Luana Borges
TV Press
O cinema sempre foi a grande paixão de Júlio Andrade. Tanto que, em quase duas décadas, ele já atuou em mais de 30 filmes. Mas a televisão também fez parte de sua trajetória nesse período, seja em participações pontuais ou em personagens densos em projetos mais curtos como “Por Toda A Minha Vida”, “O Rebu” e “Justiça”. E foi justamente por poder dialogar com a tevê e o cinema simultaneamente que o ator se animou com a possibilidade de protagonizar “Sob Pressão”. “O bacana dessa série é que é como se fosse metade novela e metade cinema. Porque tem a urgência da novela, mas o cuidado do cinema. Esse lugar me interessa”, explica o intérprete do médico Evandro.
Em 2016, Júlio já havia vivido o mesmo personagem no filme homônimo, com direção de Andrucha Waddington, o mesmo diretor da série da Globo. Como os nove episódios da série foram gravados separadamente do longa-metragem, o ator precisou voltar a interpretar Evandro um tempo depois de ter rodado o filme. Uma experiência, segundo ele, motivadora. “Série é um lugar muito novo para todos nós, atores. E poder fazer um papel e reencontrá-lo um tempo depois é algo que eu não tinha vivido até então”, salienta ele, que gravou a primeira temporada de “Sob Pressão” durante dois meses e meio. Para dar conta de terminar as cenas de todos os episódios, a rotina foi bastante puxada. “Exigiu dedicação, atenção e concentração. Tivemos pouco tempo para fazer nove episódios. Então, eu não tinha tempo nem para tomar café. Às vezes, nem para ir ao banheiro. É como se tivéssemos feito três longas nesse período”, ressalta.
Assim como qualquer ator, quando Júlio incorpora um personagem, percebe que está pronto para viver e lidar com situações que não imaginaria para sua vida particular. Mas, no caso de Evandro, o ator confessa que teve de administrar a “energia” do personagem com a sua própria. “Eu acabei emagrecendo. É uma energia que você acaba trazendo para si, é muito difícil fazer esse personagem. O filme já tinha sido muito difícil, mas, para a série, me preparei um pouco mais psicologicamente”, destaca.
Durante o filme, Júlio visitou alguns hospitais e acompanhou cirurgias. Na ocasião, viu uma pessoa chegando baleada na emergência, uma situação bem parecida com a que o ator viveu na pele de seu personagem durante o longa. Por isso, “de cara”, ficou impactado e sem saber o que fazer. Mas, ao mesmo tempo, se sentiu seduzido pelo que estava acontecendo na sua frente. “Fui até o homem baleado, fiquei pertinho, vi o furo da bala, vi o médico dando os primeiros socorros. Me interessava muito mais o olhar do médico perante a cirurgia do que a própria cirurgia”, pondera.
Como já tinha feito um laboratório intenso para o filme, Júlio decidiu não visitar novamente hospitais para voltar a viver Evandro na série. “Minha cota de cirurgias já estava bem legal para poder fazer esse personagem”, conclui, aos risos. Assim como o restante do elenco, o ator contou com a consultoria do médico Márcio Maranhão, autor do livro “Sob Pressão – A Rotina de Guerra de Um Médico Brasileiro”, que inspirou o filme e a série. “Ele estava sempre nos auxiliando, nos ensinando como pegar na tesoura, como fazer sutura, os primeiros socorros... Mas essa parte foi muito difícil para mim porque tenho um pouco de aversão a sangue, a hospitais. Nunca foi um lugar muito frequentado pela minha família e nem por mim”, conta, aliviado.
“Sob Pressão” – Globo – Quinta, às 23h.
Dura realidade
Séries médicas são comuns na televisão. Mas a Globo apostou no realismo com que as situações são apresentadas como um diferencial de “Sob Pressão”. Talvez por isso, depois de acompanhar de perto várias cirurgias e vivenciar a rotina de alguns hospitais públicos, Júlio Andrade pôde traçar um paralelo entre seu personagem, Evandro, e grande parte dos médicos da saúde pública do Brasil que conheceu. “O Evandro é meio o MacGyver da Medicina, ele se vira com o que tem. Acho que isso é uma questão geral dentro da situação dos hospitais, todos precisam ser um pouco MacGyver e improvisar”, compara.
Aliás, o caos da saúde pública é algo tão absurdo quanto corriqueiro. Mas Júlio faz questão de ressaltar sua insatisfação e acredita que a série ajude a levantar questionamentos. “Acho que tem sempre o jeitinho brasileiro. As pessoas não têm estrutura, não têm medicamentos, não têm nada e acabam se virando, tendo de dar um jeito. Isso também acontece nos hospitais, falta tudo”, avalia.
Instantâneas
# A estreia de Júlio Andrade na tevê foi na minissérie “Luna Caliente”, exibida pela Globo em 1999.
# Na televisão, o ator faz mais séries do que novelas. Entre as que participou, estão “Força-Tarefa”, “Doce de Mãe”, “A Teia” e “Justiça”.
