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Política Sexta-feira, 31 de Outubro de 2025, 09:18 - A | A

31 de Outubro de 2025, 09h:18 - A | A

Política / Energia elétrica

Audiência pública revela caos no fornecimento de energia em Alta Floresta

Vereadores, MP e empresários relatam quedas, prejuízos e descumprimento de acordos; participação popular foi baixa



Dionéia Martins/ Mato Grosso do Norte

A Câmara Municipal de Alta Floresta realizou na manhã desta quinta-feira, 30, uma audiência pública para debater os constantes problemas no fornecimento de energia elétrica pela Energisa no município e região. Apesar da relevância do tema, a participação popular foi pequena. Estiveram presentes vereadores, representantes do Ministério Público, empresários do setor imobiliário, CDL, setor madeireiro e membros da concessionária.

O objetivo foi reunir relatos, cobrar providências e dar encaminhamento às inúmeras reclamações de quedas prolongadas, oscilações e prejuízos causados pela falta de energia, principalmente na zona rural.
Presidente da Casa, o vereador Francisco Ailton relatou o volume de reclamações que chegam ao Legislativo. Segundo ele, comunidades inteiras chegaram a ficar semanas sem energia.
“É triste ouvir das pessoas uma situação dessas. Empresários perderam carne, sorvete, leite. Produtores rurais perderam todo o leite dos resfriadores. Sem energia não tem água, porque não tem bomba para puxar. Como essa família se mantém?”, questionou.
Ailton criticou o não cumprimento de um acordo firmado com moradores da comunidade Santa Lúcia para realização de um mutirão de limpeza da rede.

O promotor destacou que, apesar de haver inúmeras reclamações informais, poucas chegam à AGER


“Foi feito um acordo, mas não aconteceu. A Quinta Oeste segue com problema crônico: falta energia, ou quando vem, vem com alta voltagem e queima equipamentos. Geladeira nova queima em uma semana. A gente não vê ação para resolver”, afirmou.
O promotor de Justiça, Dr. Danilo Lima, lamentou a baixa participação da comunidade e fez um apelo para que a população rural formalize suas denúncias.
“Estamos em audiência pública, mas onde estão os moradores da zona rural? Sem a população trazendo suas reclamações, não há força probatória. Já existe ação judicial em andamento, mas precisamos de registros para levar ao processo”.
O promotor destacou que, apesar de haver inúmeras reclamações informais, poucas chegam à AGER — agência responsável por fiscalizar a Energisa.
“É simples registrar falta de energia. Em dois minutos se faz pelo aplicativo. Mas são ínfimas as reclamações que chegam à AGER. Se não houver protocolo, não há como penalizar. Orientem as pessoas a registrar todas as quedas e, se não houver solução dentro do prazo, acionar a AGER”.
Representando o setor imobiliário, o empresário Rodrigo Arpini afirmou que a descrença da população em audiências públicas explica parte da baixa participação.
“A gente escuta: ‘não resolvem nada’. Esse descrédito afasta as pessoas. Já tivemos outras audiências, como a da Via Brasil, casa cheia, e a obra segue do jeito que veio, mesmo depois de a população ser contra”.
Arpini apresentou dados de quedas de energia em sua própria residência — 11 apenas entre julho e outubro — e relembrou problemas enfrentados pelo comércio, como o risco de atraso na abertura da Havan.
Ele questionou publicamente promessas feitas pela Energisa em 2024. “Foi anunciado plano de trabalho, investimentos de R$ 15 milhões, folga de 50% na subestação e grupo de trabalho. Onde está esse plano? Foi executado? Quanto foi investido? Quais obras foram concluídas? Quem integra esse grupo? As informações precisam estar públicas.”
O representando a Energisa, Romério Bráz, reconheceu problemas e afirmou que a empresa está tomando medidas.
“De fato, temos um problema no Hamoa. Fomos notificados pelo Ministério Público e já programamos desligamento para obras de melhoria. Sabemos da responsabilidade e vamos executar o que precisa ser feito”.
Sobre a região do setor Sul — citada pelos vereadores — afirmou que as ações estão em andamento.
“O que foi combinado está sendo cumprido. Já retiramos árvores, trocamos isoladores, implantamos postes e estamos organizando o desligamento para ampliar serviços. Talvez a informação não tenha chegado a toda comunidade, mas estamos atuando”.
Romério ressaltou que a subestação local ainda tem capacidade e que obras recentes possibilitam conexão de novas empresas. Ele também reconheceu que muitos problemas são recorrentes especialmente nas áreas rurais, mas reforçou a parceria com lideranças.
Apesar da pouca participação popular, as falas expuseram um cenário de prejuízo socioeconômico, desgaste institucional e cobranças acumuladas sobre a concessionária. O tema segue em análise no Ministério Público e na Justiça.

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