Reportagem
Mato Grosso do Norte
Após a operação Loki, realizada pela Defaz na prefeitura de Nova Bandeirantes, com a apreensão de documentos e cumprimentos de mais de 10 mandados de busca e apreensão, a Câmara Municipal de Nova Bandeirantes instaurou na noite de segunda-feira 25, em sessão ordinária, uma comissão especial de inquérito, para investigar os indícios de irregularidades na administração municipal.
Durante três dias (quarta, quinta e sexta-feira) mais de 50 agentes vasculharam a prefeitura de Nova Bandeirantes, colheram depoimentos de diversas pessoas, incluindo o próprio prefeito, a secretária de Finanças e o assessor contável, Eleandro Peres, principais alvos da operação.
Pela movimentação na cidade durante a operação, a população está estarrecida e supõe que há algo muito errado acontecendo no poder público municipal. O clima e de decepção.
Dos 9 vereadores que compõem o legislativo municipal, 8 votaram pela abertura da comissão e apenas uma, a vereadora Lurdes, votou contra. O vereador Marino Francisco Domingues (PMDB), relator da comissão, disse que a Câmara tem 90 dias para fazer os trabalhos.
“Eu não sabia de nada do que estava acontecendo na prefeitura. Acho até que o prefeito está fazendo uma boa administração e está de parabéns. Mas houve esta operação, que recolheu muitos documentos na prefeitura, e a Câmara teve que se posicionar. Os vereadores acharam por bem abrir a comissão, investigar e apurar a verdade”, disse o vereador.
O parlamentar não quis informar quantos vereadores são da base do prefeito na Câmara Municipal. Mas assegura que os trabalhos serão feitos com isenção. “Eu defendo a verdade. Estou no terceiro mandato e faço meu trabalho com cuidado para não atrapalhar e jamais quero condenar”, observa.
Um assessor da prefeitura de Nova Bandeirantes disse que a assessoria jurídica do prefeito vai entrar com uma ação para interpelar a comissão. O argumento é que os vereadores que assinaram o Requerimento para que a comissão fosse instaurada, também são membros da mesma, o que contraria a legislação.
Marinho observa que ele não assinou o requerimento. Mas que a assessoria jurídica da Câmara vai analisar para ver se tem alguma falha, para fazer as correções. “Vamos nos reunir com o jurídico. A comissão foi criada com muita pressa”, diz.
Áudio – Dois dias após o final da operação Loki realizada em Nova Bandeirantes, um áudio de uma conversa entre o prefeito Valdir Rio Branco e uma pessoa que seria a assessora jurídica da prefeitura, Narjara Braz, vazou nas redes sociais. Na gravação, o prefeito questiona a advogada se ela estaria defendendo particularmente alguns funcionários da prefeitura e cita os nomes Kelyn e Fábio, afirmando que ela foi vista com eles em Nova Monte Verde.
“Não. Eu fui porque a promotora pediu para mim ir e esclarecer as contratações temporárias, que são 547”, responde.
O prefeito pergunta onde. E ela responde “aqui”.
Na sequência ela diz que não entendeu porque o prefeito perguntou porque ela estaria fazendo trabalhos para funcionários.
O prefeito diz que eles, os funcionários, foram fazer uma denúncia e ela estava junto. “Eu queria saber porque?”.
“E qual é o problema?”, retruca a advogada.
“Você está prestando serviços pra eles...”, reitera o prefeito.
“Estou prestando serviço para o município”, responde a advogada.
“Mas eles foram lá fazer uma denúncia e você tá junto. Queria saber. Você foi filmada lá, junto com eles”, pontua o prefeito.
“Qual o problema. Eles estão fazendo alguma coisa errada?”, respondea advogada, dizendo que os dois citados também são funcionários do município.
O prefeito volta a afirmar que se ela está prestando serviço para o município “é o município. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Tem que andar com o município”.
“Mas eles são servidores do município também”, responde ela.
“Mas eles estavam a serviço do município?”, volta a questionar o prefeito.
“Aí o senhor tem que perguntar para eles... entendeu. Tem a possibilidade de ir todos juntos para economizar o combustível e não pedir adiantamento...”., justifica.
O prefeito diz, então que a assessora não avisa que vai sair e precisa-se dela na prefeitura e ela não está presente. E questiona a assessora sobre o contrato do assessor contábil, Aleandro Peres, um dos alvos da operação Loki, sobre um documento.
A advoga explica que Aleandro está pedindo a ela a devolução de documentos de seu contrato e ela quer saber por qual motivo. E que pediu para ele protocolar e fazesse oficial. Explica que ainda não atendeu por que é a única advogada para atender toda a demanda da prefeitura. --