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Caderno B Sexta-feira, 26 de Março de 2021, 00:00 - A | A

26 de Março de 2021, 00h:00 - A | A

Caderno B /

Ossos do ofício



por Geraldo Bessa

TV Press

                Em sua terceira novela das sete, Daniel Ortiz sabe que diversos “perrengues” podem acontecer durante os meses de exibição de uma trama. No entanto, nem em suas piores previsões estaria a pandemia que paralisou os trabalhos de “Salve-se Quem Puder”. “A novela estava indo bem e de repente tive de escrever um final para o que seria a primeira parte da história. Foi tudo muito complexo, mas necessário. Não existia mais condições de ninguém trabalhar. Minha sorte foi ter elenco e equipe realmente comprometidos. Conseguimos dar a volta por cima”, enaltece o autor, empolgado com a recente reestreia da trama.

                Natural de Taubaté, interior Paulista, Ortiz sempre foi um grande fã das novelas das sete. Não as recentes, mas as concebidas entre os anos 1980 e 1990 por nomes como Cassiano Gabus Mendes, Carlos Lombardi e Silvio de Abreu. Silvio, aliás, é o grande mentor de sua escrita e principal entusiasta de seu crescimento dentro da Globo. Colaborador de tramas como “Passione” e do remake de “Guerra dos Sexos”, o autor virou titular a partir de um incentivo de Silvio na espiritualizada “Alto-Astral”, de 2014, e fez uma grande homenagem ao “chefe” em “Haja Coração”, folhetim que atualizou o clássico “Sassaricando” e acabou de ser reprisado às 19h. Bom de audiência e afinado com o estilo do horário, “Salve-se Quem Puder” é a grande oportunidade de Ortiz mostrar tudo o que aprendeu ao longo dos anos. Apesar dos contratempos, ele garante que está feliz com a experiência. “Nunca vivi um trabalho por tanto tempo. Estou satisfeito em entregar um produto que consiga fazer o público relaxar, se divertir e esquecer dos problemas”, valoriza.

P - “Salve-se Quem Puder” ficou exatamente um ano fora do ar. Como foi ter de paralisar um trabalho por tanto tempo?

R - Foi muito difícil, mas necessário. Não tinha como fazer de outro jeito. De uma hora para outra, tive de escrever um final do que seria a primeira temporada da história porque não existia mais condições de gravar em segurança. Pouco se sabia sobre o Coronavírus e foi uma correria enorme para fechar essa parte inicial da história.

P - Como foi escrever esse desfecho prematuro?

R - Entrei em pânico. A direção da emissora me ligou em um domingo falando que só teríamos dois dias para gravar as sequências finais e que depois os Estúdios Globo seriam fechados. Sentei na frente do computador e passei seis horas tentando não perder a coerência e criando um ponto de retomada. Adiantei muitas coisas, mas conseguimos um bom resultado.

P - A novela retornou sem colocar a pandemia na história. O que o levou a tomar essa decisão?

R - Foi uma decisão tomada em conjunto com a direção da casa e aconteceu mais ou menos entre maio e junho de 2020. Estávamos vivendo o pior da crise de saúde naquele momento e pensei que colocar o coronavírus na história iria alterar toda a dinâmica da trama e como os personagens interagem entre si. Além disso, é uma novela das sete exibida depois de um jornal local e antes do “Jornal Nacional”. Pensamos em dar um “respiro” para o público e investir no plano inicial de comédia, romance e leveza.

P - Como a redução de capítulos afetou a fluidez da trama?

R - Ainda tinha uns 100 capítulos para escrever. Com a pandemia, isso caiu pela metade. O desenvolvimento ficou comprometido porque tenho uma história complexa nas mãos. Tenho três mulheres que têm duas vidas e revelações que repercutem em vários núcleos. Tive de focar na história principal e, infelizmente, não pude desenvolver tão bem as tramas secundárias. Alguns personagens saíram prejudicados, mas fiz o meu melhor diante da situação.

P - O que você leva dessa experiência de escrever novela em meio ao caos da pandemia?

R - Em um momento de crise, acredito que ter uma equipe boa e unida faz toda a diferença. Não foi fácil pra ninguém, mas todo mundo estava disposto a fazer as coisas darem certo. Fred (Mayrink, diretor) teve muito trabalho para refazer cenas, diversos atores tiveram de sair de casa durante a pandemia e isso também exigiu muito da equipe técnica. A entrega para este trabalho foi enorme. A gente terminaria este trabalho em julho do ano passado, agora vamos terminar em julho deste ano.

 

Salve-se Quem Puder” - Globo - de segunda a sábado, às 19h20.

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