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Variedades Sexta-feira, 13 de Março de 2020, 00:00 - A | A

13 de Março de 2020, 00h:00 - A | A

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Questão de adaptação



por Geraldo Bessa

TV Press

Por trás da voz grave e do jeitão sério de Milhem Cortaz existe um sujeito brincalhão e que se emociona muito facilmente. No ar como o irredutível Matias de “Amor de Mãe”, o ator encara o choro e o riso de um homem em plena desconstrução do machismo para salvar seu casamento. “É um assunto atual e está sendo tratado de forma muito realista. Acho que, se ainda existe esperança para o amor, tudo é válido. É um momento de adaptação do homem e o personagem representa isso de forma muito legal, como um aprendiz mesmo”, explica Milhem.

Paulistano descendente de árabes e italianos, Milhem se descobriu ator cedo. Aos 11 anos, atuou ao lado do falecido Walmor Chagas no teatro. Algumas peças e cursos depois, tornou-se um ator badalado no cinema, onde esteve em produções como “Carandiru”, “O Cheiro do Ralo” e no sucesso “Tropa de Elite”. Paralelamente, teve pequenos papéis em produções da Globo e do SBT, até ser contratado pela Record, onde se destacou em novelas como “Cidadão Brasileiro”, “Chamas da Vida” e “Os Dez Mandamentos”. Após 12 anos de vínculo, em 2017, Milhem optou por não renovar seu contrato. Em seguida, assinou com a Globo, onde esteve em produções como “Ilha de Ferro” e “O Sétimo Guardião”. “Costumo viver todas as fases da minha carreira de forma intensa. Estou gostando das propostas que estão surgindo na Globo. A continuidade desse vínculo me mostra que estou trilhando um caminho legal”, analisa.

P - Em 2018, você assinou com a Globo por obra para atuar em “O Sétimo Guardião”. Você se surpreendeu ao, em seguida, ser chamado para “Amor de Mãe”?

R - Terminei a novela do Aguinaldo (Silva) muito feliz de estar na emissora. Como não sou de ficar parado, já estava começando a buscar projetos no cinema quando surgiu o convite para viver o Matias. Nem pensei duas vezes. É um personagem com conflitos cômicos e dramáticos muito interessantes. Além disso, discute questões de machismo e masculinidade de forma muito atual.

P - Por conta do uso de calcinhas e do ciúme no casamento, o Machado de “O Sétimo Guardião” também abordava o universo masculino de forma atual. Com o fracasso da trama anterior, você encara o Matias como uma segunda chance de abordar o tema?

R - São dois personagens tentando se encontrar e superar problemas em seus relacionamentos. Mas o tratamento é totalmente diferente. O Matias vai por um caminho muito mais realista. E acho que é isso que diferencia ele do tom um pouco mais exagerado do Machado. Encaro esses trabalhos como duas visões sobre a mesma questão. Honestamente, não vejo “O Sétimo Guardião” como a novela “flopada” que todo mundo fala.

P - Acredita que foi um sucesso?

R - No meu ponto de vista, sim (risos). Construí minha carreira à margem da Globo. Geralmente, os atores começam por aqui e depois vão para a Record ou fazer cinema. Comecei nos filmes e passei pouco mais de década na Record para depois receber um convite para trabalhar de fato na Globo. Estava acostumado a comemorar oito pontos no Ibope. Fiz novelas por lá que, quando davam 17 pontos, eram consideradas um megassucesso. Então, estar em uma obra com média geral de 29 pontos é bem legal. Fora que a Globo me dá muito suporte para trabalhar.

P - Em que sentido?

R - O período de pré-produção das novelas é incrível. Estou interpretando um médico e tive acesso a alguns profissionais da área que me ajudaram muito para criar o “estofo” do Matias. Também passei alguns dias observando o cotidiano de hospitais, vendo de perto a relação - por vezes, injusta - entre o povo da medicina, que se consideram no topo dentro desse sistema, e as outras profissões do setor de saúde. Essa questão do poder e da egolatria entre os médicos é bem definida no meu personagem, por exemplo.

P - O fato de a Globo ter um alcance maior mudou sua relação com o público?

R - Por muitos anos o contato com as pessoas na rua se deu por conta de “Tropa de Elite”. Esse longa é um fenômeno e até hoje tem muita gente vem falar comigo por causa do Fábio. Atualmente, além dos fãs do filme, recebo o carinho de quem está ligado na trama das nove. Então, são crianças, mulheres, homens, idosos, jovens. Um público bem heterogêneo que eu espero que também acompanhe minhas futuras aventuras no cinema (risos).

Amor de Mãe” - Globo - de segunda a sábado, às 21h.

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