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Política Segunda-feira, 31 de Julho de 2017, 00:00 - A | A

31 de Julho de 2017, 00h:00 - A | A

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Operação Sodoma: Marcel de Cursi aponta participação de 4 deputados em esquema de desapropriação



Reportagem
Mato Grosso do Norte

Marcel de Cursi, ex-secretário estadual de Fazenda é acusado de participação no suposto esquema que teria desviado cerca de R$ 15,8 milhões do Estado, em 2014, por meio do pagamento da desapropriação de uma área no Bairro Jardim Liberdade, no valor de R$ 31,7 milhões, à empresa Santorini Empreendimentos Imobiliários. O valor desviado teria sido destinado à organização criminosa comandada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
No entanto, interrogado na tarde de quinta-feira, 27, na ação penal derivada da 4ª fase da Operação Sodoma, ele negou de forma veemente a participação no esquema e fez acusações que envolvem deputados que eram influentes no governo anterior. Ele permaneceu por quase 2 anos na prisão e foi solto no dia 11 de julho. 
Durante o interrogatório, negou ter se beneficiado do esquema e citou a participação dos deputados Wagner Ramos, Romoaldo Júnior, Mauro Savi e Guilherme Maluf e da ex-deputada e atual prefeita de Juara, Luciane Bezerra, nas negociações ilícitas.
"Não interferi em momento algum nesse processo do Jardim Liberdade. Nem conheço esse processo, nunca tratei dele com ninguém. Não recebi nenhuma propina", disse Cursi.    
O valor que, segundo a denúncia, seria para ele, foi destinado à atual prefeita de Juara, Luciane Bezerra (PSB). Este fato teria sido conformado pelo ex-secretário da Casa Civil, Pedro Nadaf.  " Que esses valores que o MPE diz que recebi, segundo o Pedro Nadaf, foi usado para a Luciane Bezerra em função de dívidas do governador Silval com ela. "Eu não estive reunido com o Silval para liberar o recurso porque haveria um retorno. Não era a Secretaria de Fazenda que tinha que liberar esse recurso”, relata.

O ex-secretário disse que os demais réus da ação têm ocultado a participação de pessoas com foro especial por prerrogativa de função nos fatos investigados.  "Os réus vêm aqui e omitem pessoas com foro privilegiado, como a ex-deputada Luciane Bezerra. Aí é muito fácil pegar um servidor de carreira e botar ele aí".                 
Marcelo Cursi citou que os quatro deputados teriam se beneficiado do esquema.  "Wagner Ramos, Romoaldo Júnior, Mauro Savi e Guilherme Maluf. Esses nomes não aparecem".
"Eu não consigo entender porque entrei nisso, mas consigo perceber que muita gente com foro ficou de fora. Não estou dizendo que essa protelação é culpa do Ministério Público, mas os réus são delatores, eles estão fazendo a defesa deles", acentua. 
Propina - Para Cursi, os números dos desvios e da divisão da propina não fecham na denúncia.
 "Se dos R$ 15 milhões, Supostamente R$ 10 milhões foram para Silval, R$ 4,4 milhões para os membros da organização, da qual eu não participo, mais 4,5 milhões de custos diversos, como o pagamento de um jornalista, além dos R$ 4,4 milhões que os réus dizem que ficaram para eles. Então está faltando mais de R$ 2 milhões!", indaga.
O ex-secretário corroborou a versão do procurador Chico Lima e também negou que tenha tido qualquer reunião com o delator e dono do terreno, Antonio Carvalho.
A juíza Selma Arruda perguntou se era verdadeira a afirmação do ex-presidente da Metamat, João Justino e que Cursi teria pedido para trocar sua propina por ouro.
 "Eu não comprei ouro. Se eu não recebi a propina, se a propina foi entregue para a Luciane, como que eu compraria?".
Ao final do interrogatório, Cursi citou que o sócio da JBS, Joesley Batista, que detalhou as propinas empresa na gestão de Silval, negou que ele tenha tido qualquer participação. Cursi também é réu em uma ação de improbidade sob a acusação de ter concedido incentivos fiscais ilegais ao frigorífico.
 "A doutora Ana e me arrebentou. Tomou tudo o que eu tinha em 31 anos da minha vida. Joesley demorou cinco anos para dizer que eu era inocente. E vejo meu nome em todo lugar como corrupto. Eu não preciso roubar, ainda mais por causa de R$ 700 mil. A doutora Ana tomou meu patrimônio de 31 anos de trabalho" .

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