Suzy Rêgo se surpreende com os dramas e a repercussão da apaixonada Beatriz, de "Império".
Suzy Rêgo sempre encarou os altos e baixos da carreira de atriz sem muito espanto. Na verdade, entre papéis pequenos e de destaque na tevê, era no teatro que a intérprete se sentia mais satisfeita em cena. "Aprendi a me manter estando nos palcos. Fiz peças de muito sucesso. Quando não se está no vídeo, as pessoas já acham que você está no ostracismo. Mas é apenas uma opção", garante. No ar em "Império", entretanto, Suzy não esconde a empolgação em voltar ao horário mais nobre de novelas da Globo, exatos 25 anos depois de sua estreia na emissora, em "O Salvador da Pátria". Em cena, a atriz lida com as sequências fortes que explicam a liberdade, o amor incondicional e o tom mais moderno da relação de sua personagem, Beatriz, com Cláudio, de José Mayer. Fora dos estúdios, Suzy se diverte com a opinião do público e com a repercussão da trama de uma mulher que sabe e aceita a bissexualidade do marido. "É um casal mais real do que se imagina e que faz o público fugir do óbvio. Acho ótimo a novela fazer essa provocação. A base de toda a trama é o amor, em sua forma mais forte. Não dá para julgar sem conhecer as dinâmicas dos casais", defende.
Ao falar da verossimilhança da relação entre Beatriz e Cláudio, Suzy lembra que, muito antes de ser escalada para o papel, já tinha contato ou percebia que alguns casais conhecidos tinham casamentos mais abertos. "Eu sou muito careta e tomei um susto quando descobri que essas relações eram completamente normais e existiam de fato. Ir na contramão desse meu estranhamento foi muito importante na hora de compor a Beatriz", conta. No mais, a inspiração e as referências para as dramáticas cenas protagonizadas pela personagem estão no texto de Aguinaldo Silva. "É tudo muito preciso. É um exercício para não sair do tom. Continuar naturalista e não ficar teatral. A novela tem um texto bom de ler, de gravar e, sobretudo, de assistir", valoriza. Outro ponto importante para Suzy na hora de entrar no estúdio é a troca de experiências com José Mayer, seu principal parceiro de cena. "Zé é o suprassumo da virilidade nacional. É bacana vê-lo de forma sensível, diferente. Nas ruas, muita gente diz que sente inveja de mim apenas por estar ao lado dele", brinca.
O bom momento da atriz em "Império" serve para comemorar a recente relação que ela vem mantendo com a televisão. Aos 47 anos, Suzy parece ter redescoberto o prazer de estar em estúdio e encarar a ponte aérea entre São Paulo, cidade que escolheu para morar desde os anos 1990, e Rio de Janeiro, onde fica a central de teledramaturgia da Globo. Esse novo momento começou em 2011, com a cômica Duda, de "Morde & Assopra", uma atriz decadente que vivia fazendo dieta. Logo depois, Suzy mergulhou nos dramas da ciumenta e neurótica Jaqueline, de "Amor Eterno Amor", de 2012. As coincidências entre os dois trabalhos e "Império" residem na diversidade entre as personagens e na presença do diretor de núcleo Rogério Gomes. "Depois de um tempo na tevê, as coisas só acontecem se você for convidado. Fico muito feliz que Rogério me confiou trabalhos tão interessantes e que me ajudam a evitar o lugar-comum. Saio de casa cheia de saudade por ficar longe da minha família, mas na certeza de estar fazendo parte de algo muito bom", ressalta Suzy, mãe dos pequenos Mássimo e Marco, gêmeos de 5 anos de idade.
Carioca criada na cidade de Recife, o primeiro passo de Suzy em direção à carreira de atriz foi ser eleita Miss Pernambuco, em 1984. A partir daí, viajou o mundo e protagonizou comerciais de tevê. Em um desses, chamou a atenção do falecido diretor Paulo Ubiratan, que a viu em uma propaganda de absorventes e a chamou para um teste na Globo. "Ele não gostou muito do meu teste, mas achou que eu servia para o papel", conta. Conhecida por sucessos globais como "Top Model" e "A Viagem", Suzy também se aventurou em emissoras como SBT, Record e Band, onde participou de "As Pupilas do Senhor Reitor", "Louca Paixão" e "Floribella", respectivamente. Tudo para não ter de se afastar tanto de São Paulo. "Recusei muitos convites maravilhosos na Globo porque não teria disponibilidade de deixar o teatro e vir ao Rio para gravar. Mas não me arrependo ou vivo de saudosismo. Tudo isso aconteceu para eu me tornar a pessoa e a atriz que sou hoje", analisa.