Carta Z
O ofício de ator possibilita que o intérprete desempenhe funções nunca antes imaginadas por ele. No caso de Carla Diaz, foi ao contrário. Influenciada pelos filmes da Disney a que assistia quando criança, ela sempre sonhou em interpretar uma princesa. “A Terra Prometida” veio para satisfazer o desejo da atriz, hoje com 26 anos. Na história de Renato Modesto, Carla vive a decidida Melina. A filha de nobres não se subjuga, mesmo vivendo em uma sociedade que dava pouca voz às mulheres. “A novela realiza meu sonho de infância, de dar vida a uma princesa. E que é forte, guerreira e tem poder mesmo dentro de núcleos machistas e patriarcais”, defende.
Contratada da Record há oito anos, Carla recebeu com prazer o convite para trabalhar em “A Terra Prometida”. Antes da novela, ela só havia atuado em uma produção bíblica: “Milagres de Jesus”. A experiência anterior fez com que entrasse na atual personagem com mais propriedade. “Tive de fazer algumas adequações por se tratar de uma família nobre, mas já tinha estudado os costumes da época, os trejeitos, forma de falar…”, enumera a atriz, que também viu “Os Dez Mandamentos” para se ambientar com a história dos hebreus. “Fui atrás de toda e qualquer referência. Por isso assisti à novela, vi filmes e li livros”, conta. Além disso, teve de escurecer o cabelo e aprender a lutar, duelar com espada e andar a cavalo. “Ela é uma guerreira. Então, tive de aprender o básico para ficar mais real. Mas é claro que conto com dublê em algumas cenas”, adianta.
Em sua segunda produção bíblica, Carla enaltece esse tipo de formato, explorado apenas nos folhetins da Record. “Acho que, além de um desafio para o ator, é um presente para o público. As histórias são conhecidas, mas eram pouco exploradas pela tevê, cinema ou teatro”, afirma. Apesar do gosto pelas tramas de época, são as histórias infantojuvenis que deram a ela maior reconhecimento. Quando ainda criança, em “Chiquititas”, e na adolescência, em “Rebelde”, a atriz fez parte de sucessos da teledramaturgia brasileira. “É um público que dá muita resposta ao seu trabalho. São fãs mesmo, procuram, mandam carta, movimentam as redes sociais. Eu era pequena em ‘Chiquititas’, mas em ‘Rebelde’ percebi essa diferença”, revela.
Natural de São Paulo, Carla começou a carreira com apenas dois anos de idade. De campanhas publicitárias, logo passou para a tevê. “Esse meio sempre foi natural para mim. Os estúdios foram minha casa, meu play. Não me lembro de quando eu não era atriz”, diz, com naturalidade. Papéis como a Maria, de “Chiquititas”, e a Khadija, de “O Clone”, marcaram a carreira da atriz. “Essas personagens que fiz quando criança ainda figuram no imaginário do público. Acho que, mesmo quando eu estiver velhinha, as pessoas ainda vão lembrar dessas duas”, diz, entre risos.
Por outros meios
Mesmo com a intensa rotina de gravações de uma novela, Carla não se contenta a desenvolver apenas uma atividade por vez. Segundo ela, é o costume de trabalhar desde sempre que a motiva a estar atrás de coisas novas. Por isso, em paralelo com “A Terra Prometida”, a atriz busca de um texto para interpretar no teatro. “Não consigo ficar longe dos palcos”, jura ela, que estava recentemente em cartaz com o espetáculo “Estúpido Cupido”.
Além disso, Carla acabou de estrear como cantora. Ao lado de Bernardo Falcone, com quem contracenou em “Rebelde”, lançou o single “Voa”. “A gente sempre falou de fazer uma parceria. Mas nunca tinha rolado. Os anos foram passando, até que ele me ligou dizendo que tinha a ‘nossa’ música”, conta. Apesar de empolgada com o novo caminho que abriu na carreira, ela toma cuidado ao se intitular. “Esse rótulo de cantora é engraçado. Porque sou uma atriz que canta. Ainda não caiu na ficha que não tenho a máscara do personagem me protegendo, que sou eu mesma arriscando novos voos”, reflete.
Instantâneas
# Carla estreou na tevê em “Éramos Seis”, exibida pelo SBT em 1994.
# Em “A Terra Prometida”, pela primeira vez, ela precisou esticar o cabelo usando um “mega hair”.
# Para ela, sua primeira personagem adulta foi em “Plano Alto”. Na série, interpretou uma jornalista “black block”.
# O contrato da atriz com a Record vai até 2018.