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Caderno B Sexta-feira, 10 de Agosto de 2018, 00:00 - A | A

10 de Agosto de 2018, 00h:00 - A | A

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Carta Z - Foto: divulgação/TV Globo



por Geraldo Bessa
TV Press

Luis Lobianco é apaixonado pela Bahia. Na juventude, sempre que visitava sua família por parte de mãe em Aracaju, no Sergipe, dava um jeito de ir a Salvador ou desbravar outras pequenas cidades paradisíacas do litoral baiano. “É uma relação que vai além do amor de Carnaval. Adoro a culinária, o sotaque, a cultura, as pessoas e as histórias da Bahia. Reencontrar tudo isso através de um personagem é muito especial”, garante. A proximidade com a região foi fundamental para que o ator se sentisse mais seguro em sua primeira incursão em novelas na pele do ingênuo Clóvis de “Segundo Sol”. “Não pude aceitar os convites anteriores para novelas, mas tudo tem sua hora. Clóvis é um tipo sensível e sem filtros sociais. É um personagem que me traz muita felicidade e chance de criação”, ressalta.
Natural do Rio de Janeiro, Lobianco ficou conhecido por integrar a trupe do Porta dos Fundos, que faz sucesso com vídeos cômicos no YouTube. A partir dos esquetes, começou a ser chamado para a televisão, com pequenas participações em séries do Multishow e GNT. Na Globo, atuou em “A Grande Família” e foi participante fixo do dominical “Esquenta!”. “Aprendi a gostar e me sentir confortável com a tevê. Me faltava apenas experimentar a linguagem dos folhetins mesmo. O público que me acompanha sempre perguntava quando isso iria acontecer”, explica. Paralelamente aos trabalhos no vídeo, cinema e internet, o ator transformou a boate Buraco da Lacraia, localizada no bairro carioca da Lapa, em sua residência artística. Atualmente, ele se apresenta às sextas com o espetáculo “DÉJÀVU”, no qual divide a cena com Eber Inácio, Sidnei Oliveira, Leticia Guimarães e Simone Mazzer. “O sucesso dessa ocupação teatral que fizemos no Buraco da Lacraia passou a reunir as mais diversas tribos da cidade. Tenho um orgulho enorme de estar na novela das nove, mas ainda mais de investir na cena alternativa”, destaca o ator de 36 anos.
P - Você é uma figura conhecida do público de tevê e da internet, mas ainda não tinha feito novelas. Existia alguma pressão pessoal ou do público para que isso acontecesse?
R - Eu estava bem tranquilo tocando meus projetos. Mas as pessoas me cobravam muito. No Brasil, a impressão que se tem é que você só é reconhecido como ator quando faz novela. Estou há uns cinco anos trabalhando direto em séries e esquetes para a tevê paga e internet junto com o pessoal do Porta dos Fundos. Também fiz algumas participações na Globo, em “A Grande Família” e no “Esquenta!”. Mas isso parece não ser o bastante. Onde quer que fosse, sempre me questionavam sobre fazer novela.
P - Você tinha curiosidade?
R - Lógico. E muita vontade de fazer! Tive alguns convites, mas me faltava tempo. Me cerquei de projetos e todo mundo sabe a entrega que uma novela demanda. Alguns amigos próximos puderam aceitar os convites e me falaram muito sobre o processo de trabalho que uma obra longa e aberta pode proporcionar. Fora que é uma outra linguagem e eu queria muito entender o que os folhetins têm de tão diferente a ponto de tocar tanto as pessoas.
P - E como “Segundo Sol” entrou na sua vida?
R - Com muita antecedência. Foi um trabalho esperado. O João Emanuel Carneiro me chamou para fazer a novela há mais de um ano. Foi um convite muito carinhoso e que eu não tive nem condições de recusar. Ajustei o tempo dos meus outros trabalhos e, desde o início de 2018, a novela se tornou minha a prioridade. Mas continuo com o espetáculo “DÉJÀVU”, na boate carioca Buraco da Lacraia, e quando posso, faço pequenas temporadas do meu monólogo “Gisberta”.
P - Clóvis é um personagem de humor, mas tem uma certa melancolia e inocência. Como foi o processo de criação para a novela?
R -  Novela é algo muito louco porque o ator vai construindo as coisas pelo caminho. Dificilmente, o personagem estará totalmente definido na estreia. Além do jogo cênico com os colegas, a resposta do público também influencia nesse processo. “Segundo Sol” tem um autor muito preocupado com seu elenco e seus personagens. Então, a primeira parte nasceu das conversas com o João. Em seguida, a emissora reuniu elenco e equipe por alguns dias para formalizar a proposta da novela e integrar todo mundo. Por fim e muito importante, foi a convivência de grupo gravando as primeiras cenas na Bahia.
P - Sua origem é o Porta dos Fundos e você teve de sair do grupo para se dedicar à novela. Como ficou sua relação com os outros integrantes?
R - Eles continuam sendo como se fossem minha família. A gente se ama e se respeita muito. Perdemos alguns integrantes para emissoras e canais pagos nos últimos tempos e é um movimento natural. Os vídeos do Porta têm um alcance incrível e que deu visibilidade para o trabalho de muita gente. Não sei o dia de amanhã, mas tenho em mente que vamos voltar a trabalhar juntos algumas vezes. O trocadilho é horrível, mas tenho certeza que a “porta” estará sempre aberta... Pelo menos foi isso que eles me falaram.

“Segundo Sol” - Globo - de segunda a sábado, às 21h20.

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