Reajam! Não esperem que outros cobrem por vocês

foto/ Mato Grosso do Norte

José Vieira do Nascimento

Nem todos tem essa alteridade. Mas nos colocamos no lugar de um agricultor ou um estudante, que moram numa comunidade e quando necessitam ir à sede de seu município são obrigados a pagar pedágio para passar na estrada? É constrangedor. Injusto, revoltando. E inaceitável também.
Isto que está acontecendo em Alta Floresta, com moradores de comunidades situadas depois da praça de cobrança de pedágio da Via Brasil, desde o princípio quando começaram as discussões sobre a privatização das rodovias MT 208 e MT 320, foi planejado para atender os interesses de grupos políticos e econômicos em detrimento da comunidade.
O local da construção da praça, contrariando o que havia sido definido na audiência pública de 2017, quando a população foi consultada sobre a concessão, não foi por acaso. Foi propositadamente. O interesse inclusivo da concessionária é lucrar, mesmo que, inexoravelmente, a população seja impactada e subjugada em seus direitos elementares.
E digo mais! Não fosse a intervenção do Ministério Público, desde o primeiro dia em que a cobrança começou a ser feita, os moradores estariam pagando.
A Via Brasil arrecada milhões por ano com a cobrança de pedágio e, em contrapartida, realizou investimentos pífios, com relação ao que foi estabelecido no contrato de concessão. A receita que advém da cobrança dos moradores destas comunidades, deixar de cobrar, não alteraria em nada seu exorbitante lucro.
A própria Via Brasil, caso quisesse, abriria não desta cobrança e encerraria esta celeuma. Se não o fazem, é porque visam somente o lucro sem qualquer empatia ou sensibilidade com pessoas que vivem com a renda proveniente da venda de produtos da Agricultura Familiar.
Um agricultor Familiar, que vem para Alta Floresta vender seus produtos, o valor que paga de pedágio, impacta seu orçamento.

Diferente dos políticos que recebem verbas indenizatórias e diárias quando viajam, o agricultor, com a renda obtida em sua propriedade, além de suas despesas cotidianas, tem que fazer investimentos para continuar produzindo.
Sugestão - Diante deste cenário, modestamente, avalio que os moradores destas comunidades, não devem aceitar esta cobrança.
E, sobretudo, não esperar por ninguém para cobrar os seus direitos. Descruzem os braços...É hora de reagir!
Por conseguinte, a primeira coisa a ser feita é se organizar um grupo de representação. Escolher uns 10 companheiros para falar em nome de todos.
Depois, procurar na Câmara Municipal, vereador que realmente esteja sensibilizado com esta usurpação de direitos que estão sofrendo. E não os querem somente aparecer por interesses eleitoreiros e ganhar notoriedade com o sofrimento das pessoas.
Depois, junto com esses vereadores, buscar o apoio do executivo municipal e ir bater na porta do gabinete do governador. Se for preciso, acampem lá no palácio Paiaguás até serem atendidos.

Não pelo vice-governador, porque é o governador quem manda. E tem o poder para resolver.
O governador Mauro Mendes sempre fala em seus discursos, que procede de família de pequeno agricultor. Portanto, deve lembrar e saber das dificuldades que um agricultor enfrenta para sobreviver. E também os empecilhos que seus filhos são obrigados a superar para ter acesso a uma faculdade.
Com um telefonema, caso queira, o governador determina que a Sinfra retire esta ação judicial e manda a Via Brasil suspender a cobrança.
Ficar criticando em rede social, para os políticos, já é mais do mesmo. Portanto, é hora de ir à luta, de forma passiva e ordeira, mas firme. Ficar esperando que outros façam por vocês, podem não acontecer, ou demorar muito para haver uma decisão.
Ah, esta luta não é apenas dos moradores das comunidades afetadas por esta decisão. Mas de todos “que não ficam neutros ou inertes em situação de injustiça”.

José Vieira do Nascimento é jornalista, pós-graduado em Comunicação, editor do jornal Mato Grosso do Norte.

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