por Geraldo Bessa TV Press
O grande sonho de qualquer fã é ficar um pouco mais perto dos ídolos. Foi esse desejo que Ravel Andrade conseguiu realizar como protagonista de “Raul Seixas: Eu Sou”, minissérie que conta a história de um dos maiores expoentes do rock brasileiro. Também músico e fã de Raul desde jovem, Ravel teve livre acesso ao acervo do artista, além de longas conversas com familiares e pessoas que conheceram o compositor de sucessos como “Gita” e “Eu Nasci há Dez Mil Anos Atrás” bem de perto. “Muito antes da série, Raul já fazia parte da minha vida e me influenciou com as ideias que colocava em suas canções. Fiquei instigado a conhecer de fato esse cara por trás do grande artista”, valoriza.
Gaúcho de Porto Alegre, Ravel tinha 18 anos quando decidiu seguir os passos do irmão, o também ator Julio Andrade, e enveredar pelas Artes Cênicas. Sua estreia na tevê foi na série “Desconectados”, do Sony Channel, mas ele chamou mesmo a atenção de autores e diretores a partir de seu bom desempenho em “Sessão de Terapia”, do GNT. Já na Globo, Ravel participou de produções como “Império”, “Supermax” e “Rock Story”. Mais recentemente, foi um dos protagonistas de “O Jogo que Mudou a História”, do Globoplay. “Gosto da trajetória que estou construindo e me sinto muito sortudo com as oportunidades tão diferentes que têm aparecido”, ressalta.
P – Embora Raul Seixas tenha falecido há mais de 30 anos, a imagem dele ainda é muito viva na memória do público. Como isso pesou na sua preparação?
R – Me levou a um mergulho mais profundo. Não queria entregar na minha atuação o que todo mundo espera de um ator interpretando o Raul. Soube que o personagem era meu em dezembro de 2022 e comecei a preparação no mesmo dia. Muito atenta e experiente, minha esposa, Andréia (Horta), me deu de presente de Natal a biografia “Não Diga Que A Canção Está Perdida”, escrita pelo Jotabê Medeiros. Então, esse processo começou dentro de casa.
P – A Andreia interpretou a Elis Regina no cinema. Chegou a pegar algumas dicas com ela?
R – Muitas. E são personagens com algo em comum, já que a Elis também é um ícone até hoje. Conversamos muito em casa sobre o caminho a seguir quando se tem um trabalho desses em mãos. Até o final das gravações da série, minha vida foi dedicada ao Raul, sua obra, seus causos. Aí também entra o auxílio maravilhoso dos diretores da série e da família do Raul.
P – Como foi esse contato com os familiares?
R – É impressionante como a família cuida bem do espólio do Raul. Meu principal elo foi a filha dele, Vivi Seixas, que me deu livre acesso a baú onde ele guardava relíquias como as fitas das primeiras canções, filmes em Super 8, diários e figurinos de alguns shows. É um material muito vasto sobre a vida de Raul, com intimidades, apresentações ao vivo, tudo separado por data. Eu, que já era fã, fiquei fascinado com o acervo.
P – De todas as fases da vida do cantor, qual foi a mais complexa de interpretar?
R – Com certeza foi a solidão de Raul no fim da vida. Havia um Raul profundamente solitário, que lutava com os monstros do vício, com os conflitos internos, as desilusões com o mundo e a falta de reconhecimento em vida. Entrar nesse lugar escuro exige muita coragem emocional. Apesar das cenas difíceis, vem dessa fase a minha sequência favorita deste trabalho.
P – Qual?
R – A reprodução do show de 1989, no famoso Canecão, no Rio de Janeiro. A cena representava o último encontro de Raul com Paulo Coelho (João Pedro Zappa) depois de um ano de rompimento. Estava ali, vivendo um Raul muito debilitado, já no ano de seu falecimento. A emoção era imensa, sabendo que era o desfecho da série.
“Raul Seixas: Eu Sou” – Globoplay – minissérie em oito episódios.