POR CAROLINE BORGES
TV PRESS
Chandelly Braz marca presença por onde passa. Seja por seu sotaque carregado ou suas opiniões fortes, a atriz de 33 anos precisou desapegar de suas convicções para compreender e compor a aventureira Mariana, de “Orgulho & Paixão”, da Globo. Com uma personagem ingênua nas mãos, Chandelly esconde sua postura assertiva e decidida em cena. “Para mim, é muito diferente compor uma personagem tão delicada, leve e ingênua. É alguém muito oposta de mim e distante do meu dia a dia e pensamento. Afinal, pela primeira vez, estou interpretando uma personagem bem mais nova do que eu. Nunca estive nesse lugar como atriz”, afirma ela, que está em seu primeiro trabalho de época. “É um figurino bem quente e o espartilho aperta muito, mas estou achando o máximo de qualquer forma”, completa.
Na história escrita por Marcos Bernstein, Mariana é filha de Ofélia e Felisberto Benedito, interpretados por Vera Holtz e Tato Gabus Mendes. Apaixonada, a jovem está sempre em busca de um amor forte e explosivo. Após uma desilusão amorosa por Diogo Uirapuru, papel de Bruno Gissoni, ela acaba se interessando pelo Coronel Brandão, de Malvino Salvador, a quem sempre rejeitou por considerá-lo um homem velho e entediante. Porém, ao descobrir que o coronel é na verdade o misterioso Motoqueiro Vermelho, Mariana começa a vê-lo com outros olhos. “A Mariana é uma menina que não espera acontecer. Para a década de 1910, ela é feminista. Claro que deseja casar, mas ela quer escolher e não ser escolhida. A Mariana quer tomar suas próprias decisões, como andar de moto, por exemplo. Ela dá passos muito maiores do que as pernas para a época”, defende.
Inspirada no universo das obras da inglesa Jane Austen, “Orgulho & Paixão” bebe fortemente da fonte de “Orgulho & Preconceito”. Porém, a personagem de Chandelly é, na verdade, a protagonista de “Razão e Sensibilidade” e aparece em alguns momentos do livro mais famoso de Austen. Antes de iniciar as gravações, a atriz cogitou rever os filmes, mas, logo depois, desistiu para não se deixar influenciar pelas atuações dos longas. “Li ‘Orgulho & Preconceito’ com 14 anos e vi filmes há muito tempo. Optei por não assistir a nada de novo porque poderia construir a minha própria Mariana. Uma personagem mais brasileira e tropical. Além disso, quem faz a Mariana é a Kate Winslet. Não tem como não se influenciar”, aponta Chandelly, que é fã das obras da autora. “É uma mulher que escolheu falar sobre mulheres. Não é pouco coisa se você pensar na época em que ela escrevia”, completa.
Mineira, mas criada em Pernambuco desde os sete meses de vida, Chandelly começou sua carreira na tevê de forma tímida ao participar da minissérie “Cruzamentos Urbanos”, do SBT, e do alternativo “Clandestinos – O Sonho Começou”, da Globo. Porém, sua trajetória no veículo despontou ao viver a “periguete” Brunessa na bem-sucedida “Cheias de Charme”. De lá para cá, a atriz encarou personagens de destaque na televisão, como a Marcina de “Saramandaia” e a Maya de “Geração Brasil”. “Ser atriz é uma grande aventura, mas acho que a Mariana é 30 vezes mais aventureira do que eu. Sou a única que saiu de casa e da cidade para mora fora. Vejo minha família uma vez por ano”, compara.