O ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto, admitiu nesta sexta-feira à Justiça que recebeu pagamentos complementares para permanecer no cargo no palácio Paiaguás durante a gestão do ex-governador Pedro Taques (PSDB). De acordo com Permínio, o combinado foi receber o montante de R$ 30 mil líquidos mensais.
Assim, além do salário pago pelo Estado, o então secretário também recebia uma verba mensal para, somada ao salário, resultar no valor desejado. As informações foram prestadas pelo ex-secretário durante depoimento à juíza Ana Cristina Mendes, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
De acordo com a delação de Malouf, os dois receberam mais de R$ 1,7 milhão a mais que o salário de secretário para permanecerem no staff do então governador. Segundo o documento, a Brustolin foram pagos R$ 500 mil apenas para assumir a pasta. Além do “mimo”, ele também passou a receber, mensalmente, o valor de R$ 80 mil, entre janeiro e dezembro de 2015.
Modesto, por sua vez, recebeu o valor mensal de R$ 25 mil nos mesmos meses. No entanto, o empresário não relatou que pagou salários extras para Permínio Pinto
Segundo o ex-secretário, a oferta foi feita no terceiro encontro que teve com o empresário Alan Malouf no escritório do empresário.
Na oportunidade, Allan teria admitido que fez parte da equipe que avaliou os nomes cotados para cada uma das secretarias e que uma das dificuldades foi justamente com relação aos salários, relativamente baixo quando comparado aos rendimentos que os escolhidos já tinham na iniciativa privada. “Ele, Maluf, falou que houve dificuldade de compor o secretariado, porque o salário era baixo, além do caixa que a pasta teria, e afirmou que faria recomposição salarial para mim, para chegar próximo a R$ 30 mil. Pedi um tempo pra pensar”, explicou.
Em seguida, Permínio alegou que, passados alguns dias, próximo ao final de janeiro de 2015, foi novamente procurado pelo empresário, que cobrava uma garantia do então secretário. Para tranquilizá-lo, Malouf teria dito que o esquema protegeria de todas as formas os nomes de ambos, para que, caso descoberto, nunca chegassem aos dois.
Foi neste mesmo encontro que Permínio foi apresentado ao empresário Giovani Guizardi, proprietário da Dínamo Construtora, que mantinha contrato com a Seduc. Ele foi apresentado ao ex-secretário como o responsável por captar recursos junto às empresas que mantinham contrato com a pasta, para que o esquema estivesse em funcionamento e o pagamento das propinas saísse tal qual planejado.
Assim que aceitou a proposta, Permínio teria recebido a orientação de indicar alguém para manter a ponte entre a Seduc e Allan Malouf, repassando informações e procedimentos ao empresário. Permínio então indicou Fábio Frigeri, a quem teceu elogios durante o depoimento, o classificando de se tratar de uma pessoa de sua extrema confiança e profissionalismo.
No dia em que ofereceu a Permínio o pagamento de salário complementar, Malouf teria explicado também que, como os empresários haviam investido na campanha, precisavam recuperar este dinheiro. Permínio afirmou que, em sua delação com o Supremo Tribunal Federal (STF), há planilhas com valores e nomes dos beneficiados, mas que não poderia citar ali para a juíza devido à delação estar sob sigilo.
Outra pessoa com papel destaque no esquema é o empresário Alan Malouf. Em seus depoimentos, Permínio acusou Pedro Taques e o ex-deputado federal Nilson Leitão (PSDB) de integrarem o esquema. Este último, segundo Permínio, ainda praticava o crime de lavagem de dinheiro.