Reportagem
Mato Grosso do Norte
Se o sistema de saúde do município de Alta Floresta, nos bairros da cidade estão em situação precária, a população da zona rural enfrenta maiores dificuldades ainda para conseguir atendimento.
Para marcar uma consulta, o morador tem que empreender um verdadeiro périplo, principalmente depois que a prefeitura tirou os agentes de saúde de várias comunidades. Antes, os agentes de saúde marcavam a consulta e o paciente vinha para a Unidade Básica para ser atendido pelo médico na data marcada.
Agora, os moradores das comunidades são obrigados a vir até a Unidade marcar a consulta. No dia que o médico está atendendo ele vem para ser consultado. O médico recomenda os exames ou dá a receita e eles tem que vir para Alta Floresta para pegar os remédios [que muito raramente são encontrados] na policlínica da Cidade Alta.
A reclamação é uníssona por parte da população. Na cidade e na zona rural nas Unidades Básicas da Saúde, não existe nenhum medicamente para ser entregue aos pacientes.
“A prefeitura queria acabar com todas as agentes de saúde. Várias comunidades não contam mais com as agentes”, disse a moradora Ana Viva Rosa, moradora da comunidade Sol Nascente.
A senhora Ana foi obrigada a sair de sua comunidade para ser atendida na Unidade Básica de Saúde da comunidade Ouro Verde. A Unidade atende a população de várias comunidades, como a Sol Nascente, Água Limpa, Segunda Sul, Santa Helena, Nova Oriente, dentre outras.
“Tem muitas áreas descobertas, sem agentes de saúde. Com o agente, as consultas eram marcadas sem a pessoa precisar vir no Posto de Saúde. São profissionais que ganham pouco mais de mil reais e a prefeitura teria condições de pagar para a população ser melhor atendida”, reclama.
Em algumas comunidades, como a Santa Rita, não tem agente e o posto de saúde foi fechado pela prefeitura. “Estou com a receita e amanhã tenho que ir na cidade para tentar conseguir o remédio. A saúde aqui está péssima. Aqui nesta Unidade da Ouro Verde, não tem remédio. Se alguém precisar de um dipirona não tem!”, acrescenta.
Entretanto, os moradores elogiam o atendimento do médico que faz o atendimento. Conforme os moradores, o atendimento é feito duas vezes por semana, as segundas e sextas-feiras.
Abandono - A Unidade de Saúde da Comunidade Ouro Verde foi construída há 20 anos. E neste período de duas décadas, só foi pintado uma vez. E nunca recebeu nenhum reparo. Conforme uma funcionária do local, que pede para não ter o nome revelado, a área de recepção está caindo e tem sala que está interditada. Nos demais compartimentos, o forro está caindo e tem que ser tampado com plásticos e tiras de pano para não cair fezes de morcegos sobre os pacientes e o médico na hora das consultas.
Mas, não raro, o médico é atingido pelas fezes dos morcegos que se abrigam na Unidade de Saúde.
Conforme ela, a estrutura está totalmente comprometida e várias cobranças foram feitas para a prefeitura e para os vereadores, mas nada foi feito. “Em 20 anos, fizeram uma pintura. Já se passaram três prefeitos, sendo que dois deles ficaram 8 anos no mandato e não tiveram a iniciativa de fazer uma reforma neste posto”, disse.