniada entre município e Estado. O Estado pagava os professores e o município as outras despesas. Tínhamos o maior e melhor laboratório da região na época: laboratório de solo, de zootecnia, de suinicultura e tudo isto foi perdido”, relembra Gentil. 
“Se você for lá na escola dá tristeza de ver todos os pavilhões se deteriorando, cheios de morcegos. A estrutura da escola é muito boa, uma obra foi bem construída. Só o forro que é de madeira. O que falta hoje em Alta Floresta é vontade política de se ter uma escola deste porte. Naquela época a gente já sabia que a Agricultura seria forte no município. Mas infelizmente, os políticos de Alta Floresta não têm interesse de lutar pelo nosso povo”, acentua Gentil. 

  

 

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