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Caderno B Sexta-feira, 03 de Março de 2017, 00:00 - A | A

03 de Março de 2017, 00h:00 - A | A

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Som ao redor

Carta Z



GERALDO BESSA
TV PRESS

Muito além de enquadramentos, luz, roteiros de gravação e desempenho dos atores, a rotina do diretor Dennis Carvalho tem ganhado outros detalhes em "Rock Story". "A música entrou com força na minha vida. E estou adorando! Acho que valoriza a ação e representa um exercício de versatilidade para todos os envolvidos na obra", conta. O envolvimento com partituras e notas musicais vai além da tevê. Recentemente, ele dirigiu o premiado espetáculo "Elis, A Musical", sua primeira incursão pelo gênero e que, por conta da boa receptividade de público e crítica, o deixou muito mais confiante para comandar os trabalhos da atual novela das sete. "Fiquei surpreso quando o Silvio de Abreu me chamou para dirigir essa novela. Depois percebi que esse trabalho tinha tudo a ver com o atual momento da minha carreira", valoriza o Dennis, que, em 2017, completa quatro décadas como diretor.
Paulistano, o primeiro contato de Dennis com a tevê foi como ator, em produções dos anos 1960 como "As Aventuras de Eduardinho", da Globo, e "Os Rebeldes", da extinta Tupi. Sempre curioso e disposto a trabalhar, logo chamou a atenção por sua ampla visão das engrenagens televisivas. Dessa forma, estreou como diretor de novelas em "Sem Lenço e Sem Documento", de 1977. Ao longo dos anos, embora atue esporadicamente, foi como diretor de clássicos como "Dancin' Days", "Vale Tudo", “O Dono do Mundo" e "Celebridade" que se tornou conhecido. "Tenho muito orgulho de tudo o que construí até aqui. E acredito que ainda tenho muito a criar", ressalta, do alto de seus 70 anos.
P - A música é um personagem importante em "Rock Story" e você acaba de dirigir no teatro um premiado musical baseado na vida da cantora Elis Regina. O trabalho nos palcos influenciou a musicalidade da novela?
R - Com certeza. Sei que são veículos diferentes. No teatro, o trabalho é diário e sem cortes. Já na televisão, a gente tem muito mais recursos para melhorar as cenas e as performances. Mas o que importa não é lugar, mas sim como a arte é tratada. Topei fazer o musical porque eu sentia a necessidade de me testar como profissional. Estreei acreditando no projeto, mas cheio de incertezas. Foi um processo que me renovou como diretor. Esse meu novo olhar, mais musical, inclusive, reflete totalmente na novela, da escalação de atores aos cenários, luz e figurinos.
P - Foi complexo encontrar atores que realmente conseguiriam cantar para os papéis principais?
R - Sim e não. No caso do Gui Santiago, a autora criou o personagem já pensando no Vladimir (Brichta). Ela sabia do interesse e envolvimento dele com música e já tinha o visto cantando no teatro. Já os testes para o elenco jovem da novela foram intensos. E agora a gente consegue ver a diferença de uma boa escalação de atores.
P - Como assim?
R - O Nicolas Prattes e o Rafael Vitti, por exemplo, são gratas surpresas e estão liderando bem os atores mais novos da equipe e atuando de igual para igual com os protagonistas mais experientes. São comprometidos, sabem que a novela demanda complexidade e se mostram extremamente profissionais. Ensaiaram de forma árdua até que tudo estivesse perfeito para gravar.
P - "Rock Story" é a novela de estreia da autora Maria Helena Nascimento no posto de titular. Qual a diferença entre dirigir a trama de um "medalhão" como Gilberto Braga e a história de alguém menos experiente?
R - Eu trabalho com o Gilberto desde o final dos anos 1970. Vejo uma cena dele e já sei mais ou menos o que vai agradá-lo ou não. Existe uma cumplicidade pelo fato de estarmos juntos há tanto tempo, enfrentando problemas, como em "O Dono do Mundo" (1991) e agora em "Babilônia" (2015), e dividindo os louros de obras como "Vale Tudo" (1988) e "Celebridade" (2003). Cada trabalho é feito de forma prazerosa e respeitando essa parceria. No caso de um estreante como titular, minha visão de diretor é testada e eu tenho de me desdobrar para dar conta de outra expectativa. Foi assim também em "Lado a Lado". E no final a gente acabou ganhando o Emmy Internacional de Melhor Novela.
P - Mesmo premiada, "Lado a Lado" enfrentou problemas de audiência. Assim como "Babilônia". Entretanto, "Rock Story" tem repercussão crescente e acima do esperado. Como você lida com os sucessos e tropeços ao longo de sua trajetória na tevê?
R - Eles acontecem o tempo todo e eu já estou acostumado. É algo que não depende apenas da direção. Com o trabalho no ar, estou todos os dias nos estúdios tentando avançar com o "barco" que é uma novela. A audiência influencia diretamente nos ânimos da equipe e tenho como meta fazer com quem isso não nos afete tanto. Não existe fórmula ou segredo para um trabalho ser bem-sucedido ou não. Na dúvida, cuido do meu elenco e da minha equipe e vida que segue (risos).

"Rock Story" – Globo – De segunda a sábado, às 19h20.

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