No depoimento que prestou aos promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o empresário Giovani Guizardi afirmou que o presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Guilherme (Maluf PSDB) auxiliou financeiramente o ex-Superintendente de Infraestrutura Escolar, Wander Luiz dos Reis, um dos presos na Operação Rêmora pela suspeita de participação em um esquema de cobrança de propina e fraude em licitação.
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A suspeita é que o pagamento de despesas tenha sido feito para impedir uma delação premiada que viesse a comprometer o parlamentar perante a Justiça.
Guizardi revelou que, enquanto estava detido no Centro de Custódia de Cuiabá, foi procurado por Wander Luiz dos Reis, que alegou enfrentar dificuldades financeiras.
A partir daí, solicitou ao advogado de Wander que entrasse em contato com o deputado estadual Guilherme Maluf.
De acordo com o empresário, o parlamentar pagou os honorários advocatícios de Wander Luiz dos Reis e ainda empregou uma de suas parentes em cargo comissionado na Assembleia Legislativa.
“O deputado Guilherme Maluf resolveu o problema financeiro de Wander, incluindo uma parente dele (Wander) na folha de pagamento da Assembleia Legislativa do Estado na qualidade de funcionária comissionada; Que tomou conhecimento de que Guilherme Maluf pagou os honorários advocatícios de Wander”, diz um dos trechos do depoimento.
Outro que alegou dificuldades financeiras foi o ex-assessor especial da Secretaria de Educação, Fábio Frigeri.
Porém, o auxílio financeiro foi concedido pelo ex-secretário de Educação, Permínio Pinto (PSDB), no mês de maio, dois meses antes de ser preso preventivamente após ser apontado pelos promotores de Justiça como o chefe do esquema de corrupção que envolvia cobrança de propina as empreiteiras prestadoras de serviços e fraude em licitação para favorecê-las na execução de obras públicas.
Também para impedir uma eventual colaboração premiada do ex-secretário Permínio Pinto, o deputado estadual Guilherme Maluf empregou na Assembleia Legislativa Auro Guilherme Ulyssea, primo do ex-secretário.
De acordo com as investigações, a cúpula do PSDB montou um esquema de corrupção na Secretaria de Educação visando quitar dívidas de campanha eleitoral.
No depoimento do empresário Giovani Guizardi, é dito que o deputado federal Nilson Leitão e o deputado estadual Guilherme Maluf foram responsáveis pela nomeação de servidores que assumiam funções estratégicas para facilitar o desvio do dinheiro público.
Outro lado-O deputado Guilherme Maluf nega veementemente que tenha participado de qualquer esquema de irregularidades na Secretaria de Estado de Educação (Seduc). “Meu único relacionamento com a pasta foi de ter participado da indicação pela cota do PSDB, dos nomes de Wander Reis e Moisés Dias para ocuparem cargos comissionados na Seduc. Duas pessoas com vasta experiência no poder público, e especificamente na Educação”, afirmou.
De acordo com o parlamentar, o contato que teve com o empresário delator foi em apenas uma ocasião. “Estive reunido uma única vez, quando ele me pediu para interceder pela empresa Dínamo Construtora para receber por uma obra mal feita realizada na estrada que liga Cuiabá a Santo Antônio do Leverger, pedido que neguei de pronto”, disse.
Maluf também negou que tenha recebido dinheiro ilícito. “Nunca recebi dinheiro ilícito do meu primo Alan Malouf e nem de qualquer outro cidadão, e muito menos participei de qualquer reunião com empresários que prestavam serviço na Seduc. Lamento que meu nome e o da minha família sejam prejudicados por uma delação sem absolutamente nenhuma prova concreta”, avaliou.