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Agronegócio Segunda-feira, 18 de Agosto de 2014, 00:00 - A | A

18 de Agosto de 2014, 00h:00 - A | A

Agronegócio /

Integração Lavoura-Pecuária-Floresta como alternativa para pecuária na Amazônia



O Brasil tornou-se em 2003 o maior exportador de carne bovina do mundo e grande parte desse crescimento é decorrente da expansão da pecuária na Amazônia. Nesse cenário, o estado de Rondônia se encontra dentre os cinco maiores exportadores de carne do país, além de ser o maior produtor de leite da região Norte. Essa virtuosa importância econômica, contrasta com problemas ambientais, já que o crescimento da pecuária na Amazônia é associado ao desmatamento e, por essa razão, chama atenção dos mercados internacionais que usam isso para criação de barreiras “econômico-ambientais” contra a exportação da carne produzida na região.

Além do estigma dos impactos ambientais negativos, a pecuária enfrenta o real problema da degradação das pastagens que gera prejuízos econômicos e sociais bilionários para o país, pois a propriedade agrícola torna-se improdutiva e incapaz de sustentar as famílias que dela dependem. Dessa forma, são necessários estudos que identifiquem as limitações do componente pecuário nas propriedades de modo a fornecer soluções tecnológicas apropriadas e subsídios às políticas públicas para o setor. Do mesmo modo, é importante desenvolver uma base científica que suporte o uso mais amplo dos sistemas integrados de produção como alternativa ao sistema tradicional de pecuária baseado no monocultivo de pastagem.

Uma das alternativas é a reforma, recuperação ou renovação de pastagens por meio da integração lavoura-pecuária-floresta (iLP) que pode proporcionar uma série de benefícios para os empreendimentos rurais. Temos como exemplo de benefícios: a diversificação na produção da propriedade; redução no custo de formação das pastagens pela recuperação do solo e renda com as culturas anuais; diminuição do risco de perda de renda do produtor, pois sua produtividade aumenta e não fica dependente de somente um produto; maior conservação do solo e, consequentemente, redução de perdas com erosão e menor impacto ambiental; melhor aproveitamento da propriedade rural.

A inclusão do componente arbóreo aos componentes lavoura e pastagem representa avanço inovador da iLP, com evolução para o conceito de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), que é uma estratégia de produção sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais, realizadas na mesma área, em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação. Pode-se utilizar a iLPF para implantar um sistema agrícola sustentável, com base nos princípios da rotação de culturas e do consórcio entre culturas de grãos, forrageiras e espécies arbóreas, para produzir, na mesma área, grãos, carne ou leite e produtos madeireiros e não madeireiros ao longo de todo ano.

A iLPF é atualmente uma política pública prioritária do governo federal do Brasil (Programa ABC), tida como estratégia governamental, visando à recuperação de áreas degradadas e à sustentabilidade ambiental.

Existem inúmeras variações de sistemas iLPF, porém, a recuperação da pastagem por meio da iLPF normalmente envolve dois estágios:

1) substituição da pastagem por um ou dois ciclos de culturas anuais para recuperação da fertilidade do solo e,
2) a manutenção da nova pastagem em consórcio com árvores (sistema silvipastoril).

Após alguns anos, nova rotação de culturas anuais-pastagem pode ser feita para revitalizar o pasto, buscando a retomada da produtividade da pastagem com consequente resposta em termos de produtividade animal.

Em muitas propriedades rurais amazônicas, a iLPF vem sendo adotada com uso de diversas espécies forrageiras e arbóreas. As principais limitações tecnológicas observadas nesse sistema são: falta de persistência da pastagem sob as árvores; danos às árvores provocados pelos animais; a reduzida velocidade de crescimento das espécies arbóreas; elevado investimento econômico inicial; falta de infraestrutura e mão de obra especializada; complexidade do sistema e desconhecimento dos seus benefícios.

 

Ana Karina Dias Salman: Doutora em zootecnia e pesquisadora da Embrapa Rondônia; e-mail: [email protected]

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Luis 21/01/2022

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