por Rubén Hoyo
Autocosmos.com/México
Exclusivo no Brasil para Auto Press
O BMW i3 contraria a tendência natural do mercado. A cada ano, desde que foi apresentado em 2013, suas vendas aumentam. Na linha 2018, recebeu uma atualização que, entre outras coisas, incluiu uma bateria nova com o dobro do tamanho, que fez a autonomia crescer significativamente. Consequentemente, vendeu 20% a mais em 2019. A verdade é que o BMW i3 representa um conceito que vai muito além da simples eletrificação. A ponto de a fabricante alemã criar uma família independente, chamada de i, para abranger esse tipo de veículo. Todo o processo de fabricação e construção tem uma pegada neutra em carbono. Ou seja, desde a maneira como a fibra de carbono é produzida, a maneira como os couros e as madeiras são tratados no interior e até as peças de revestimento feitas de PET reciclado, cada parte do processo foi projetada para emitir a menor quantidade de gases de efeito estufa.
Além disso, existe um motivo pelo qual o i3, sendo um carro urbano, possui um corpo de fibra de carbono, algo que normalmente associamos exclusivamente aos carros esportivos mais caros. A BMW sabia que um dos principais desafios para aumentar a autonomia de um carro elétrico estava no peso e, como a bateria representa uma parte importante da massa total, mas que não pode ser evitada, era necessário reduzir o peso em outros componentes. O resultado foi o desenvolvimento de compósito de fibra de carbono para construir o módulo para a cabine. Ele é feito a partir de um novo processo que requer menos tempo, energia e custo, em comparação com a fibra de grau aeroespacial dos carros de F1. Por outro lado, todos os componentes mecânicos, como bateria, suspensão e motor, estão alojados em outro módulo abaixo deste módulo da cabine. Ou seja: o BMW i3 é um carro com um conceito de construção mais próxima ao aplicado em supercarro do que em um carro convencional. Se bem que em relação ao preço, não é lá muito convencional. No Brasil, o i3 custa entre R$ 205.950 e R$ 257.950, dependendo da versão. Por conta do dólar inflacionado, está até mais barato que nos Estados Unidos, onde custa entre US$ 44.450 e US$ 51.450, ou entre R$ 255 mil e R$ 295 mil,
Na atualização promovida pela BMW no ano passado, quando criou a versão i3S, praticamente não houve mudanças estéticas. No lado mecânico, porém, a bateria de íons de lítio passou de 33,2 kWh para 42,2 kWh em todas as versões. Na versão S, a potência do motor elétrico foi aumentada para 184 cv e 27,5 kgfm de torque – um adicional de 14 cv e 2 kgfm em relação em relação ao modelo normal, único vendido no Brasil. O conjunto envia a força para o eixo traseiro por meio de uma transmissão de uma velocidade. Isso significa que o BMW i3S é capaz de fazer de zero a 100 km/h em 6,9 segundos na variante puramente elétrica ou 7,7 segundos quando equipado o pequeno motor de dois cilindros de 647 cm³ – o mesmo usado em scooters da marca – que serve como gerador para aumentar a autonomia. Nas versões normais, os números são de 7,3 segundos e 8,2 s. A versão avaliada foi a S com motor auxiliar. Ela recebe o sobrenome REX – do inglês Range EXtended – e tem autonomia aumentada de 224 km normais para 380 km.
A mera ação de entrar na cabine do BMW i3 S é uma experiência diferente e interessante em comparação com outros carros, e isso se deve à configuração das portas traseiras suicidas, o que lhe confere um toque de identidade muito particular. Por dentro, o i3 não se parece muito com outros BMW. Uma grande tela flutuante de 10,25 polegadas e alta resolução é montada no centro superior do painel e é o elemento dominante. Só pode ser controlado pelo sistema iDrive, com um botão giratório entre os assentos. As formas são mais orgânicas que dos BMW clássicos, mas os acabamentos e os materiais utilizados são impecáveis. A parte superior do painel das portas tem um detalhe do mesmo compósito de fibra de carbono usado na construção da cabine, que realmente adiciona ainda mais personalidade ao modelo. Em vez do painel de instrumentos, existe uma pequena tela que fornece as informações relacionadas à autonomia, velocidade atual e quantidade de combustível.
Um detalhe no habitáculo do i3 é que não há console central. E o motivo é, como não há túnel de transmissão, os projetistas decidiram deixar o espaço à frente dos bancos livre e, assim, criar uma sensação de maior amplidão – o que é bem-vindo, já que o i3 é pequeno. Além disso, os passageiros da frente têm um teto panorâmico com cortina para cada um. O banco traseiro é mais confortável do era de se esperar e encaixa perfeitamente a dois adultos – na verdade, o i3 é apenas para quatro ocupantes. Não há assento central na fila traseira, apenas um aplicativo de plástico com um suporte de copo central duplo. Por outro lado, e embora as janelas traseiras não abaixem, a superfície envidraçada é imensa, graças à queda acentuada na linha de cintura a partir da porta traseira.
Impressões ao dirigir
Agilidade sem esportividade
Quando a BMW anunciou a adição de uma versão S do i3 – que ainda não é vendida no Brasil –, a expectativa foi por uma espécie de versão M do i3. Na prática, o BMW i3 S não chega a ser um carro lento, mas não oferece um desempenho que impressione, como ocorre até com outros carros movidos a bateria. Mas o que mais afeta a sensação de espírito esportivo não são as acelerações, que são boas, mas o ajuste da suspensão, muito macio, que permite uma rolagem acentuada da carroceria. Além disso, os pneus muito finos, o que reduz a possibilidade de o i3 S ser divertido.
Mesmo assim, o i3 S tem maneiras de tornar suas viagens mais agradáveis. Primeiro pelo seu tamanho, que permite com que se mova com muita agilidade no trânsito. E depois pela regeneração de eletricidade, em que a BMW usou o conceito de gamificação, ou seja, faz parecer um jogo. Graças a isso, fica irresistível para quem está ao volante calcular quando desacelerar para regenerar mais ou como deve acionar o pedal do acelerador para maximizar o desempenho da bateria.
Embora os números de autonomia não estejam entre os melhores do mercado, não chega a ser dramática. Os 380 km permitem realizar todas as atividades da uma rotina diária normal sem se preocupar com a autonomia. Na prática, é perfeitamente possível usar um carro elétrico diariamente. Um último ponto, falando em qualidade de condução, o BMW i3 S é silencioso e confortável, com um nível de refinamento quase impossível para carros urbanos comuns. Isso é ainda mais notável pois o corpo é feito de fibra de carbono, que tende a transferir muito mais o ruído produzido fora do que o aço ou o a