Domingo, 25 de Maio de 2025

Caderno B Sexta-feira, 23 de Maio de 2025, 09:21 - A | A

23 de Maio de 2025, 09h:21 - A | A

Caderno B / CINCO PERGUNTAS

Ponto de virada

Edvana Carvalho exalta o poder e as possibilidades da maturidade na pele da dedicada Eunice de “Vale Tudo”



por Geraldo Bessa TV Press                

Costurar sempre foi um hobbie útil para Edvana Carvalho. Tanto que, por muito tempo, ela mesma idealizou e produziu parte de suas roupas. Por isso, foi com muita empolgação que a atriz recebeu o convite para viver a doce e prendada Eunice, costureira que se torna modelo em “Vale Tudo”. “Minha tia-avó fazia roupas para o candomblé. Cresci com a imagem dela sentada na máquina costurando e por muito tempo frequentei aulas de modelismo e corte. Só parei depois que a televisão passou a tomar boa parte do meu tempo”, brinca, aos risos.                

Baiana de Salvador e criada no famoso bairro do Curuzu, Edvana tinha apenas 16 anos quando teve suas primeiras experiências com atuação. Integrante da primeira formação do prestigiado Bando de Teatro do Olodum, sua devoção aos palcos acabou fazendo com que sua estreia na tevê fosse depois dos 40 anos. Após pequenas participações em produções como “Malhação” e “Pega-Pega”, foi mais recentemente que o nome de Edvana chegou ao grande público por conta de sua atuação sensível e solar como a Inácia do remake de “Renascer”, de 2024. “Foi um trabalho muito lindo e que me abriu portas. O público está bem surpreso em me ver tão diferente em ‘Vale Tudo’. Essa brincadeira de viver tipos tão distintos é o grande barato da carreira de atriz”, valoriza.

P – “Vale Tudo” é seu segundo remake seguido na tevê. O que a leva para esse tipo de projeto?

R – Não foi uma coisa pensada. Simplesmente aconteceu. Eu tinha acabado de fazer a Inácia de “Renascer” e, de repente, me chamaram para conversar sobre a Eunice de “Vale Tudo”. Fiquei feliz por serem mulheres tão encantadoras e diferentes entre si. Além disso, são personagens que eu vi nas versões originais. Então, é uma espécie de encontro com aquela jovem que sonhava em ser atriz.

P – Como assim?

R – Eu era uma menina quando acompanhava as tramas de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Benedito Ruy Barbosa. Cresci vendo essas histórias e imaginando que a tevê era um ambiente distante, quase impossível para mim, uma garota preta e periférica. Poder trabalhar nas tramas que revisitam as obras desses novelistas é um grande privilégio, digo que estou realizando sonhos.

P – Você chegou a rever a versão original de “Vale Tudo”?

R – Logo que fui convidada, a título de curiosidade e para refrescar a memória, comecei a rever algumas cenas da Íris Bruzzi como Eunice. É muito nítido que os tempos são outros e acabei parando de ver. Achei melhor me deixar levar pelo texto, direção e referências desse novo olhar sobre a obra.

P – Qual a importância de a personagem ser preta no remake?

R – É um acerto da adaptação. Acho importante toda menina e mulher se ver nas personagens pretas dessa novela. Quando a novela passou, lá em 1988, não havia lugar de destaque para nós na dramaturgia brasileira. A trama está em sintonia com o agora, até mesmo na virada da Eunice dentro da história.

P – Em que sentido?

R – Eunice é uma mulher divertida, que não se abala fácil. Ela é muito batalhadora, parceira da família dela e representa essa gama de mulheres maduras que não são mais apenas avós. É depois dos 50 que a personagem muda de profissão e se descobre modelo, deixa de ser uma dona de casa que faz alguns trabalhos de costura para se aventurar nos estúdios e passarelas. É uma história bonita, possível e muito atual.  

Vale Tudo” – Globo – de segunda a sábado, às 21h.

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