Conteúdo Estadão
A greve de fome anunciada por presidiários de 11 das 55 unidades prisionais de Mato Grosso vem sendo planejada entre eles por meio do aplicativo WhastApp. Denominado "Salve Geral", o movimento vai se estender por tempo indeterminado, até que sejam atendidas as reivindicações. O contato entre presos de diferentes unidades mostra que apesar de revistas constantes, eles continuam tendo acesso a celulares com internet.
Entre as reclamações, estão a falta de medicamentos, dentista e médicos especialistas principalmente para o tratamento de tuberculose. Em abril deste ano, um detento morreu cinco meses depois de ter sido diagnosticado com a doença e, atualmente, 60 presos estão em tratamento.
Leia também - Presidiários protestam e fazem greve de fome em MT
Outra reclamação é referente à superlotação dos presídios, que, segundo eles, têm celas para 8 pessoas com 40. A população carcerária de Mato Grosso é de 11.219, sendo 10.649 homens e 570 mulheres.
Os presos criticam ainda a falta de oportunidades e estudo dentro das unidades prisionais, citam transferências irregulares de detentos, feitas de forma clandestina, e o isolamento de presos sem "motivo plausível".
O movimento grevista foi confirmado pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), responsável pela administração do sistema prisional, e pelo Sindicato de Agentes Penitenciários de Mato Grosso (Sindespen-MT).
Conforme o comunicado "Salve Geral" divulgado através de redes sociais, os presos não devem aceitar nenhum tipo de alimentação fornecida pelo Estado. Devem ainda suspender saída para atendimento oficial, audiência, consulta com psicólogo e assistência social.
Em nota, a Sejudh informou que os detentos "recusaram-se a receber o café da manhã e o almoço, na segunda-feira". Porém, nega que faltem especialistas.
"Todas maiores unidades do sistema penitenciário possuem no próprio local equipes formadas por médico (clínico geral, ginecologista) enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, assistente social, odontólogo, auxiliar de saúde bucal, farmacêutico e nutricionista", afirmou a gestão penitenciária.
O texto disse ainda que o Estado "contratará médicos para repor e ampliar o quadro do sistema penitenciário". Segundo o documento, nas demais unidades o atendimento é realizado na rede municipal. "Quanto aos medicamentos, informamos que são fornecidos pelas Secretarias Municipais de Saúde, e o sistema prisional recebe os mesmos medicamentos disponibilizados à população em geral".
A secretaria afirmou acompanhar o movimento e garantiu que as atividades de segurança estão normais.