por Geraldo Bessa TV Press
Dira Paes sempre tenta se distanciar ao máximo de suas personagens. Com a Conceição de “Pablo & Luisão”, entretanto, a atriz resolveu parar de fugir e utilizar as coincidências a seu favor. Papel baseado na mãe do criador da série, Paulo Vieira, Dira exalta o jeito leve e divertido com que Conceição leva a vida e cuida de sua família, apesar das adversidades. Além disso, a atriz também é mãe de dois meninos – Inácio e Martim, frutos de seu casamento com o diretor de fotografia Pablo Baião. “Conceição é essa mãe que vibra, repreende, mas que também cai na gargalhada. Me senti muito honrada com o convite do Paulo para participar da série. Principalmente, por saber que foi a mãe dele que me escolheu”, ressalta.
Natural da pequena cidade paraense de Abaetetuba, Dira estreou nas Artes Cênicas após vencer uma bateria de testes para um papel em “A Floresta de Esmeraldas”, longa de 1985 do cineasta inglês John Boorman, filmado na Amazônia. “Tinha 14 anos e me apaixonei por aquele ambiente. Vi que era o que eu queria para minha vida”, garante. De tão envolvida com o cinema, ela demorou a se interessar pela tevê. Ao longo dos anos 1990, fez trabalhos esporádicos como “Araponga” e “Irmãos Coragem”, mas só realmente investiu no veículo a partir dos anos 2000, década em que ganhou popularidade a partir de produções como “A Diarista” e “Caminho das Índias”. Hoje, aos 55 anos, Dira é uma das atrizes mais relevantes de sua geração e se orgulha da carreira diversa e cheia de autonomia que construiu. “Vim tentar a vida no Rio de Janeiro sem qualquer garantia. Chegar até aqui é motivo de muita felicidade. Me sinto uma sortuda”, gaba-se.
P – Você foi um dos primeiros nomes a integrar o elenco de “Pablo & Luisão”. Como foi o convite para a série?
R – Encontrei o Paulo (Vieira) em pleno Círio de Nazaré, uma festa grandiosa que acontece em Belém, no Pará, e ele me disse que estava escrevendo um projeto para o Globoplay e que me queria no elenco. Nem tivemos como conversar muito sobre a personagem, mas o pouco que ele me disse sobre as histórias de família me comoveu e me fez querer participar. Paulo é um artista iluminado e necessário.
P – Em que sentido?
R – Ele é uma figura brasileira tão especial. Já vinha fazendo um trabalho lindo no programa “Avisa Lá que Eu Vou”, que resgata e apresenta grandes riquezas nacionais e agora surge com essa série que é um retrato tão bonito do Brasil profundo, das memórias dele que também são nossas. Ele conseguiu fazer 16 episódios, onde reúne grandes histórias, com potencial de reunir a família na frente da tevê.
P – Como você encara a função de interpretar a mãe do criador da série?
R – É algo muito especial para mim. Um dos motivos de eu ter topado fazer a série foi saber que, na verdade, foi a Dona Conceição quem me escolheu para interpretá-la.
P – Como foi o primeiro encontro de vocês?
R – Maravilhoso. Foi impressionante como a gente se conectou rápido. Também sou mãe de dois meninos, nasci no Pará, que é um estado primo do Tocantins, e que também é comumente ignorado pelo Sudeste. Conhecer e criar uma relação com essa mulher foi fundamental para a minha atuação. Conceição é uma mulher admirável, uma mãe que vibra, repreende, mas que também cai na gargalhada, que tem uma leveza até nos momentos mais tristes, algo que me lembra minhas tias, minhas vizinhas. É uma mulher brasileira e possível.
P – Você estava distante do humor há alguns anos. Como foi esse retorno ao riso em “Pablo e Luisão”?
R – Realmente, tenho feito coisas mais sérias na tevê nos últimos anos. Voltar à comédia com um texto que realmente me faz rir é sensacional. Ainda mais na companhia do Ailton (Graça) e do Otávio (Muller), que são dois craques. As gravações foram maravilhosas. Acho que esse clima bom fica evidente nas cenas.
“Pablo & Luisão” – Globoplay – 16 episódios.