José Vieira
Mato Grosso do Norte
A decisão da prefeitura de Alta Floresta de proibir a venda de bebida alcoólica na Rodoviária deixou os comerciantes que trabalham no terminal, revoltados. Isto porque, conforme eles, nas lanchonetes que funcionam no local, não é vendido bebidas quentes, como cachaça, apenas cerveja.
O que está causando transtornos e confusões na Rodoviária, conforme eles, são os moradores de ruas, que não tem dinheiro para pagar por cerveja, compram pinga em outros comércios da cidade e vão para lá beber.
Conforme os responsáveis pelas lanchonetes, há 10 dias que a venda de bebida na rodoviária foi proibida por decisão da prefeitura e o mesmo público de pessoas que ficam bebendo e provocando brigas, continuam no mesmo ritmo. A última confusão aconteceu na noite de segunda-feira.
Isaque Bueno, dono de uma das lanchonetes, afirma que a proibição não é a solução para o que está acontecendo na rodoviária. Porém, acentua que a medida poderá representar a inviabilidade dos comércios, porque a venda de cerveja representa 40% da venda.
“Não vendemos cachaça e nem bebidas de doses. Os bêbados que frequentam aqui, compram a bebida, um litro de pinga nos mercados, e veem para cá e ficam bebendo. Eles não tomam cerveja. Quem toma são pessoas civilizadas. Agora, querem tirar o direito da gente vender uma lata de cerveja”, protesta Isaque.
Foto: Mato Grosso do Norte

Isaque Bueno
Para ele, invés da prefeitura prejudicar o comércio da rodoviária, deveria encontrar uma forma de resolver o problema, de fato. “A prefeitura deveria amparar estas pessoas que estão abandonadas nas ruas e ocupam aqui porque é um lugar público. Os vereadores e o prefeito querem prejudicar nós, que pagamos alvará e as taxas aqui da rodoviária. E trabalhamos diariamente para ter uma renda e sobreviver”, enfatiza.
“A prova de que proibir a venda de cerveja não resolve é que a proibição está em vigor há 10 dias e eles [moradores de rua] continuam aqui, com um litro de pinga. Quando acaba um, vão buscar outro, causando confusão e tumulto. O que a prefeitura está fazendo só prejudica nós e não resolve o problema”, acrescenta.
Conforme Isaque, a rodoviária continua abandonada, sem receber manutenção. “Nunca muda nada, ficou 3 meses para dar um retoque nos banheiros. Hoje, as pessoas tem medo de vir na rodoviária dependendo do horário devido aos moradores de ruas que ficam aqui”, disse.
Ouça o aúdio de Isaque:
O comerciante João Batista, também dono de lanchonete na rodoviária, destaca que a proibição da venda de bebida alcóolica no local, não é a solução para o que vem acontecendo no terminal.
“A bebida, paramos de vender e continua tudo igual. Não vendemos bebida quente e a cerveja não vai atrapalhar, porque quem bebe cerveja são as pessoas que vem comer um salgado, fazer um lanche, e quando acaba vãoembora. Se o problema fosse nós, tínhamos parado e resolvido, mas agora está ainda pior”, assegura.
Foto: Mato Grosso do Norte

João Batista
Para João, para resolver o problema da rodoviária, o prefeito deveria ter atitude de fazer investimentos no local, colocar segurança junto com a Ação Social. Para ele, falta empenho da gestão municipal.
“Deveria ter essa assistência. Quem permanecer na rodoviária por mais de 12 horas, a segurança e Ação Social deveria verificar quem é a pessoa, de onde veio e para onde vai. Se não tiver condições e nem para onde ir, leva para um abrigo e depois resolve a situação, comprando uma passagem para a pessoa ir embora. Hoje, tem mais de 15 pessoas que dormem aqui na rodoviária, e ficam bebendo. A prefeitura está valorizando mais os andarilhos do que nós que trabalhamos e pagamos impostos. Está tirando nosso direito de trabalhar, enquanto eles permanecem aqui. Somos pais de família. O prefeito deveria agir e não tirar o nosso ganho. Chega aqui e nos manda parar, sendo que o problema não vai ser resolvido assim”, protesta João.
Ouça o aúdio de João:
A Comerciante Jane, também avalia que a proibição da venda de bebida impressa pela prefeitura não resolverá o problema da Rodoviária.
“Eles vão buscar fora a bebida deles e tomam aqui. Ficam morando aqui, dormem, ficam dia e noite, fazendo bagunça e não vão embora. Caçam confusão e todo mundo aqui corre risco. A gente fica proibida de vender nosso produto, mas eles continuam aqui, porque vão buscar bebidas fora”, disse ela.
Para ela, o poder público deveria ir na rodoviária e tirar essas pessoas. “Todos nós estamos correndo risco. Nós que trabalhamos e quem vem aqui para pegar ônibus. Teria que ter polícia por 24 horas e por esse povo para correr daqui. A rodoviária deveria ser o cartão postal da cidade e é uma bagunça”, diz ela.
Ouça o aúdio de João:
Obs. A lei municipal de número 2.169/2014, que proíbe a venda e consumo de bebida alcóolica na rodoviária de Alta Floresta é de autoria do ex-prefeito Asiel Bezerra, aprovada pela Câmara Municipal em 2014. Desde de 2008 a rodoviária de Alta Floresta passou a ser denominada de Terminal Rodoviário Irineu Lobo de Almeida, através de lei municipal de autoria do vereador Bernardo Patrício.