José Vieira do Nascimento
Editor Mato Grosso do Norte
A educação na Rede Estadual de Educação de Mato Grosso, sofre mais um impacto, que acarretará em um irreparável prejuízo no processo de aprendizado dos alunos. Em 2019, uma greve dos profissionais da Educação teve duração de mais de 70 dias. Em, 2020 com a pandemia de covid-19, as aulas tiveram que ser suspensas e não há previsão de quando haverá um retorno.
Para tentar amenizar o problema, a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) disponibilizou aos estudantes da rede estadual a plataforma digital Aprendizagem Conectada. A ferramenta, que pode ser acessada pelo computador e dispositivos móveis (celular e tablet), possui atividades pedagógicas para auxiliar os estudantes na aprendizagem durante a suspensão das aulas.
Além da plataforma, as escolas fornecem também para os alunos, o material impresso. As escolas da rede estadual estão orientadas a fornecer as apostilhas para os pais ou alunos que as procurarem em busca deste material, gratuitamente.
No entanto, para alguns profissionais do setor, esta tecnologia será apenas um paliativo para minimizar as consequências que a clientela escolar sofrerá no calendário de 2020.
Para o assessor pedagógico de Alta Floresta, Carlos Alberto Cardoso, a aprendizagem conectada, através da plataforma é uma atividade subjetiva e ainda não dá para avaliar até que ponto haverá um aproveitamento satisfatório para os alunos.
“É difícil você falar em aproveitamento nos lares se está sendo bem aproveitado ou não, porque o professor não tem acesso ao aluno. O aluno recebe o material, mas são sabemos a forma como ele está fazendo, quem está ajudando. Portanto, não conseguimos pontuar hoje como está sendo relevante a forma como o aluno está fazendo estas atividades em casa”, enfatiza Carlos.
Por outro lado, o assessor observa que tem muitos alunos que não tem acesso a internet. “Se o aluno já teve dificuldade de acompanhar o processo de aprendizagem com a mediação presencial dos professores, pressupõe- se que a dificuldade será ainda maior com ele sozinho, em casa, sobre mediação dos pais”, avalia.
Contudo, ele diz que o objetivo da secretaria de Estado de Educação, com esta plataforma, é assegurar minimamente que o aluno mantenha o ritmo de estudo, acompanhado pelos pais e orientados pelas escolas. “Está sendo bem aproveitado? Os alunos de fato estão tendo acesso a este material continuamente em sua casa? É uma questão que ainda estamos avaliando. Estamos realizando algumas reuniões para avaliar como está à procura dos pais por este material escolar. Apesar de ainda não estar fechado este levantamento, em 8 escolas que já conversamos, a procura está sendo abaixo do desejável”, aponta Carlos.
Carlos afirma que as escolas não tem pesquisas quantitativas do percentual de famílias que tem acesso a internet em suas casas. Porém, a secretaria Estadual de Educação transmitiu para as assessorias Pedagógicas, dados de uma pesquisa, que diz que mais de 58% dos domicílios não tem acesso à internet. E os que tem acesso a internet e computador, 33% acha difícil acompanhar a plataforma. Por isso, foi facilitado o material impresso para os alunos que não tem este acesso. “Ter computador e celular em casa, não significa que a família tenha acesso à internet. E acessar essa plataforma é material de grande peso”, observa Carlos
Para o assessor, os prejuízos para os alunos com a pandemia do covid-19, são evidentes. Para ele, a reposição apenas amena os prejuízos. “Do meu ponto de vista, por mais que os alunos estão tendo acesso ao material, o prejuízo na aprendizagem é indiscutível, seja pelo calendário ou pela questão da qualidade”, afirma.
O término do ano letivo, segundo Carlos, ainda não dá para prever. “Não dá para prever que termina em dezembro, janeiro ou fevereiro. O que posso dizer é que da forma como está hoje, 100% das escolas deve passar o ano letivo de 2020 adentrando o ano letivo de 2021”, prevê.