A vitória da presidente Dilma Rousseff (PT) nas urnas neste domingo, 26, não deve afetar as políticas públicas dirigidas ao Estado e o novo governo de Mato Grosso, sob Pedro Taques (PDT), que desde o primeiro turno manifestou apoio ao adversário, Aécio Neves (PSDB). A diferença é que com Aécio haveria um suposto campo mais favorável politicamente para costurar benefícios a Mato Grosso, considerando o estreito relacionamento entre o tucano e Taques. O PDT nacional marcou presença ao lado de Dilma.
E mesmo que Taques tenha sido da ala crítica ao governo petista, o fato é que os avanços já verificados no Estado, como concessões na área da infraestrutura, deverão continuar, ressalvado nesse contexto ainda a segurança constitucional de verba carimbada para a saúde e educação. A análise é do cientista político, Alfredo da Mota Menezes.
Pedro Taques também acredita que Mato Grosso não sofrerá reflexos negativos em razão de sua posição política, deixando claro que o representante é eleito para governar para todos, sem distinção. E não se esquivou de mandar um claro recado à presidente, de que espera mudança em relação a atenção destinada ao Estado.
“O resultado da eleição presidencial mostra que o Brasil está dividido. A vitória de Aécio Neves em Mato Grosso reforça o sentimento de mudança da nossa população, já expressado nas urnas com a vitória do nosso grupo na disputa ao governo do Estado.
Espero que nesta nova oportunidade de governar, a presidente Dilma Rousseff olhe com mais atenção para Mato Grosso, dando a importância que merecemos. Superada a disputa nas urnas, trabalharemos para levar ao cidadão equipamentos públicos de qualidade.
Para tanto, contamos com o apoio do governo federal na destinação de recurso e aplicação de programas que irão mudar a vida da população. Agora, precisamos olhar para o futuro. Cheio de esperança espero que possamos verdadeiramente colocar em prática a palavra mais usada durante esta eleição: mudança”, assinalou Pedro Taques na noite de ontem, após o resultado das eleições presidenciais.
O olhar do governo federal para o Estado se ampara na representação econômica da balança comercial. O peso político de Mato Grosso, ainda visto como Estado periférico para a União, encontra na economia do agronegócio sua principal força para cobrar melhorias. E mesmo que o impulso a cargo do governo federal não esteja a contento, é preciso reconhecer alguns acenos.
Alfredo lembra no rol de benefícios ao Estado, a concessão para obras da BR-163, anunciada no final de 2013, em trecho que compreende a divisa de Mato Grosso do Sul ao município de Sinop. Atravessa 19 municípios no seio produtor do Estado, como Sorriso, Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, sendo o principal meio de escoamento da safra agrícola.
Outros aspectos, na opinião dele, devem assegurar o mesmo ritmo de investimentos para Mato Grosso. “A presidente Dilma tem pelo menos uma mudança de postura ideológica, que o presidente Lula não tinha. Ela faz concessões e vai continuar fazendo isso para Mato Grosso. O Aécio já é assim, mas o restante dos recursos públicos é carimbado.
Então não terá essa influência negativa para o Estado. O que já estava previsto para Mato Grosso, como obras do MT Integrado e ainda do VLT (Veículo Leve Sobre Trilhos), vai continuar, porque os contratos já foram feitos”, assinalou.
Frisou ainda que independente do vencedor, os ajustes fiscais no país são primordiais dada a estagnação da economia. ‘”Não há muita diferença. O Áecio faria o ajuste fiscal e a Dilma também terá que fazer, tanto é que já disse que o ministro da Fazenda vai sair”, lembrou ao mencionar outras posturas que deverão ser adotadas no novo governo. “O governo federal terá que rever muitas questões, como a Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), por exemplo, que poderá seguir as concessões”.
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