# Em Porto Alegre, sua cidade natal, Júlio participou de curtas da RBS TV.
# O ator deve gravar a terceira temporada da série “1 Contra Todos”, da Fox”, em setembro.
Luana Borges
TV Press
O cinema sempre foi a grande paixão de Júlio Andrade. Tanto que, em quase duas décadas, ele já atuou em mais de 30 filmes. Mas a televisão também fez parte de sua trajetória nesse período, seja em participações pontuais ou em personagens densos em projetos mais curtos como “Por Toda A Minha Vida”, “O Rebu” e “Justiça”. E foi justamente por poder dialogar com a tevê e o cinema simultaneamente que o ator se animou com a possibilidade de protagonizar “Sob Pressão”. “O bacana dessa série é que é como se fosse metade novela e metade cinema. Porque tem a urgência da novela, mas o cuidado do cinema. Esse lugar me interessa”, explica o intérprete do médico Evandro.
Em 2016, Júlio já havia vivido o mesmo personagem no filme homônimo, com direção de Andrucha Waddington, o mesmo diretor da série da Globo. Como os nove episódios da série foram gravados separadamente do longa-metragem, o ator precisou voltar a interpretar Evandro um tempo depois de ter rodado o filme. Uma experiência, segundo ele, motivadora. “Série é um lugar muito novo para todos nós, atores. E poder fazer um papel e reencontrá-lo um tempo depois é algo que eu não tinha vivido até então”, salienta ele, que gravou a primeira temporada de “Sob Pressão” durante dois meses e meio. Para dar conta de terminar as cenas de todos os episódios, a rotina foi bastante puxada. “Exigiu dedicação, atenção e concentração. Tivemos pouco tempo para fazer nove episódios. Então, eu não tinha tempo nem para tomar café. Às vezes, nem para ir ao banheiro. É como se tivéssemos feito três longas nesse período”, ressalta.
Assim como qualquer ator, quando Júlio incorpora um personagem, percebe que está pronto para viver e lidar com situações que não imaginaria para sua vida particular. Mas, no caso de Evandro, o ator confessa que teve de administrar a “energia” do personagem com a sua própria. “Eu acabei emagrecendo. É uma energia que você acaba trazendo para si, é muito difícil fazer esse personagem. O filme já tinha sido muito difícil, mas, para a série, me preparei um pouco mais psicologicamente”, destaca.
Durante o filme, Júlio visitou alguns hospitais e acompanhou cirurgias. Na ocasião, viu uma pessoa chegando baleada na emergência, uma situação bem parecida com a que o ator viveu na pele de seu personagem durante o longa. Por isso, “de cara”, ficou impactado e sem saber o que fazer. Mas, ao mesmo tempo, se sentiu seduzido pelo que estava acontecendo na sua frente. “Fui até o homem baleado, fiquei pertinho, vi o furo da bala, vi o médico dando os primeiros socorros. Me interessava muito mais o olhar do médico perante a cirurgia do que a própria cirurgia”, pondera.
Como já tinha feito um laboratório intenso para o filme, Júlio decidiu não visitar novamente hospitais para voltar a viver Evandro na série. “Minha cota de cirurgias já estava bem legal para poder fazer esse personagem”, conclui, aos risos. Assim como o restante do elenco, o ator contou com a consultoria do médico Márcio Maranhão, autor do livro “Sob Pressão – A Rotina de Guerra de Um Médico Brasileiro”, que inspirou o filme e a série. “Ele estava sempre nos auxiliando, nos ensinando como pegar na tesoura, como fazer sutura, os primeiros socorros... Mas essa parte foi muito difícil para mim porque tenho um pouco de aversão a sangue, a hospitais. Nunca foi um lugar muito frequentado pela minha família e nem por mim”, conta, aliviado.
“Sob Pressão” – Globo – Quinta, às 23h.
Dura realidade
Séries médicas são comuns na televisão. Mas a Globo apostou no realismo com que as situações são apresentadas como um diferencial de “Sob Pressão”. Talvez por isso, depois de acompanhar de perto várias cirurgias e vivenciar a rotina de alguns hospitais públicos, Júlio Andrade pôde traçar um paralelo entre seu personagem, Evandro, e grande parte dos médicos da saúde pública do Brasil que conheceu. “O Evandro é meio o MacGyver da Medicina, ele se vira com o que tem. Acho que isso é uma questão geral dentro da situação dos hospitais, todos precisam ser um pouco MacGyver e improvisar”, compara.
Aliás, o caos da saúde pública é algo tão absurdo quanto corriqueiro. Mas Júlio faz questão de ressaltar sua insatisfação e acredita que a série ajude a levantar questionamentos. “Acho que tem sempre o jeitinho brasileiro. As pessoas não têm estrutura, não têm medicamentos, não têm nada e acabam se virando, tendo de dar um jeito. Isso também acontece nos hospitais, falta tudo”, avalia.
Instantâneas
# A estreia de Júlio Andrade na tevê foi na minissérie “Luna Caliente”, exibida pela Globo em 1999.
# Na televisão, o ator faz mais séries do que novelas. Entre as que participou, estão “Força-Tarefa”, “Doce de Mãe”, “A Teia” e “Justiça”.
# Em Porto Alegre, sua cidade natal, Júlio participou de curtas da RBS TV.
# O ator deve gravar a terceira temporada da série “1 Contra Todos”, da Fox”, em setembro.