Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025

Opinião Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025, 13:35 - A | A

05 de Novembro de 2025, 13h:35 - A | A

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O verdadeiro Robin Hood às avessas

Enquanto o setor produtivo luta para sobreviver num ambiente sufocado por impostos, burocracia e insegurança jurídica



David F. Santos

Nos últimos dias, o vídeo compartilhado pelo influencer e palestrante Eduardo Prado voltou a escancarar uma realidade que o brasileiro trabalhador e o empresário conhecem bem, mas que o discurso político insiste em distorcer.
A fala do presidente da República, de que “os empresários pagam mal e por isso o povo prefere viver do Bolsa Família”, é mais do que uma injustiça — é uma tentativa perigosa de dividir o país entre “bons pobres” e “maus patrões”, desviando o foco de quem, de fato, se apropria da maior parte do suor de quem produz: o Estado (representado pelos governos federal, estatal e municipal).
Por exemplo, para uma empresa optante pelo regime tributário do Lucro Presumido ou Lucro Real, pagar um salário de R$ 4 mil, em geral a empresa desembolsará R$ 6.680 mil. Desse total, R$ 2.680 mil vão direto para o governo em impostos e encargos!

O trabalhador, por sua vez, paga mais R$ 760 em tributos sobre sua própria renda. No fim do mês, de tudo o que o empresário produziu e o empregado trabalhou, quase metade fica com o Governo Federal, que pouco devolve em serviços básicos de qualidade.
Quando o cidadão vai ao mercado, paga imposto no arroz e no feijão.

Quando o cidadão vai ao mercado, paga imposto no arroz e no feijão. Na conta de luz, na água, na gasolina

Na conta de luz, na água, na gasolina, na internet, em tudo o que consome, há mais tributos. Paga caro por um plano de saúde porque o SUS não dá conta de atender com agilidade e qualidade. Paga escola particular porque a escola pública em geral não ensina o suficiente para a criança ser independente na vida adulta. E, ainda assim, o discurso oficial tenta convencer o trabalhador de que o problema é o patrão.
É um gatilho político antigo: criar um inimigo comum. A narrativa do “empresário vilão” serve para mascarar a ineficiência e a voracidade fiscal do Governo Federal que representa a maior fatia de impostos pagos ao Estado brasileiro.
Enquanto o setor produtivo luta para sobreviver num ambiente sufocado por impostos, burocracia e insegurança jurídica, o governo continua a engordar sua máquina, gastando bilhões em privilégios, mordomias e licitações absurdas, como por exemplo, as famosas lagostas e vinhos dos tribunais superiores.

Quando o presidente da República culpa os empresários pelos baixos salários, ignora que o verdadeiro “patrão” de todos é o “Leviatã estatal de Hobbes”, é o Estado! Que drena a riqueza da sociedade produtiva para sustentar uma elite burocrática improdutiva. O que Rothbard revelou em seu livro, e que o Brasil vive na prática, é que o Estado não cria nada! O Estado apenas toma, distribui conforme seus interesses políticos e se autopromove como salvador das crises que ele mesmo criou.
Não é o empresário quem oprime o trabalhador. É o Estado pesado, burocrático, ineficiente e caro, que consome o que ambos produzem. Demonizar quem empreende é um erro estratégico e moral. O empresário não é inimigo do povo, ele é o elo que mantém a roda da economia girando, que realmente distribui riquezas, cria empregos e oportunidades em meio a um sistema hostil.
O Estado não redistribui riqueza dos ricos para os pobres, mas sim suga recursos de todos para sustentar a si próprio. Essa engrenagem estatal mantém os mesmos grupos políticos no poder, utilizando os mais vulneráveis como massa de manobra, se utilizando do argumento emocional velho, desgastado e maquiavélico do “nós contra eles” ou “nós contra as elites”, em campanhas políticas.
Assim, em outras palavras, o Robin Hood às avessas não é o patrão, não é o empresário empreendedor. Robin Hood às avessas é um “sistema” que pertence a uma organização, conhecida como “Estado”, que insiste em tomar o dinheiro do pobre para dar regalia a políticos ricos, que só pensam em se elegerem e se reelegerem, devolvendo migalhas através de “programas sociais” como Bolsa Família, Auxílio Gás, Luz Para Todos, entre outros, para manter o controle sobre a população mais carente.
O Brasil precisa de uma reforma muito maior que a tributária que está chegando em 2026, precisa que vá além de trocar nomes de impostos.

Precisa acabar completamente com a burocracia, precisa acabar com fundos eleitorais bilionários, precisa reduzir a carga sobre quem trabalha e produz, e precisa cortar o privilégio de quem vive à sombra da arrecadação.

David F. Santos é Consultor Empresarial e Tributário na Lucro Real Consultoria

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