Eugenio Caffone
Para Mato Grosso do Norte
Parinko Panará ou Rodrigo como é também conhecido é o novo cacique geral do Povo Indígena Panará. A eleição aconteceu neste domingo e teve quatro concorrentes.
A chapa encabeçada por Rodrigo, que tem Beti como vice, conquistou 775 votos. Em segundo lugar, a chapa encabeçada por Paturi Panará, tendo Kuperi Panará como vice, conquistou 337 votos.
Duas chapas emparam com 258 votos cada. A Chapa encabeçada por Krekreasã Panará (Mikre), tendo Tepyn Mekragnotire como vice e a chapa encabeçada por Pukiora Panará tendo Naprapraa como vice.
Por se tratar de cacique geral que representa a etnia no diálogo e nas ações com outras etnias, as comunidades circunvizinhas também participam do processo de escolha. Ao todo foram 27 pontos de votação.
O Povo Panará - O Povo Panará, antes da colonização que deu origem aos municípios de Guarantã do Norte, Matupá e Peixoto de Azevedo, Novo Mundo e Terra Nova do Norte eram os habitantes da região.
A abertura da BR -163 e o contato com o homem branco mudou terrivelmente o destino deste povo. Diversas doenças entre as quais a diarreia, gripe que se transformava em pneumonia quase dizimou este povo.
A mortandade era tanta que obrigou a FUNAI a removê-los para o Parque Indígena do Xingu em janeiro de 1975. De uma comunidade com mais de quatrocentas pessoas apenas 79 foram retiradas com vida.
No parque do Xingu perambularam por mais de uma década sem conseguirem se adaptar. Contando com um pouco de sorte e com o apoio de algumas lideranças brancas entre as quais o antropólogo Steve schwartzman, o indigenista André Vilas Boas e o médico Douglas Rodrigues. O trabalho, adedicação e a experiência destes personagens algumas lideranças do povo Panará conseguiram realizar uma viagem ao seu antigo território no Vale do Peixoto.
O garimpo imperando nas margens dos rios, a antiga floresta transformada em cidades, pastagens e algumas lavouras, o choque com a realidade foi impactante para eles, mas, em um sobrevoo que fizeram na região acabaram descobrindo que uma parte da área de seu antigo território ainda estava intocada e sem ocupação. A partir de então passaram a trabalhar junto ao governo federal para conseguirem a área e retornarem a sua terra de origem. No dia primeiro de novembro de 1.996 o Ministério da Justiça declarou de posse permanente a terra Panará com 494.000 Hectares. Em março de 1997 135 indígenas entre crianças e adultos tomaram posse em definitivo de sua terra. Foi um trabalho profícuo da FUNAI em parceria com o Instituto Sócio Ambiental (ISA) que resultou na destinação, demarcação e homologação do referido território ao Povo Panará.
Recentemente, a comunidade Panará festejou os 25 anos de retorno ao seu território de origem. As festividades contaram com a presença do antropólogo Steve schwartzman, do indigenista André Vilas Boas, do médico Douglas Rodrigues e de diversas lideranças que contribuíram e contribuem para o bem estar do Povo Panará.
A Comunidade Panará tem pouco mais de 700 pessoas entre adultos e crianças estão divididos em sete aldeias. É um povo simples, que luta para manter sua cultura e suas tradições e tem um excelente relacionamento com a população não indígena.