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Caderno B Sexta-feira, 21 de Julho de 2023, 08:55 - A | A

21 de Julho de 2023, 08h:55 - A | A

Caderno B / PERFIL

Além do tempo

Na reta final de “Vai na Fé”, Regiane Alves revisita a icônica Dóris de “Mulheres Apaixonadas”



por Caroline Borges

TV Press

                A trama de “Vai na Fé” é recheada de enredos leves e cômicos. Regiane Alves, no entanto, sabia que iria encarar momentos mais dramáticos e tensos da história escrita por Rosane Svartman. Na pele da depressiva Clara, a atriz de 44 anos abordou questões atuais e extremamente relevantes na sociedade, como relacionamentos abusivos e a orientação sexual. Mesmo longe dos núcleos de humor, a atriz viu sua trama na novela ganhar uma torcida ferrenha e empática do público. “Fiquei muito surpresa. Não esperava mesmo tanta comoção. O carinho, as histórias recebidas, o compromisso, a responsabilidade foi algo emocionante durante todo o processo de gravação”, explica.

                No folhetim das sete, Clara é ex-esposa do vilão Theo, papel de Emílio Dantas. Antes de dar um importante passo em busca do divórcio, a ex-modelo sofreu inúmeros maus-tratos físicos e psicológicos nas mãos do empresário inescrupuloso. “É dolorido saber que isso é mais comum do que a gente imagina. Usar a arte para pensar e alertar é a minha função enquanto artista”, aponta. Com a separação em andamento, Clara encontrar o amor e uma relação saudável ao lado da personal trainer Helena, de Priscila Sztejnman. A profissional de Educação Física é vital no resgate da autoestima da mãe de Rafa, vivido por Caio Manhente. “A Helena mostra como uma relação pode ser construída com base no amor. As pessoas me pediam para Clara reagir e agora vibram por ela ter mandado Theo embora de casa”, vibra.

                Enquanto Clara sofre com as manipulações do ex-marido, Regiane relembra, nas tardes da Globo, uma personagem que fez muitos idosos sofrerem. A atriz voltou ao ar na reprise de “Mulheres Apaixonadas”, do “Vale a Pena Ver de Novo”. No folhetim de Manoel Carlos, Regiane interpretou a mimada Dóris, que ficou marcada na teledramaturgia por maltratar os avós ao longo da trama. A personagem fez a jovem atriz passar por alguns apuros durante as gravações. “Lembro de uma cena da passeata em Copacabana da qual a Dóris participou. Tinha uma equipe grande, várias câmeras em cima dos hotéis para filmar. Só que, na hora em que eu entrei, o público ficou tão enlouquecido que veio para cima. Eu tive de ir para outro lugar, foi uma loucura. Quando havia cenas em que ela maltratava os avós, eu também não conseguia sair muito na rua, ficava um pouco apreensiva com essa repercussão toda. Era bem forte e até hoje as pessoas falam: ‘Nossa, eu te odiava nessa novela!’”, relembra.

                Apesar ter feito inúmeras cenas sendo grosseira com os avós, Regiane nunca classificou sua personagem como vilã, mas sim uma adolescente inconsequente. “Acho que ela é uma jovem sem limites, sem regras, que só pensa nela e não no próximo. Ela faz tudo de forma inconsequente e com o desejo de se dar bem, achando que não vai causar problema a nenhuma outra pessoa, no caso ali, os avós”, defende a atriz, que viu sua carreira mudar após a novela das nove. “A Dóris é muito viva na memória das pessoas e, ao mesmo tempo, já se passaram 20 anos. Hoje uma nova geração pode assistir. E que bom, porque é uma grande história de um grande autor. Tenho muita saudade dessa época, das novelas do Manoel Carlos – fiz três: ‘Laços de Família’, ‘Mulheres Apaixonadas’ e ‘Páginas da Vida’. É bom a gente poder fazer uma homenagem à obra de um grande autor em vida”, completa.

 

“Mulheres Apaixonadas” – de segunda a sexta, às 17h, na Globo.

“Vai na Fé” – de segunda a sábado, às 19h30, na Globo.

 

Ação efetiva

                A tevê é bastante conhecida por sua força e repercussão massiva. Regiane Alves, porém, viu a trama de Dóris ir além dos holofotes e fama. A partir do enredo de Manoel Carlos foi o criado o Estatuto do Idoso. “Me vi em Brasília tentando adiantar o processo do Estatuto do Idoso. Então, além do reconhecimento profissional, a gente deixou algo para o nosso país, para a nossa sociedade, sobre como a gente deveria olhar esse público que estava envelhecendo”, explica.

                A construção da personagem, inclusive, se deu no dia a dia do set com Oswaldo Louzada e Carmem Silva, que viviam os avós de Dóris. “Eles já eram bem idosos. No cotidiano da gravação havia todo um cuidado com eles. Era uma situação quase real do que estava acontecendo fora e dentro das telas. A personagem foi realmente construída no dia a dia, de acordo com as cenas que iam chegando. E acho que o público também foi formando junto. A Dóris foi um furacão, tanto é que foi difícil dar um final para ela”, afirma.

 

Instantâneas

# Regiane também atua como escritora. Recentemente, ela lançou o livro “Uma Ilha Fora do Mapa”.

# A atriz confessa que o elenco jovem de “Vai na Fé” tem conhecido a mimada Dóris através da reprise do “Vale a Pena Ver de Novo”. “Eles ainda não tinham visto e vêm comentar comigo. Acho que é a chance de o público assistir a uma boa novela e não deixa de ser uma homenagem ao Manoel Carlos”, valoriza.

# Ela foi casada com o cineasta João Duarte Gomez, filho caçula de Regina Duarte.

# A atriz estreou na tevê aos 19 anos, na trama de “Fascinação”, em 1998 no SBT, em que viveu a protagonista Ana Clara.

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