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Caderno B Sexta-feira, 11 de Novembro de 2022, 09:18 - A | A

11 de Novembro de 2022, 09h:18 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Passaporte artístico

Há quase cinco anos em Portugal, Marcello Antony desbrava o mercado português no elenco de “Valor da Vida”



POR CAROLINE BORGES
TV PRESS

Marcello Antony tem uma perspectiva quase infinita para a profissão de ator. Não à toa, ele está sempre aberto a novos caminhos e mudanças profissionais. Após uma longeva carreira no Brasil, Antony se arriscou a cruzar o oceano e aceitou o convite para integrar o elenco da novela portuguesa “Valor da Vida”, que chegou ao Brasil na grade da Band. A oportunidade trouxe mais do que uma simples mudança de país, mas também a chance de conhecer uma nova forma de trabalhar com televisão. “Estou sempre aprendendo. O barato da nossa profissão é esse, né? Posso estar com 95 anos que seguirei trabalhando e aprendendo. Foi uma experiência muito rica. Cometi alguns erros e aprendi muito. Foi uma experiência engrandecedora como ator”, valoriza.

Com gravações no Brasil, Líbano e Portugal, “Valor da Vida” é assinada por Maria João Costa. Tudo começa quando Artur, papel de Rúben Gomes, é encontrado sem memória por Aisha, de Isabela Valadeiro, nas ruínas do Líbano. Ao descobrir sua identidade, o milionário se dá conta de que é dado como morto há 20 anos. Mas, apesar do tempo que passou, ele não envelheceu um dia sequer. Na tentativa de desvendar os mistérios que envolvem sua falsa morte, ele procura o neurocientista Jesus, vivido por Antony, para descobrir o que realmente aconteceu. “Deixei o país em 2018, quando recebi o convite para integrar o elenco de ‘Valor da Vida’. Para mim, foi uma grande felicidade saber que a Band exibiria a novela. Faço um neurocientista extremamente misterioso que, de alguma forma, ressuscita as pessoas, por isso ele está muito ligado ao despertar do protagonista da trama”, explica.

P – A trama de “Valor da Vida” foi seu primeiro trabalho em Portugal. Como surgiu a oportunidade para a produção internacional?

R – Já estou morando há quatro anos e meio em Portugal. Eu fui para lá exatamente por conta do convite da TVI para esse projeto. Essa novela tem quatro anos, mas segue muito atual. Muito bom ver esse projeto chegando ao Brasil pela Band. Fazer novela em outro país é incrível, né? Ser convidado então é uma grande vitória. O engraçado é que eu não saí do ar nesses quatro anos em Portugal. Tive o prazer de fazer grandes novelas aqui e elas estão sempre em exibição em Portugal. Uma atrás da outra. Tem uma demanda muito forte para as produções brasileiras por lá. Reprisaram “Terra Nostra”, “Mulheres Apaixonadas”, “Senhora do Destino”...

P – Ao chegar em Portugal, você sentiu alguma diferença entre o mercado brasileiro e o português?

R – Apesar de estarmos falando a mesma língua, são culturas diferentes, né? Tem o pró e o contra. O mecanismo é igual. Todo o processo de chegar no estúdio, troca de roupa, maquiagem, passar texto, luz... Isso não tem diferença. Mas eu senti uma diferença absurda na maneira como se produz novela em Portugal. Aqui no Brasil, a novela influencia mais de 214 milhões de pessoas. Influencia diretamente na cultura do nosso povo, a gente para tudo para assistir. Em Portugal não é assim. Eles adoram, inclusive, as novelas brasileiras. Não curtem muito as novelas portuguesas. Uma pena. Eles têm obras de qualidade e muito boas. Na verdade, o que mais me surpreendeu em Portugal foi a hora do almoço (risos).

P – Como assim?

R – Quando dá a hora do almoço no estúdio, a gente vai para o buffet comer. Só que lá o pessoal toma vinho ou cerveja no almoço. Todos os técnicos com uma taça de vinho na mão. Depois voltavam normal para gravar. Achei bem diferente daqui. Acho que seria impensável algo assim no Brasil. São experiências, né.

P – Apesar de contar com alguns atores brasileiros, a novela teve uma equipe majoritariamente portuguesa. Como era a relação com os colegas de trabalho estrangeiros?

R – Parece clichê de falar, mas era um clima muito familiar e caseiro. A gente fica muito junto mesmo. Tinha uma coisa de união muito forte que chamou a minha atenção porque todo mundo fazia de tudo um pouco. Aqui, no Brasil, já vi um cabo de luz estar fora do lugar e ninguém fazer nada até o responsável vir mexer. E era só colocar para o lado, sabe? Lá não tinha hierarquia ou uma ideia de só faço o meu trabalho.

P – De que forma, a trama de “Valor da Vida” pode dialogar com o público brasileiro?

R – Eu acho que “Valor da Vida” resgata aquele folhetim clássico. Hoje em dia, as novelas estão quase jornalísticas. Acho que isso tem o valor, mas acho que as pessoas gostam de sonhar. As novelas mais folhetinescas nos conduzem a sonhar, quase como uma fuga da realidade. Ultimamente, você vê um telejornal e, na sequência, uma novela que parece um jornal. Acho um equívoco. Não estou desmerecendo, tem seu valor. Mas acredito muito na essência da novela como folhetim. Acho que não deveria morrer e nem vai.

“Valor da Vida” – De segunda a sexta, às 22h, na Band.

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