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Variedades / Versos da Terra

Dia do Poeta e a força da poesia em Alta Floresta e Carlinda

No Dia do Poeta, Mato Grosso celebra seus escritores que transformam o cotidiano em poesia - vozes que mantêm viva a arte de sentir, escrever e emocionar



Dionéia Martins/ Mato Grosso do Norte

Nesta segunda-feira, o Brasil celebra o Dia do Poeta, uma data que vai além da homenagem a nomes consagrados como Drummond, Cora Coralina, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Mário Quintana.

É também o momento de reconhecer aqueles que, longe dos grandes centros, mantêm viva a chama da poesia, transformando o cotidiano em versos.
Em Mato Grosso, a poesia tem raízes profundas. Nos versos nascidos em Alta Floresta e Carlinda, ela ganha sotaque regional, cheiro de terra molhada e o calor humano que só o interior sabe traduzir.

Um dos autores é Valter Figueira, 57 anos, professor e escritor de Carlinda. Com mais de vinte obras publicadas, ele iniciou sua jornada literária ainda na adolescência, inspirado pelas letras das músicas sertanejas que ouvia na infância.
“Escrever era a forma de extravasar e dizer o que sinto”, diz.

Seus livros misturam lirismo e emoção, como em Pássaro Ferido, obra que fala de “paixões não vividas e corações feridos”.

Versos que, segundo ele, nascem do amor — não apenas o romântico, mas o amor pela vida e pelas pessoas que cruzam seu caminho.

foto/ Reprodução

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 Agnaldo Batista de Lima

De Alta Floresta, o poeta Agnaldo Batista de Lima, 56, também carrega na escrita a força das lembranças e das raízes. Filho de leitor de cordel, ele cresceu cercado por narrativas orais e pela musicalidade das palavras.
“Meu pai lia e contava histórias e isso despertou em mim o gosto pela palavra rimada”, conta. Autor de obras como Será, Poesia em Quarentena e Descalços, Agnaldo diz que a pandemia foi o empurrão para publicar seus escritos.
“A poesia sempre esteve comigo, mas foi naquele período de silêncio e incerteza que ela ganhou voz”.

Em seus versos, a natureza, a terra e a condição humana se misturam, como em Secura, poema premiado que denuncia a destruição ambiental e exalta o renascer diário do sol.

foto/ Reprodução

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 José Bonanza da Silva 

Outro nome que enriquece o cenário poético da região é José Mendonça da Silva, 65, cearense radicado em Alta Floresta há mais de três décadas. Herdeiro da tradição nordestina do cordel, ele faz da rima sua marca registrada.
“Desde criança ouvia as leituras de cordel e pensei: por que não escrever também? ”, conta. Hoje, com cinco livros publicados, Bonanza mantém viva essa tradição popular, aproximando o leitor da oralidade e da simplicidade da vida. E lembra que, enquanto houver poesia, haverá também esperança.
Entre versos e vozes, o que une esses poetas é a necessidade de sentir e traduzir o mundo. Em cada linha, o coração que pulsa o ritmo da terra.

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