Setembro chegou e, junto com ele, a campanha do Setembro Amarelo, que nos convida a falar (e ouvir) sobre saúde mental. Mas, quando o assunto é trabalho, muita gente ainda pensa: “Ah, estresse faz parte”.
Pois é… só que não. A boa notícia é que até as normas de segurança começaram a olhar para isso. A NR 1 (Norma Regulamentadora nº 1), aquela que define as regras gerais de saúde e segurança no trabalho, agora inclui também a gestão dos riscos psicossociais. Traduzindo: empresa não pode mais fingir que sobrecarga, assédio ou pressão exagerada são “coisas normais do mercado”.
O peso da rotina- Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), depressão e ansiedade já estão entre as principais causas de afastamento do trabalho. E não é difícil entender o porquê: longas jornadas, cobranças sem fim, metas que parecem filmes de ficção científica e falta de reconhecimento deixam qualquer um à beira do colapso.
Além do sofrimento individual, o impacto é coletivo: mais afastamentos, queda de produtividade, gente pedindo demissão ou adoecendo. Ou seja, cuidar de saúde mental não é só ser “bonzinho” com os funcionários — é também garantir que a engrenagem da empresa continue rodando sem travar.
E o que a NR 1 pede na prática? Algumas medidas simples (e nada futuristas) podem fazer diferença: Canais de escuta: abrir espaço para que o trabalhador fale sem medo de julgamento (ou represália). Combate ao assédio: criar protocolos claros para lidar com situações de abuso e garantir que denúncias sejam levadas a sério. Lideranças conscientes: treinar chefes para liderar sem transformar a equipe em refém da planilha.
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Carga horária equilibrada: lembrar que funcionário não é robô — precisa de pausa, descanso e, quem diria, vida fora do expediente. Campanhas internas: rodas de conversa, palestras, materiais educativos. Falar sobre saúde mental não deve ser tabu. Clima de confiança: construir um ambiente em que pedir ajuda não seja visto como sinal de fraqueza.
Setembro Amarelo no trabalho-Se o Setembro Amarelo nos lembra que falar pode salvar vidas, a NR 1 reforça que trabalhar não deve ser sinônimo de adoecer.
Empresas que levam isso a sério saem ganhando em todos os sentidos: menos afastamentos, mais produtividade e, o mais importante, gente mais feliz e saudável. Porque, no fim das contas, não dá para esperar que o funcionário dê o máximo se o ambiente só oferece o mínimo.
Ana Lígia Godoy Baldin Fortkamp/ CRM MT 9232 RQE 4032)