Por G1 MT
esquema de espionagem que era coordenado por policiais militares no estado chegou a interceptar ilegalmente o telefone de um agente funerário. A informação consta na decisão do desembargador Orlando Perri, relator do inquérito dos grampos no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que determinou a prisão de secretários, ex-secretário, policiais militares e um empresário por envolvimento no esquema, na última quarta-feira (27).
"Na extensa lista dos alvos interceptados estão médicos, desembargador, contador, servidores públicos, empresários, professor, estudante e, acreditem se quiser, até agente funerário", afirmou o magistrado.
De acordo com Perri, as interceptações não eram feitas com motivação "unicamente política", mas por "simples bisbilhotices do que faziam ou diziam os adversários políticos e críticos do governo".
A central clandestina vigorou entre 2014 e 2015 e era operado por policiais militares. O "escândalo dos grampos" veio à tona em uma matéria divulgada pelo Fantástico em maio deste ano. Os nomes das pessoas interceptadas foram inseridos dentro de um relatório da PM sobre suposta investigação de tráfico de drogas. O resultado dessa investigação, porém, não foi informado pelo governo até hoje.
Esse tipo de gravação telefônica clandestina, de pessoas que não são acusadas de crime, é conhecida como “barriga de aluguel”, conforme o ex-secretário estadual de Segurança Pública (Sesp) e promotor de Justiça, Mauro Zaque, autor da denúncia feita sobre o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Grampos
Zaque foi secretário estadual durante o ano de 2015. Naquela época, ele disse que teria recebido uma denúncia do caso naquele ano e que alertou o governador Pedro Taques. Agora, a PGR investiga se Taques sabia do crime e de quem partiu a ordem para as interceptações. O governador, por sua vez, nega que tinha conhecimento sobre o caso.
Segundo consta na denúncia, políticos de oposição ao atual governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas tiveram os telefones grampeados.
Em julho deste ano, o Ministério Público Estadual (MPE) denunciou o ex-comandante da PM, coronel Zaqueu Barbosa, e os coroneis Evandro Lesco e Ronelson Barros (ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar,) o tenente-coronel Januário Batista, e o cabo Gerson Correa Junior por participação no esquema de grampos. Eles foram acusados de ação militar ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação.