por Caroline Borges
TV Press
Nicola Siri acredita que seu trabalho não tem fronteiras. Natural de Gênova, na Itália, o ator de 51 anos se aventurou no mercado brasileiro há quase duas décadas, quando estreou em “Mulheres Apaixonadas”, da Globo. Atualmente no elenco de “Éramos Seis”, o intérprete do misterioso Osório celebra a variedade de papéis que conquistou no mercado brasileiro, conseguindo driblar o característico sotaque italiano. “Nem todos os papéis que fiz tiveram conotações estrangeiras. Mas o Brasil é feito por estrangeiros e o mundo é globalizado. Acho um ótimo trunfo ter a capacidade de falar português, italiano, inglês e espanhol... Claro que pensarão em mim sempre como o italiano, mas não precisa ser uma amarra, estou mais abrasileirado a cada dia (risos)”, vibra. Na história de Angela Chaves, Osório é o patrão de Alfredo, papel de Nicolas Prattes, na oficina mecânica. Elegante e de caráter duvidoso, o personagem carrega alguns segredos. “O Osório é um homem misterioso, dono de uma oficina mecânica. Meio mafioso, mas cheio de charme. Com o Alfredo, ele tem uma relação conflituosa. O Osório se vê no Alfredo quando era jovem, mas também gosta de mostrar que é o ‘dono’ da oficina. Para ele, os negócios estão acima de tudo”, explica.
Com diversas novelas no currículo, Nicola ainda é bastante lembrado pela polêmica trama do Padre Pedro em “Mulheres Apaixonadas”. Na história de Manoel Carlos, o sacerdote se envolvia romanticamente com a socialite Estela, de Lavínia Vlasak. “Devo tudo a ‘Mulheres Apaixonadas’ e ao Padre Pedro. Tanto que continuo morando aqui, casado com uma carioca e pai de dois filhos maravilhosos”, celebra. Recentemente, Nicola voltou a vestir a batina em cena. Em “Colônia”, série que irá ao ar no Canal Brasil, ele interpretará o Padre João. Prevista para o primeiro semestre deste ano, a produção dirigida por André Ristum é baseada no livro “Holocausto Brasileiro”, da jornalista Daniela Arbex, que conta a história do Hospital Colônia de Barbacena. “Na realidade, não tinham papéis para mim, mas, quando surgiu este padre, o André amou a ideia de me ver, depois de 16 anos, novamente em um papel que mudou a minha vida. Eu também amei a ideia, mas não fiquei surpreso. Você, como ator, tem de estar preparado e aberto para fazer qualquer tipo de personagem”, ressalta.
P – Como surgiu a oportunidade para “Éramos Seis”?
R - Havia um personagem ainda não escalado e o gerente de elenco, Chico Acciolly, pensou em mim. Então, recebi um telefonema da produtora de elenco da novela, a Dani Pereira, me convidando já para gravar em poucos dias. Gostei muito do papel. A história é um clássico. Gostei da personagem, o elenco é de primeira e já admirava o trabalho do diretor, Carlos Araújo.
P – Você chegou a ver outras versões da novela ou ler o livro para compor o papel?
R - Não assisti a outras versões, nem li o livro. Prefiro não ser influenciado por outros exímios colegas que já viveram estes personagens. Leio e vejo tudo da época retratada, mas não da mesma história. Estou vendo a novela e o trabalho excelente que está sendo realizado. O livro vou ler com certeza, mas depois que acabar o trabalho. Amo ler.
P – Após tantos trabalhos em sequência no Brasil, como está sua carreira na Itália?
R - O último longa-metragem na Itália foi “Quanto Basta”, de Francesco Falaschi, que teve uma ótima repercussão. A diretora Imogen Kusch me convidou para o longa-metragem dela, mas ainda não posso revelar o nome.
P –Você está no mercado brasileiro há mais de 15 anos. Ainda assim, também segue atuante na Itália. Sente muita diferença entre os dois mercados audiovisuais?
R – O mercado televisivo, por exemplo, é extremamente diferente na Itália e no Brasil. Na Itália, prevalecem os programas de auditório e variedades. Há também as “Soap Operas”, que são diferentes das novelas brasileiras, pois contam histórias que não acabam e são inteiramente gravadas em estúdio. Já os filmes são mais produzidos para tevê em dois capítulos e séries de oito, 10 ou 12 episódios. Mas acho que o que realmente está mudando o panorama televisivo mundial é a tecnologia e o “streaming”, então podemos esperar um novo cenário para ambos os países.
P – Em 2008, você foi comentarista esportivo nas transmissões da Eurocopa, durante os jogos da Seleção italiana. A Itália está classificada para a competição em 2020. Tem desejo de repetir a experiência?
R - Eu amei comentar. O futebol é a minha vida. Adoraria repetir essa experiência! E repito... É porque amo demais o futebol.
“Éramos Seis” - Globo - de segunda a sábado, às 18h30.