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Variedades Sexta-feira, 26 de Outubro de 2018, 00:00 - A | A

26 de Outubro de 2018, 00h:00 - A | A

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CINCO PERGUNTAS: Mundo de aprendizados

Carta Z



POR CAROLINE BORGES
TV PRESS

Ao longo de sua trajetória profissional, Ingra Lyberato aprendeu a se livrar de amarras. Destaque em tramas como “A História de Ana Raio e Zé Trovão” e “A Indomada” na década de 1990, a atriz soube identificar o momento de recuar da tevê para se reinventar profissionalmente. Por isso, no início dos anos 2000, ela decidiu se mudar para Porto Alegre, onde descobriu projetos que iam além da televisão, como o cinema e o teatro. Atualmente no ar em “Segundo Sol” como a traficante Fátima, Ingra retorna à Globo após 17 anos e valoriza a experiência que acumulou longe da emissora. “Estou me divertindo e tendo só prazer nesse trabalho. Nesses anos em que fiquei sem trabalhar na Globo, trabalhei em outras emissoras, abertas e fechadas, e fiz muito teatro e cinema. É gostoso voltar depois de ter circulado tanto. Posso dizer que tenho uma vida criativa bem intensa”, explica a atriz, que buscou se afastar dos grandes centros. “Sentia medo da expansão. Me curei quando escrevi ‘O Medo do Sucesso’. Nesse período, aprendi a me produzir em teatro e fiz alguns trabalhos importantes para minha carreira, como o longa ‘Valsa para Bruno Stein’, que me rendeu o Kikito de Melhor Atriz em Gramado em 2007”, completa.
Natural de Salvador, Ingra foi em busca de resgatar suas origens para viver um dos papéis da trama de João Emanuel Carneiro. Pela segunda vez em sua carreira, a atriz pôde soltar seu sotaque baiano em cena. “Passei 30 anos suavizando meu sotaque, porque as personagens tinham outras origens. Tudo certo, adoro desafios, mas poder contribuir com minha baianidade é uma delícia”, valoriza. Ingra reconhece que muitas coisas mudaram desde sua estreia como atriz. Porém, a paixão necessária para se manter ativa no meio segue a mesma. “Quando eu entrei na televisão, pouca gente buscava fazer novela justamente porque existia um conhecimento de que a arte do ator exige entrega e sacrifícios. Hoje muita gente quer trabalhar em televisão e pensa que é só festa. Por isso, muitos entram e saem em pouco tempo”, aponta.
P – Sua última novela na Globo havia sido “O Clone”, de 2009. Como surgiu a oportunidade para integrar o elenco de “Segundo Sol”? 
R – Costumo manifestar minha vontade de trabalhar com alguns diretores e com alguns autores. Nesse caso ainda tinha o fato de a novela acontecer na minha terra. Geralmente, me ofereço para fazer teste, pois sei que através de um teste posso mostrar a possibilidade de estar em papéis que nunca fiz antes. Foi o que aconteceu. Falei com a Vanessa Veiga (produtora de elenco) e ela me chamou para ser testada em algo inteiramente novo para mim. Amei a Fatima já na cena do teste e depois o Dennis Carvalho (diretor) e o João Emanuel Carneiro (autor) aprovaram.
P – Você entrou na novela com a trama já encaminhada. Em seus primeiros dias de gravação, você teve alguma dificuldade para se adaptar ao ritmo dos outros colegas?
R – O tempo todo. Mas acho isso ótimo. É como se eu entrasse em uma festa que já está animada e todos se conhecem e querem que eu também me divirta. Fomos integrados em um elenco e equipe que já se sentiam uma família. Sem falar que a segurança dos atores que me receberam na trama, também nos ajudou.
P – Como foi o processo de preparação para viver a personagem?
R – Não tivemos muito tempo de preparação. Mas soubemos que o João havia se inspirado no filme argentino “O Clã”, que conta uma história real de uma família de classe média que, no final dos anos de 1980, sequestrava para sobreviver. Era como a família Garcia. Aparentemente normal. Essa foi uma boa referência. No mais, foi confiar nos diretores, olhar no olho dos colegas e me agarrar ao meu amor de mãe.
P – Sua última novela foi “Balacobaco”, da Record. Depois, você se dedicou muito às séries. Sentia falta dos folhetins?
R – Sim, mas não fico pensando nisso. Não paro de trabalhar um só dia. Agora que estou escrevendo então, falta tempo. Há dois anos, a escrita chegou para ficar. Estou impressionada com a identificação que as pessoas estão tendo com meu primeiro livro, “O Medo do Sucesso”, em que abro meu coração. Estou finalizando meu segundo livro, agora de ficção. Ganhei um edital com projeto meu de documentário sobre a vida e a obra de Chico Liberato, meu pai, que é artista plástico. Estou rodando uma série documental baseada em ideia original minha.
P – Você ainda é bastante lembrada por trabalhos em produções, como “Pantanal” e “A História de Ana Raio e Zé Trovão”. Você se incomoda com essas associações?
R – Não, esses trabalhos são muito representativos na minha carreira. Quantos atores são lembrados por dois ou três personagens 30 anos depois? Acho um presente incrível da vida. Participei de novelas que marcaram época e foram agentes de muita transformação na tevê. Já vivi foi coisa. Sou muito grata por tanta experiência e por sentir o entusiasmo de alguém que está sempre recomeçando. Estou sempre querendo me reinventar.

"Segundo Sol" – Globo – Segunda a sábado, às 21h15.

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