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Agronegócio Segunda-feira, 07 de Novembro de 2022, 11:01 - A | A

07 de Novembro de 2022, 11h:01 - A | A

Agronegócio / Soja

Novo calendário da soja versus ferrugem asiática: afinal quem tem razão?

O número de aplicações de fungicidas é menor para as lavouras semeadas em 15 de fevereiro, este é o resultado das pesquisas



Por José Luiz Tejón

Semana passada comentamos sobre o novo calendário do plantio da soja que foi estendido de 31 de dezembro para meados de fevereiro. E registramos manifestações de entidades considerando esse fato oferecer um “banquete ambiental para a proliferação da doença ferrugem asiática”.

O presidente da Aprosoja Brasil, Antônio Galvan, nos ligou e pediu que ouvíssemos mais fontes científicas a respeito, pois haviam controvérsias sobre a informação. A Aprosoja Brasil defende o novo calendário, considerando-o correto.

Como é o fundamento de um jornalismo ético, este praticado aqui no Canal Rural, ouvi neste final de semana dois professores doutores a respeito da afirmação sobre a questão da ampliação do calendário de plantio da soja versus efeitos na proliferação da doença da ferrugem asiática, cujos danos conhecemos bem, pois com ela aprendemos a conviver ao longo dos últimos 20 anos.

Ouvi o professor Elmar Luiz Floss, foi professor de bioquímica vegetal, fisiologia vegetal, culturas de lavouras e conservação de solos na Universidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul .

Doutor em agronomia pela Esalq/USP, um profundo conhecedor da soja, com um livro recém lançado de extraordinário valor: “Maximizando o rendimento da soja”.

Sobre essa questão o prof. dr. Elmar me disse: “o novo calendário será positivo para o Rio Grande do Sul, pois precisamos de milho para atender a produção da proteína animal. Temos custos proibitivos como importadores de milho de outros estados. Com a nova janela de plantio podemos plantar milho primeiro e fazer uma safrinha de soja depois.

O assunto é muito importante pois a soja impacta diretamente 50% do valor bruto da produção agropecuária do país, impacta o abastecimento interno da população

Quer dizer, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a soja seria a safrinha, e o milho a principal lavoura, isso se viabilizaria com o novo calendário indo além de 31 de dezembro para meados de fevereiro. Ouvi também a informação do professor José Otávio Menten, doutor em fitopatologia da Esalq/USP e presidente do CCAS, Conselho Científico do Agro Sustentável, que afirma: “a quantidade de ferrugem é menor quando se semeia em 15 de fevereiro do que em 31 de dezembro.

O número de aplicações de fungicidas é menor para as lavouras semeadas em 15 de fevereiro, este é o resultado das pesquisas”, assim explica o dr. Menten. Em função das controvérsias de visões científicas, dedicaremos esta semana no Agrosuperação a ouvir outros pesquisadores com pesquisas realizadas e publicadas.

O assunto é muito importante pois a soja impacta diretamente 50% do valor bruto da produção agropecuária do país, impacta o abastecimento interno da população, e da mesma forma cerca de 50% das exportações ao reunirmos sua cadeia produtiva do grão, óleos, farelo, aves, suínos, leite e ovos. A soja é importante demais para não mergulharmos nesse debate.

 

Por outro lado, no portal da Embrapa – www.embrapa.br/soja/ferrugem há uma nota afirmando: “…o período ótimo para a semeadura da soja na maior parte do país é entre outubro e novembro. Com isso, até março todas as lavouras estariam colhidas. Como o fungo causador da ferrugem asiática precisa de plantas vivas para sobreviver, a ausência de plantas interrompe seu ciclo produtivo. Ao se semear em fevereiro, amplia-se até junho o período com plantas vivas no campo.

Chamada de ponte verde, essa situação aumenta o número de gerações do fungo em uma única safra. Sabe-se que a semeadura em fevereiro apresenta menor severidade de ferrugem asiática do que a semeadura em dezembro, porém menor severidade não significa ausência”.“ Ou seja, será fundamental uma mesa de debates sobre essa questão.

Então, estamos aqui no Agrosuperação do Canal Rural abertos a ouvir os cientistas, pesquisadores e agricultores, sem vieses de ordem econômica, ideológica e política. No assunto das doenças, a ciência precisa falar mais alto. Vamos ouvir e tratar com transparência e integridade ambas as visões. E se você tiver a sua opinião, por favor, envie para nós. Na próxima quarta-feira traremos a opinião de mais pesquisadores. Esta semana está dedicada à questão. Novo calendário de soja versus ferrugem asiática: afinal quem tem razão?

 

José Luiz Tejón, membro do Conselho Científico Agro Sustentável  

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