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Política Sexta-feira, 26 de Novembro de 2021, 00:00 - A | A

26 de Novembro de 2021, 00h:00 - A | A

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Violência contra a mulher é tema de campanha



José Vieira do Nascimento
Mato Grosso do Norte

Em cerimônia realizada na manhã desta quinta-feira, 25, a Câmara Municipal de Alta Floresta fez o lançamento oficial da Semana pela não Violência Contra a Mulher. A sessão foi presidida pela vereadora Ilmarli Teixeira (PT) e contou com a presença de autoridade, como o promotor. Dr. Daniel, delegada regional, Dra. Ana Paula, 2º tenente Eveline, 1º tenente Rafael Pasuch, a presidente do conselho da Mulher, Elisa Gomes, e representantes de diversos segmentos da sociedade organizada. 
A semana Municipal de Conscientização para a não Violência contra a mulher, foi criada em Alta Floresta por uma lei Municipal nº 2.445/2018 de autoria da ex-vereadora Elisa Gomes, atual presidente do Conselho da Mulher no município e secretária de Cultura. 
Em sua fala ela cobrou a instalação por parte da prefeitura, de uma Casa de Apoio à Mulher, vítima de violência doméstica e da Delegacia da Mulher. “Em Mato Grosso, só existem 5 delegacias da Mulher e em Alta Floresta, há 15 anos estamos cobrando”, disse Elisa. 
O promotor de justiça, Dr. Daniel, disse que em Alta Floresta, são muitas as mulheres que diariamente são espancadas, ameaçadas, recebem socos, são agredidas, obrigadas a ter relação sexual contra a sua vontade, presas em suas próprias residências e obrigadas a conviver com alguém que não ama mais, por que não tem para onde ir.
“Essa situação nos preocupa e são inúmeros os processos que chegam em nossas mesas, mas não podemos perder a esperança de mudanças reais na sociedade”, disse. Ele reforça a cobrança da construção de uma casa de apoio para a mulher que passa por esta situação, e não tem para onde ir. “Há as mulheres que sofrem violência doméstica por uma questão financeira, porque não tem esse apoio”, pontua. 
O 1º tenente Rafael Pasuch, reitera que a cidade tem um índice de ocorrências muito grande envolvendo violência doméstica. Porém, observa que este não é um problema peculiar à Alta Floresta, e sim uma realidade nacional.
“Ainda temos muitos casos que não são denunciados. Muitas mulheres não foram encorajadas e não conseguem denunciar.  Infelizmente a violência contra a mulher está em muitos lugares, até nas empresas”, disse Pasuch. 
O tenente frisa que essa inciativa [A campanha da não violência contra a mulher] é importante para promover a reflexão da sociedade. “Tem muitas denúncias, mas muitas vezes não tem representação, principalmente da violência verbal. Essas iniciativas são importantes para encorajar as mulheres neste sentido”, completa.
Ele anunciou na oportunidade, que por uma iniciativa da Tenente Eveline, está em estudo para implantar dentro do Quartel Ariosto da Riva, um espaço para o atendimento da mulher, onde irá funcionar a Patrulha da Mulher Maria da Penha. “Um espaço específico onde a mulher possa buscar o auxílio necessário, sendo atendida por mulheres enfatiza.

Câmara Municipal lança Semana pela não violência contra a mulher, para reflexão da sociedade sobre este grave problema social

A Tenente Eveline discorreu sobre a evolução que as agressões causam no psicológico das mulheres. “A gente começa a acreditar que tudo o que o agressor fala é verdade, que não somos capazes, que somos feias mesmo, que somos burras, que não temos capacidade de administrar o dinheiro e não tem capacidade de alcançar objetivos”, discorreu.
Eveline aconselhou a cada mulher, ao sair do evento, a ficar na frente de um espelho, se olhar e entender o quanto é capaz e que pode alcançar os objetivos mesmo que digam o contrário.  “A partir do momento que eu entendo que sou capaz e posso melhorar, somos capazes de sair do ciclo de agressão”, disse.
Como tenente e responsável pela Patrulha da lei Maria da Penha no município, a policial disse que quer ajudar.  “A partir do momento que você decida que quer sair disto, estamos de braços abertos para receber”, encoraja. 
A delegada Municipal, Dra. Ana Paula, ressaltou a importância da implementação de política pública, para despertar a conscientização da sociedade sobre este grave problema. “
A instituição da Semana de Conscientização da não Violência Contra a Mulher, serve como reflexão para discutir e refletir sobre isto, para que as pessoas possam ter este comprometimento e a importância de todos abraçarem esta causa”, aponta.
“Trabalhando há anos na Polícia, sei o quanto é difícil para a mulher vencer a barreira e ir até na delegacia procurar ajuda, principalmente aquelas que sofrem violência recorrente e sistemática em casa”, relata a delegada. 
Para a delegada, julgar as mulheres que enfrentam este tipo de situação, também é algo que deve ser refletido pela sociedade. 
“Muitas vezes ouvimos que a mulher que sofre violência deve gostar, porque vive há 10 anos com este indivíduo, fazendo ela sofrer e não toma uma atitude. Não sabemos o que esta pessoa sofre e quais os motivos que levam esta mulher a não romper esta barreira. Temos dependência financeira e emocional, quando a mulher acredita que o agressor pode mudar. E ela acaba se recolhendo neste contexto. Por isso a importância desta política pública serem feitas, para despertar na sociedade que todos devem se envolver, pois todos nós somos responsáveis”, aconselha.
De acordo com a delegada, cada um deve fazer a sua parte como sociedade, podendo começar em casa, na criação dos filhos, orientando meninos e meninas, sobre a igualdade entre homens e mulheres e que todos devem respeitar o direito ao próximo.
 Dra. Ana Paula observa, entretanto, que a ‘não violência contra a mulher não é uma bandeira, mas direitos que estão sendo tolhidos da mulher’. 
“A maior causa de feminicídio é o fato de um homem não respeitar o fim de um relacionamento. Isto quer dizer, que antes de morrer, a mulher teve um direito constitucional tolhido, que é o direito de ir e vir. Tem que se entender que a mulher é dona de seu destino, de decidir a sua vida e tem o direito de ter sua decisão respeitada”, enfatiza.

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