Navegando pelas redes sociais percebo uma infinidade de comentários sobre determinados assuntos que são despejados nas páginas, sem nenhuma noção do ridículo e tudo se dá pela falta do conhecimento. Minha tese para isso, resumo num simples vocábulo: leitura.
Diante à dinamicidade que a vida se nos apresenta neste cibernético e tecnológico momento em que tudo é facilitado, o processo da leitura – acreditem – tornou-se desnecessário, obsoleto. Escrevi, numa antiga crônica, sobre o mimetismo mental onde deixamos de pensar, ou transformamos o nosso pensar no pensar de outros, uma vez que sempre tem alguém pensando por nós e, com isso, nos roubando o “cogito ergo sum” apresentado ao mundo pelo filósofo René Descartes, fundador e pai da filosofia e da matemática modernas.
Uma pessoa, mesmo tendo formação superior e conhecimento específico em determinado assunto, se ela não tem o hábito da leitura, ela não consegue se comunicar e quando se comunica, comunica-se com palavras e ou, frases erradas, mal construídas, devido ao vocabulário curto e ínfimo conhecimento de gramática. E mesmo com aparente eloquência, mostra-se repetitiva e ridícula.
Quem não costuma ler, não consegue estabelecer uma relação harmoniosa com as palavras. Elas não vão à igreja, ao supermercado, à academia. Não que elas não precisem da convivência com esses itens, elas vão ‘na igreja’, ‘no supermercado’, ‘na academia’ como se esses itens fossem meios de transporte.
Igrejas, mercados e academias são substantivos estáticos, não se movem e embora possam ser mudados, não se mudam por si próprios.
E, por falar em mercado, dia desses, eu estava na fila das carnes e como cronista observei a cena. A garota pediu quinhentos gramas de músculo e o açougueiro repetiu modificando o pedido: você pediu quinhentas gramas de músculo? Nesse caso teria sido melhor pedir meio quilo.
Outro dia ouvi de uma criança, falando aos pais, - comprem um lanche pra eu comer? E a evasiva resposta/pergunta da mãe: O quê? Segundos depois a mesma mãe acrescentou com voz firme perguntando à criança: Você quis dizer, comprem um lanche pra mim comer?
Engraçado! É o aprendizado sendo desaprendido. A criança que sabia, deixou de saber, desaprendeu.
Carlos Alberto de Lima é jornalista e escreve às sextas-feiras em Mato Grosso do Norte