Claudia Varella
Colaboração para o UOL, SP
Para permitir o crescimento do setor agropecuário, o governo Bolsonaro deve aprovar as reformas da Previdência e tributária, melhorar as estradas, aumentar a segurança no campo, fazer acordos comerciais com novos mercados e desburocratizar o financiamento da produção, entre outras dezenas de medidas. Esta é a avaliação da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA). "Um sistema tributário modernizado trará maior competitividade ao setor agropecuário", disse o presidente da CNA, João Martins.
A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) disse esperar do novo governo investimentos em infraestrutura, como a integração dos modais (rodovias, ferrovias, hidrovias e portos), para facilitar o escoamento da produção e aumentar a competitividade do setor. "Hoje a nossa infraestrutura está sucateada", afirmou o presidente Bartolomeu Braz Pereira.
A Aprosoja, presente em 16 estados, é associada da CNA e do Instituto Pensar Agro (IPA), que dá embasamento à Frente Parlamentar de Agricultura, do Congresso Nacional. Segundo Pereira, outro ponto importante é a consolidação dos mercados para exportação, principalmente a Ásia, e a busca por novos acordos internacionais.
O Brasil precisa mostrar a qualidade de nossos produtos, para poder competir em pé de igualdade com outros mercados, sem tarifação", afirmou ele, que defende a desoneração de impostos. Desburocratização e respeito às leis
O presidente da Aprosoja Brasil disse que também espera do novo governo "desburocratização e respeito às leis brasileiras". "A burocracia é o que reina no Brasil hoje. É preciso cumprir as leis com simplificação. Se o governo dificulta na burocracia, isso leva a propinas, que leva à corrupção", afirmou. Para ele, leis ambientais, por exemplo, têm trazido dificuldade à produção sustentável. "Muitos falam que somos nós que desmatamos, mas é o contrário, nós preservamos.
Dos 66% do território brasileiro que está preservado com vegetação original, 25% estão dentro das nossas propriedades rurais. Quem zela por essas áreas preservadas somos nós, os produtores rurais. Se há desmatamento de madeireiro, que ele seja punido. Mas nossa produção é sustentável", declarou.
Mais liberdade de mercado- O presidente da Associação Nacional de Defesa dos Agricultores, Pecuaristas e Produtores da Terra (Andaterra), Sérgio Pitt, disse que a entidade espera do governo Bolsonaro menos burocratização, para reduzir custos e desonerar o setor, e mais liberdade de mercado.
"Esperamos a menor intervenção possível do governo no setor. O Estado deve, claro, da regulamentação e da infraestrutura, mas precisa apenas desonerar a carga tributária e deixar o mercado andar por si só", afirmou. Com cerca de 3.700 associados em 17 estados, a Andaterra presta assessoria jurídica em ações coletivas do setor.