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Opinião Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2025, 16:11 - A | A

22 de Dezembro de 2025, 16h:11 - A | A

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Poderá demorar para Alta Floresta recuperar o protagonismo político

O sistema político atual se transformou em uma conexão impermeável, que favorece apenas quem tem mandato



José Vieira do Nascimento

Em permanecendo as regras políticas atuais, Alta Floresta dificilmente recuperará a representatividade e o protagonismo político que já teve no passado.
A culpa não é da classe política local, tampouco da população.
São as regras do jogo! A política foi planejada hegemônica, de cima para baixo [do Congresso Nacional aos municípios] para favorecer quem tem mandato, principalmente deputados e senadores.
No cenário atual, por mais bandido e corrupto que seja, dificilmente um deputado estadual, federal ou senador, perde uma eleição. Todo o sistema converge a seu favor, de forma a lhe beneficiar financeira e eleitoralmente.
O grande trunfo de deputados e senadores são as emendas parlamentares.
No orçamento do Governo Federal de 2026, cerca de R$ 61 bilhões serão usados para pagar emendas.
Somente de emendas impositivas [de pagamento obrigatório] são R$ 37,8 bilhões.
E ainda há o Fundo Eleitoral de R$ 5 bilhões, garantindo dinheiro para a renovação do mandato.
A emenda é dinheiro no bolso dos deputados, senadores, governadores, prefeitos e ainda sobra uma beirinha para os vereadores.
No Congresso, o que prevalece é o corporativismo, sobretudo quando se trata de poder, favorecimento e interesses próprios.
E todo este sistema foi estrategicamente pensado para ser manipulado com pouca transparência e para atender os interesses dos parlamentares.
E, ao mesmo tempo que enchem suas contas [ou guardam o dinheiro em espécie em casa, dentro de sacos pretos] ainda agradam os eleitores. Na ponta, o dinheiro das emendas é usado nos Estados e municípios, para obras ou serviços, muitas vezes cobrados pela própria população.
Ao ser contemplado, o cidadão fica feliz com o benefício recebido e se sente na obrigação de retribuir com seu voto.
E assim, os agentes públicos envolvidos recebem suas respectivas propinas, ganham votos e todos ficam felizes.

Este sistema foi estrategicamente pensado para ser manipulado com pouca transparência e para atender os interesses dos parlamentares


Portanto, o sistema político funciona assim e é bem impermeável.
Para alguém entrar, não é fácil romper esse pacto preestabelecido. Todavia, a culpa não é de prefeitos e nem de vereadores. É uma conexão entrelaçada. Se o prefeito não aceitar as regras do jogo, não faz obras e não ganha dinheiro. E essas negociações se transformam em um compromisso financeiro e eleitoral.
Da mesma forma o vereador, que nesta nova política, ampliou suas atribuições e também articula a liberação de recursos nas esferas políticas superiores.
Para atender as demandas de seus eleitores, necessariamente, tem que estar ligado a deputados e senadores.
Obviamente, que estes agentes, para destinar as emendas, o vereador assume o compromisso de se transformar em angariador de votos.
Por isto, a cúpula política local já tem seus compromissos políticos. E sentimento bairrista não influenciam as decisões por apoio a um nome local. O que está em jogo são os interesses financeiros e de poder.
Por tudo isto, será muito difícil surgir um nome com força capaz de inverter esta posição e ter o apoio de quem já tem mandato.
Alta Floresta eleger deputados estaduais e federais como há alguns anos, poderá demorar algumas eleições.

José Vieira do Nascimento é  Jornalista, pós-graduado em Comunicação, editor de Mato Grosso do Norte. Instagram: @ josévieira _123. Email:[email protected]

 

 

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