POR ALESSIO SANAVIO
INFOMOTORI.COM/ITÁLIA
O Alpine A110 precisa ser dirigido antes que se faça qualquer julgamento. Como qualquer carro, possui pontos fortes e fracos, mas os primeiros superam em muito os segundos. Pequeno, ágil e fácil de manusear, tem muito bom gosto. À primeira vista, analisando os elementos técnicos, não impressiona ninguém. Pode parecer um carro sem vigor, mas depois de algumas curvas agradáveis, cria um forte elo com que está ao volante. O A110 tem raízes muito profundas, que remontam ao início dos anos 60, quando o mundo dos motores estava turbulento e os primeiros carros decididamente esportivos começaram a aparecer nas estradas. O seu antecessor, o Alpine A108, construído pela Renault usando a base do Gordini, atraiu a atenção da Willys-Overland do Brasil, que já era parceira da marca francesa na fabricação do Gordini e criou em 1962 uma réplica nacional em fibra de vidro. Na França, o A108 era um modelo com visual esportivo, muito leve, com cerca de 600 kg, mas com apenas 53 cv. Foi substituído pelo Alpine A110, que tinha as mesmas linhas, mas com uns detalhes mais agressivos e chegou a ter uma versão com 200 cv na versão de rua e 250 cv na versão para rali. Daí a longa tradição de vitórias e sucessos no mundo das competições internacionais. O modelo que chega aos dias atuais evoca em todos os aspectos essas sensações. Na verdade, o nome é inspirado nas montanhas francesas em homenagem ao prazer de dirigir um carro pequeno e ágil pelas estradas da montanha.
Apesar dessa aparente simplicidade, o Alpine A110 é um elitista, reservado para alguns proprietários que buscam um produto objetivamente bem equilibrado. É comum vê-lo em comparação com o Alfa Romeo 4C, Audi TTS, Porsche 718 ou mesmo BMW M2. Mas a semelhança entre eles se resume a performance e preço – em torno de 60 mil euros – próximo de R$ 370 mil. Só que cada um deles carros tem uma história diferente. E em relação à história, o Alpine leva vantagem. O mesmo 4C, talvez o mais semelhante em termos de dimensões, está em um mundo completamente diferente deste Alpine A110, que tem uma conotação decididamente mais turística. O carro italiano é excessivamente barulhento e talvez até um pouco rígido demais para o uso em longas viagens.
Obviamente, a capacidade total de carga do carro, de 196 litros, não facilita nesta vocação de roadster é surpreendente. O porta-malas dianteiro mal há espaço para um par de malas de bordo. O traseiro tem uma boca tão pequena é só é indicado para mochilas ou bolsas macias. A bordo, então, o espaço é um bem limitado e até os compartimentos de armazenamento das portas estão ausentes, mas como sempre, é preciso apenas se familiarizar. A favor do lado turístico estão os bancos da marca Sabelt, extremamente confortáveis. Eles são ergonômicos e têm abas laterais projetadas que seguram muito bem o corpo nas curvas.
Este A110 Alpine é uma máquina que reinterpreta o passado em uma chave moderna. As semelhanças com o passado são muitas a partir da filosofia: baixo peso, tração traseira e muita agilidade. É claro que existem diferenças: o motor já foi saliente enquanto hoje é mais avançado. Na época, o motor 1.6 litro expressou uma potência notável de 140 cv, hoje existe uma derivação japonesa de 1.8 litro de 252 cv. A caixa de câmbio é automática sempre com embreagem dupla e, ao longo dos anos, o A110 se tornou um carro de dois lugares, diferente da versão original que podia acomodar quatro pessoas. O esportivo consegue reviver todo o charme dos cupês antigos, incluindo o grande prazer de dirigir.