LEONARDO HEITOR/ Folha Max
O ex-deputado estadual Pedro Inácio Wiegert, o Pedro Satélite (PSD), réu na ação penal derivada da Operação Rota Final, possível candidato a deputado federal, não está sendo encontrado pelos oficiais de Justiça e foi intimado mais uma vez pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso. A ação penal tramita na Turma de Câmaras Criminais Reunidas do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e também envolve o deputado estadual Dilmar Dal Bosco (DEM), detentor de mandato eletivo.
Segundo as investigações, ambos teriam feito lobby, ou seja, exercido pressão política, se valendo dos respectivos mandatos para “barrar” a concessão do transporte intermunicipal de passageiros em Mato Grosso. Em janeiro, o desembargador Marcos Machado já havia tentado intimar o ex-parlamentar, para que ele apresente sua resposta à acusação. Endereços de apartamento de alto padrão e de condomínio chique foram visitados pelos servidores do Judiciário, mas o ex-parlamentar não foi encontrado. “Isto posto, determina-se a notificação do denunciado Pedro Inacio Wiegert nos endereços constantes dos para apresentar sua resposta, no prazo de15 dias”, diz o despacho publicado na segunda-feira no Diário da Justiça Eletrônico.
Pedro Satélite e Dilmar Dal Bosco foram investigados pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) na 3ª fase da Operação Rota Final e denunciados sob acusação de terem recebido propina paga pelo empresário Éder Augusto Pinheiro. Ele é dono do Grupo Verde Transportes e apontado como o chefe da organização criminosa que vinha agindo para frustrar a licitação da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Sinfra-MT).
A licitação vinha sendo lançada em etapas desde 2012, dividida em vários lotes somando R$ 11,25 bilhões para contemplar diferentes empresas de ônibus, atuantes no transporte de passageiros dentro do Estado. Pedro Satélite não tem mais mandato eletivo, mas os fatos remetem ao período em que ele ainda estava na ativa na Assembleia Legislativa e, de acordo com o Ministério Público, teria recebido R$ R$ 332,4 mil em “cortesias” de passagens de ônibus do Grupo Verde, entre os anos de 2013 a 2018.
Segundo as investigações, ele também usou familiares para receber propina paga no esquema. Por este motivo, o processo contra ele continuou no Tribunal de Justiça enquanto as ações penais contra os demais réus tramitam na 7ª Vara Criminal de Cuiabá. De acordo com o Ministério Público, entre 2014 e 2018, Pedro Satélite recebeu R$ 1,1 milhão em propina do Grupo Verde Transportes.