Assessoria/ MPE
O Ministério Público do Trabalho participou, nos dias 8 e 9 de março, do seminário “Mulheres em Questão: mulheres, ainda estamos em 1857?”, realizado pelo Teatro Experimental de Alta Floresta (TEAF) e pela Comissão para Debate das Questões de Gênero do Instituto Federal do Mato Grosso – Campus Alta Floresta.
Os procuradores do MPT Ludmila Pereira Araújo e Marcel Bianchini Trentin integraram a mesa “A condição da mulher no mercado de trabalho”, que abordou questões estruturais como desigualdade salarial, racismo, violência contra a mulher, assédio moral e sexual, distribuição de cargos de chefia, jornada dupla de trabalho e o alto índice de demissões de mulheres após a licença-maternidade. Em sua palestra, a procuradora do MPT Ludmila Pereira falou sobre as bandeiras do feminismo.
“A gente precisa entender que feminismo não tem nada de tabu. Feminismo nada mais é do que a luta pela igualdade de fato, igualdade mesmo, ali, efetivada, entre homens e mulheres”, afirma. A procuradora apontou também que essa deve ser uma luta de todos nas relações de trabalho, independente do gênero.
“Essa é uma luta de todos que desejam um ambiente de trabalho saudável, seguro e inclusivo”, esclareceu.
“Derrotar tais práticas [de desigualdade] é parte integrante da conquista da plena igualdade e direitos e oportunidades entre homens e mulheres”, completa a procuradora. No sábado, 9, ela também participou da mesa “Fibras, Feridas e o Direito de Ser (vida e trabalho)”. Na ocasião, frisou que reconhecer que existe um problema estrutural, que há discriminação, que o ambiente de trabalho, na maioria das vezes, leva em conta aspectos masculinos, é uma maneira de enfrentar a questão.
“É também preciso conscientizar-se sobre os direitos das mulheres tanto na teoria, como na prática, sobre as regras jurídicas nacionais e internacionais que asseguram a igualdade de gênero, e reconhecer que é uma questão histórica que precisamos superar. Participar de palestras, seminários, audiências públicas, ainda mais esse público acadêmico, por vocês estarem num espaço de construção do saber”. Uma luta de todos Em sua fala, o procurador Marcel Trentin lamentou que as desigualdades de gênero ainda sejam grandes no Brasil.
“Até aqui, as mulheres conquistaram o direito ao voto, o direito a licença maternidade, dentre outros direitos. No entanto, ainda falta um caminho gigante para a plena igualdade de gênero. O número alarmante de feminicídios, de agressões e de estupros faz do Brasil o 5º pior lugar do mundo para ser uma mulher. Essa trágica realidade somente pode ser alterada se os homens abraçarem a luta pela igualdade de gênero”, observou. Trentin falou sobre a atuação do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do papel da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade). “São realizadas políticas públicas de enfrentamento dessas questões de gênero e de outras como a questão racial, pessoas com deficiência, assédio moral, assédio sexual”, conta.
Ele também destacou que o Dia Internacional da Mulher serve para trazer reflexão e para reforçar que a luta pela igualdade deve ser de todos. “Homens, comprometam-se consigo a adotar uma postura menos machista. Não riam de piadas machistas. Não contem piadas machistas. Não tratem as mulheres como objeto. Entendam que a responsabilidade pela casa é de quem mora nela e que a responsabilidade pelos filhos é de que os gerou”, disse. “Essas mudanças de comportamento são os melhores presentes que nós podemos dar a todas as mulheres”, concluiu